Coronavírus

Donos de bares reivindicam ajuda do poder público para sobreviver a toque de recolher

Vagner Souza/BNews
Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 17/02/2021, às 18h50   Luiz Felipe Fernandez


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Com o aumento do número casos e mortes por Covid-19 em todo o estado, com UTI's com 100% de lotação e pacientes sendo realocados para outros municípios, o governador Rui Costa (PT) determinou o toque de recolher em quase toda a Bahia, válido a partir desta sexta-feira (19). 

A medida vai afetar, entre tantos setores, o de bares e restaurantes, frequentados principalmente à noite. O decreto que vale por sete dias proíbe a circulação de pessoas das 22h às 5h, exceto para aquelas que trabalham em serviços essenciais.

O BNews conversou com proprietários e gerentes de diferentes estabelecimentos da cidade para saber quais as perspectivas para esta próxima semana. 

Eles cobram do poder público maior atenção à classe, como por exemplo com a isenção de taxas e impostos para garantir a sobrevivência financeira, e também a preocupação em avisar com antecedência aos comerciantes de medidas como o toque de recolher, que impactam na rotina dos abres e restaurantes.

Na Pituba, na Vila Jardim dos Namorados, o coordenador do espaço e gerente do restaurante Espetto Baiano disse que mais uma vez o local está preparado para se adequar à condição imposta pelo governo. 

O empresário, contudo, lamenta que mais uma vez tenham sido avisados de última hora. "O problema é que o aviso chega muito em cima", afirmou em entrevista ao BNews. 

Kel explica que para que os seus funcionários consigam pegar o ônibus até às 22h30 - horário limite estabelecido pelo governo - será preciso começar a fechar o estabelecimento ao menos 1h antes. 

Ele se diz preocupado também com aqueles que moram em locais distantes do bairro e admite que planeja abrir o restaurante mais cedo, para tentar aproveitar o horário de almoço, apesar de reconhecer que a maior parte da clientela frequenta o local à noite.

No Imbuí, bairro conhecido pelos quiosques e bares que agitam a vida noturna no local, a preocupação também é grande. Nívia Andrade, proprietária do Portal do Imbuí, prevê um novo "caos".

"Vai ser outro problema para funcionários, fornecedores, tudo de novo. Esperamos que nesses 7 dias consiga melhorar alguma coisa pra que a gente possa trabalhar", diz a empresária, que lembra que esta próxima semana é de pagamento de impostos e INSS dos funcionários, portanto crucial para a saúde financeira do bar.

Segunda Nívia, no caso do Portal do Imbuí, não vale a pena abrir mais cedo. "Não adianta abrir 9h, 10h, não vai ter cliente", destaca.

Ela reclama da falta de ajuda dos governos federal, estadual e do município, que na sua visão não se prepararam para ajudar os pequenos empresários. De acordo com a proprietária, o adiamento do pagamento da conta de luz e outras taxas, determinado no início da pandemia, não resolveu o problema, já que agora as contas começam a chegar de vez e se acumularem.

"Em relação aos impostos está faltando sim [ação do poder público] principalmente ao pequeno, para os grandes empresários não, tiveram até muito mais. Paraos ´pequeno empresário não chegou. A conta de energia veio com juros, o Simples Nacional veio tudo de vez. Claro, estamos em uma pandemia, temos que dar prioridade, está certo, está corretíssimo, mas o que o governo está fazendo para os pequenos empresários, que vive do dia a dia, de uma cerveja, de um prato de comida, de um delivery? Energia cara, comida cara, tudo caro, como a gente vai segurar, o que vai poder fazer?", questiona.

Cristiano Oitavém, gerente do quiosque Tô em Belle, também no Imbuí, diz que o bar que hoje funciona até às 00h, de acordo com normas da Prefeitura de Salvador, só deve funcionar até às 21h, para que dê tempo dos funcionários arrumarem o local e conseguiram voltar para a casa.

O funcionário também cobra do governo maior atenção aos comerciantes, que se veem sem "perspectiva" diante do toque de recolher que vai restringir o funcionamento por, pelo menos, uma semana.

"A gente espera que o governo entre com algum apoio para os comerciantes. Na realidade, a gente fica sem saber o que vai fazer, sem perspectiva de faturamento, nós temos os funcionários, fica complicado. Infelizmente estamos passando por essa situação de pandemia, nós temos que nos adequar ao novo normal", pondera.

A fisioterapeuta Manuela Ferreira, que aproveitou a tarde desta quarta-feira (17) para ir a um dos bares do Imbuí com outras duas amigas, diz que "aparentemente" não tem nada de "positivo" na medida do Governo da Bahia. 

Segundo ela, o governo deve analisar se a norma restritiva de fato teve um impacto positivo na contenção de novos casos da doença. A fisioterapeuta reconhece o impacto do fechamento na economia, mas ressalta que é preciso respeitar as normas caso ainda seja "necessário".

"Eu acho que eles estão fazendo para fazer algum estudo porque visivelmente não aparenta que seja realmente positivo, que venha a reduzir realmente, mas eu acho que o governo está fazendo um estudo e vendo se vai ter um impacto positivo para a pandemia. Economicamente já está tendo um impacto muito grande e isso vem, realmente, a dificultar mais ainda essa parte do comércio, mas se ainda é necessário por conta da saúde, vamos fazer", conclui.

Classificação Indicativa: Livre

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