Coronavírus

Baiana retida na Turquia relata luta para voltar ao Brasil

Arquivo pessoal
Cerca de 70 brasileiros tentam repatriação do país há mais de um mês  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 22/04/2020, às 17h23   Léo Sousa


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Há um mês e meio, a baiana de 23 anos Ramaine Moraes luta para regressar da cidade de Ancara, na Turquia, para o Brasil. Assim como ela, que vive há seis meses no país, cerca de 70 brasileiros em território turco estão na mesma situação.

Com mais de 96 mil casos confirmados do novo coronavírus e registrando uma média de 4.500 novos casos por dia, a Turquia é o sétimo país do mundo com mais pacientes infectados pela doença. Inicialmente defendendo o isolamento vertical, com restrição de circulação apenas a idosos, crianças e adolescentes, diante da crise, o governo comandado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan endureceu a quarentena no país.

"Estamos levando uma severa quarentena, pelo menos na cidade que eu moro. Nos finais de semana, tudo fecha, ninguém pode sair. E agora as medidas estão começando a ficar mais restritivas. A gente não vai poder sair de quinta a domingo", descreve Ramaiane.

Ela conta ainda que a população não sabe as estatísticas de casos da doença por cidade, apenas o número geral, que o governo divulga. A falta de transparência, além de perseguições a jornalistas e políticos de oposição, tem gerado críticas às tendências autoritárias do presidente turco. 

Segundo a baiana, os brasileiros estão em contato frequente com o consulado e a embaixada do Brasil no país para pedir a repatriação. "Nós estamos pedindo, suplicando diariamente, mas infelizmente eles não têm retorno. A única posição que eles nos dão é que eles podem encaminhar as nossas mensagens e solicitações para o governo, mas quem decide isso é em Brasília. E assim, nós estamos indo para o nosso segundo mês de quarentena...", ela diz.

Dançarina que faz shows brasileiros, a soteropolitana tem enfrentado dificuldades para se manter, já que, devido às medidas de isolamento, não pode trabalhar.

Ela conta que tem recebido ajuda de amigos, além de um auxílio do governo brasileiro, que pode chegar a 500 liras turcas (aproximadamente R$ 385), dependendo do caso. "O pouco que a gente tem a gente está se virando. Racionando mesmo o que tem pra fazer, tentando diminuir os gastos, os custos, pra poder se manter até o governo mandar esse avião para a gente", disse ao BNews.

Em postagem feita na segunda-feira (20) no site oficial, a embaixada do Brasil em Ancara e o consulado-geral brasileiro afirmam que estão realizando levantamento para estudar a viabilidade de um voo comercial de Istambul para São Paulo. Segundo o comunicado, o preço da passagem e a própria realização do voo dependerão do número de viajantes que responderem ao formulário divulgado.

De acordo com a Secretaria de Relações Internacionais da Câmara, em 15 de abril, 5.485 brasileiros aguardavam repatriação no exterior. Até esta data, 13.250 haviam conseguido retornar ao país, segundo revelou reportagem do Nexo.

"A Europa já recebeu um avião, o pessoal da Indonésia já recebeu, que saiu, por sinal, essa semana. No Egito também... Tinha um grupo de amigos, que trabalham no mesmo ramo que a gente, de artista, eles já foram repatriados. E a gente que tá aqui na Turquia, ainda não tem nenhuma resposta", lamenta a brasileira.

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