Coronavírus

Profissionais da Saúde rebatem declaração de secretário sobre suposta sobra de médicos na Bahia

Vagner Souza/BNews
Comentários sobre a publicação do titular da Saúde nas redes sociais cobram pagamentos de salários em dia e fornecimento de EPI's  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 14/05/2020, às 13h52   Redação


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Após o secretário estadual da Saúde Fábio Villas-Boas utilizar as redes sociais para reclamar da falta de médicos inscritos para trabalhar em UTI, nesta quarta-feira (14), profissionais da Saúde reagiram ao comentário e fizeram cobranças à gestão da pasta. Ao reforçar que a convocação de médicos com experiência estava aberta por meio de edital e informar remunerações entre R$ 12 mil e R$ 19 mil, Villas-Boas encerrou a publicação dizendo: "Depois dizem que tem médicos sobrando na Bahia".

Nos comentários em resposta à postagem do titular da Saúde estadual surgem cobranças de pagamentos de salários atrasados, denúncias de falta de equipamentos de proteção individual (EPI's) e suposições de que o governo aproveitaria o contexto para contratar médicos estrangeiros ou sem o devido registro no Conselho da categoria.

"Gostaria de ver uma cópia do contrato. Estou cansado de ver esses anúncios de vinte, trinta mil que na hora se transforma em muito menos da metade, e a ser pago meses depois, quando são pagos", diz uma das reações. Entre outras queixas, o comentário continua: "O senhor esperaria que estalaria os dedos e mil médicos com experiência em medicina intensa largassem tudo e fosse trabalhar para o governo? Todos sabem do também do desejo do consórcio NE (Nordeste) em trazer "médicos" recém-formados sem revalidação de países os quais eles sequer podem atuar para resolver o problema de medicina intensiva no Brasil".

Outra reação à publicação comenta: "...sugiro, primeiramente, pagar os médicos que estão com seus salários atrasados em face a uma pandemia. (...) Em segundo lugar, sugiro contratações e condições de trabalho dignas: nos forneçam EPI's, o que não está acontecendo, e não apenas nos larguem nas UTIs expostos ao risco de contaminação (...). Trabalhar sem contratos que nos garantam o recebimento dos salários e sem condições dignas não nos passa credibilidade alguma".

Um dos comentários sugere que a maior parte das contratações é realizada sem a garantia de direitos trabalhistas. "Pq vc não fala que os médicos são quase na sua totalidade contratados por pessoa jurídica, sem direitos trabalhistas, e se, diante da clara exposição a que se submetem, se ficarem doentes, perderão além desse trabalho, todos os outros que porventura tenham conseguido manter durante a pandemia? Apesar disso, estou inscrita pq fiz medicina para ser útil de alguma forma (...) só temo muito por correr o risco de, caso algo me aconteça, deixar meus próprios familiares desassistidos".

Até a publicação desta reportagem, o BNews não havia conseguido contato com o secretário Fábio Villas-Boas. A assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde ainda não respondeu aos questionamentos

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