Coronavírus

“Quero trabalhar, mas não quero morrer de coronavírus", diz enfermeiro após surto de Covid-19 no Hospital Prohope

Reprodução/ Leitor Bnews e Google Maps
Dois profissionais já morrem por Coronavírus na Bahia  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Leitor Bnews e Google Maps

Publicado em 01/05/2020, às 07h00   Redação BNews



Após verem em duas semanas mais de 16 profissionais de saúde serem afastados por contaminação e suspeita do novo coronavírus, alguns funcionários do hospital particular Prohope, no bairro de Cajazeiras, em Salvador, tem pouco a comemorar neste Dia Internacional do Trabalho, nesta sexta-feira (1º). 

Os colabores convivem com o medo e a tensão de serem as próximas vítimas do novo vírus no ambiente de trabalho. “Quero trabalhar, mas não quero morrer de coronavírus. Cada vez que retorno para o hospital penso se  vamos enfrentar esse quadro de falta de adequação que gera alto risco novamente. É difícil tentar salvar vidas assim”, relata  em anonimato, um dos colaboradores do hospital.

Os profissionais denunciaram ao BNews um surto de coronavírus na unidade particular de saúde que teve o estopim após o recebimento de 21 leitos de UTIs. Três pacientes que testaram positivo para a Covid-19. 

A falta de EPI´s adequados e parte das instalações hospitalares não estarem recomendadas pelas autoridades de saúde são apontados pelos prestadores de serviço como as possíveis causas do aumento expressivo de profissionais infectados.

“Como funcionários de saúde pode dar banho de leito nos pacientes com coronavírus sem que o avental seja impermeável? Quando o hospital recebeu os pacientes infectados com o novo vírus ainda não tinha quartos  isolados de forma adequada,  e eles ficaram em UTis  sem isolamento. Aí começou a um trabalhador manifestar o sintoma de gripe e febre, depois três, quatro até que chegou a 16 profissionais afastados por contaminação confirmada de coronavírus através de testes ou com sintomas”, alerta outro funcionário que preferiu anonimato.

A reportagem do BNews entrou em contato com o Hospital Prohope, na quinta-feira (30) e funcionários que trabalhavam na unidade confirmaram o afastamento dos colegas de equipe por Covid-19.

EPI’s racionados 

Outra trabalhadora do Hospital Prohope fez um alerta a restrição ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). “Quando as máscaras N95 – recomendadas para profissionais de saúde-, foram distribuídas na unidade, elas foram liberadas com restrições.  Usar a mesma máscara por sete plantões, para não faltar. Temos que retirar o equipamento com cuidado para não contaminá-la. E as máscaras ficam juntas umas com as outras. É um erro grave”, disse. [veja foto abaixo da situação]

Os funcionários contaminados pela Covid-19 no Hospital Prohope aumentam as estatísticas dos  203 profissionais de saúde na Bahia infectados com o novo vírus, segundo o último boletim da Sesab divulgado no dia último dia 30. Quadro agravado pelos dois profissionais de saúde, ambos do Hospital Santo Antônio, que perdem a vida durante a guerra contra o coronavírus.

“ Faço meu trabalho por que amo, mas tenho família. Estou infectado por coronavírus em casa. E pensando se vou voltar ao trabalho. A vida vem primeiro que o trabalho”, relatou emocionado um dos profissionais de saúde do hospital que foi testado positivo para a Covid-19.

Hospital e secretaria de Saúde de Salvador se pronunciam

A reportagem entrou em contato com um dos representantes do  Hospital Prohope, o diretor de marketing, Joilson Oliveira Matos, que confirmou os 16 funcionários afastados por confirmação ou suspeita da Covid-19.

Apesar do quadro, ele afirma que segue os protocolos de segurança, para atender os pacientes e profissionais de saúde com segurança. E que  um novo centro para receber doentes de coronavírus foi construído há cerca de 30 dias. Ainda de acordo com o direto, os leitos que tinham pacientes de Covid-19 estavam preparados para receber os pacientes.

Ainda de acordo com o representante da unidade particular de saúde, o afastamento dos 16 funcionários de saúde se deve a contaminação cruzada – quando um profissional se contamina em outra unidade de saúde -, ou até comunitária – onde não é descoberta a origem da infecção.

Questionada, a secretária de Saúde de Salvador informou que vai averiguar as denúncias.

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