Coronavírus
Publicado em 23/03/2021, às 15h20 Redação BNews
O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) usou suas redes sociais na tarde desta terça-feira (23) para propagar um discurso seu em que volta a atacar a utilização do lockdown - medida de confinamento total de indivíduos - como estratégia para conter o contágio do novo coronavírus.
Na fala, feita em um contexto institucional, e compartilhada em seu perfil no Instagram, Bolsonaro descontextualiza o que foi anteriormente dito por um representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a adoção do lockdown. Ato de Bolsonaro acontece após a OMS voltar a manifestar especial preocupação com o avanço da pandemia no Brasil na última segunda-feira (22).
Na ocasião, o presidente lê o seguinte trecho traduzido de uma entrevista dada pelo enviado especial da OMS, David Nabarro, ao jornal The Spectator em outubro de 2020:
"Portanto, realmente, apelamos a todos os líderes mundiais: parem de usar o lockdown como seu método de controle primário. Desenvolvam sistemas melhores para fazê-lo, trabalhem em conjunto e aprendam uns com os outros. Mas lembrem-se: lockdown tem apenas uma consequência que você nunca deve diminuir: isso está tornando pessoas pobres muito mais pobres".
Após ler o trecho da fala de Nabarro, Bolsonaro se queixa de ser chamado de negacionista através de um discurso que ele diz ser agressivo por muitas vezes. "Respeite a ciência. Não deu certo. Não estou afrontando ninguém. Tô seguindo aqui o que diz a OMS", afirma.
Contudo, o presidente desconsidera que na mesma entrevista ao The Spectator, Nabarro afirma que o lockdown pode ser usado sim para frear o contágio em situações críticas - opinião compartilhada também pela entidade da qual faz parte.
"O único momento em que acreditamos que o lockdown seja justificável é para ganhar tempo de reorganizar, reagrupar e equilibrar recursos e proteger seus profissionais da saúde que estão exaustos", disse o enviado especial da OMS na mesma ocasião.
WATCH: Dr David Nabarro, the WHO's Special Envoy on Covid-19, tells Andrew Neil: 'We really do appeal to all world leaders: stop using lockdown as your primary control method'. Watch the full interview here: https://t.co/XLdaedsKVS#SpectatorTV@afneil | @davidnabarropic.twitter.com/1M4xf3VnXQ
— The Spectator (@spectator) October 9, 2020
Desde o ano passado, a declaração de Nabarro é usada nas redes sociais por apoiadores do presidente como suposta evidência de que a OMS seria contrária ao lockdown.Tanto que agências de checagem de fatos como a Lupa - associada à revista Piauí -, Mural e Estadão Verifica - do jornal Estado de São Paulo - a escreverem sobre o tema no ano passado.
Uma visita ao site oficial da OMS também ajuda a concluir que a OMS cita o lockdown entre medidas capazes de frear a disseminação do Sars-Cov-2. Em sua página oficial, editada em língua inglesa, a OMS reconhece que a medida afeta grupos sociais de forma desproporcional.
O posicionamento consta no tópico “What is WHO’s position on ‘lockdowns’ as a way of fighting COVID-19?” (ou, em tradução livre: “Qual a posição da OMS sobre o lockdown como uma forma de lutar contra a Covid-19?).
"Medidas de distanciamento físico em grande escala e restrições de movimento, muitas vezes referidas como "lockdowns", podem retardar a transmissão da covid-19, limitando o contato entre as pessoas. No entanto, essas medidas podem ter um impacto negativo profundo sobre os indivíduos, comunidades e sociedades, ao trazer a vida social e econômica quase a uma paralisação", reconhece.
Para a OMS, governos que implantam lockdown devem aproveitar ao máximo o tempo extra concedido pela medida para desenvolver capacidades de rastrear o vírus em membros da comunidade, isolando aqueles que testam positivo e cuidando de todos os casos.
Há uma semana, um estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o Brasil passa pelo "maior colapso sanitário e hospitalar da história".
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