Coronavírus

Comerciantes de cidade do Goiás decidem decretar lockdown por conta própria

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Segundo ela, os empresários se manifestaram espontaneamente nos grupos e organizaram uma lista  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 10/03/2021, às 10h36   Redação BNews


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Um grupo formado por mais de 50 empresários e comerciantes da cidade de Alto Paraíso de Goiás (GO), na Chapada dos Veadeiros, decidiram por conta própria adotar um "lockdown voluntário" em meio ao agravamento da pandemia no país e à sobrecarga do sistema de saúde na região.

Uma das principais motivações é que a cidade do Goiás não dispõe de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e a rede hospitalar nos municípios vizinhos está saturada.

A suspensão espontânea das atividades na cidade goiana começou nesta segunda (8) e vai até o próximo dia 21. O período é o mesmo estabelecido em decreto assinado pela prefeitura em 2 de março, que previa paralisação dos serviços não essenciais. Três dias depois, no entanto, a administração municipal flexibilizou as medidas de restrição e adiou o fechamento de estabelecimentos. Segundo o decreto, hotéis e pousadas, por exemplo, estão autorizados a funcionar com 65% da capacidade.

Em Goiás, a taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados a Covid-19 é superior a 99%. Já no Distrito Federal, cerca de 90% desses leitos estão ocupados, com o índice excedendo 92% se considerados apenas os leitos adultos. Os dados se referem ao balanços mais recentes divulgados pelas respectivas Secretarias de Saúde de cada estado. A cerca de 230 km de distância, Alto Paraíso de Goiás fica mais perto de Brasília do que da capital Goiânia.

A atitude foi adotada após pressão de uma associação de empresários locais, que se reuniu com o prefeito Marcus Rinco (DEM) e integrantes do Ministério Público do Goiás. Um grupo de donos de pousadas e agências de turismo que já havia cancelado reservas decidiu levar o lockdown adiante e foi seguido por outros proprietários de negócios do município. A iniciativa descentralizada se consolidou por meio de grupos de aplicativo de conversas.

A administra a Pousada Veadeiros e a agência de turismo EcoRotas, Heloísa Corazolla, fez 17 reagendamentos desde que a prefeitura anunciou a paralisação. Mesmo com a revisão do decreto, ela comunicou que permaneceria com as portas fechadas durante as duas semanas previstas.

"Como cidadã de Alto Paraíso, tenho pais idosos que vivem aqui na região, me preocupo muito com a situação da saúde do estado. Anunciei em todos os grupos e a meus clientes que manteria o fechamento das minhas empresas pelos 14 dias determinados. Considero que é uma situação muito crítica em nosso estado e não tem como pensar em turismo do jeito que está. É realmente muito preocupante", disse Corazolla.

Segundo ela, os empresários se manifestaram espontaneamente nos grupos e organizaram uma lista daqueles que iriam aderir ao lockdown de modo independente. Entre eles, estão donos de pousadas, agências de turismo, restaurantes e lojas, que suspenderam suas atividades ou deram férias coletivas no período.

"A maioria da população local, como acontece no país, não segue corretamente os protocolos de segurança. A gente está exposto a um altíssimo risco de contágio. E, como o sistema de saúde do nosso estado não tem capacidade de nos atender, não tem outra opção a não ser fechar", afirmou a empresária, que ainda não calculou quanto deixará de faturar. "Não abri meu sistema financeiro para não chorar", desabafou. A apuração é da Revista Época.

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