Justiça

Lava Jato sabia há 3 anos de acusações que levaram ex-Braskem à prisão nos EUA

Folhapress
José Carlos Grubisich foi preso na última semana, em Nova Iorque  |   Bnews - Divulgação Folhapress

Publicado em 25/11/2019, às 06h19   Redação BNews


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O ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich, preso na última quarta-feira (20), em Nova York, acusado de ter criado caixa dois na empresa, já havia sido delatado pelo mesmo motivo para o Ministério Público Federal (MPF). No entanto, a informação não chegou a gerar, à época, denúncia contra ele no Brasil.

Grubisich foi acusado de ter sido responsável pela criação do caixa dois da companhia, o que está previsto no acordo de leniência da Braskem, firmado em dezembro de 2016 com o MPF. Nos Estados Unidos, o executivo foi denunciado pelo DoJ (Departamento de Justiça americano) em fevereiro deste ano.

A denúncia contra Grubisich no Brasil pode levar a questionamentos sobre a ação penal que condenou, em 2016, Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo e também ex-presidente do conselho de administração da Braskem, a 19 anos de prisão.

O baiano foi acusado pela Lava Jato de negociar propinas da Braskem com a Petrobras em troca de contratos, acusações que foram negadas por ele. Segundo Marcelo, as acusações envolvendo a Petrobras tratavam de fatos ocorridos antes de ele assumir o conselho de administração da companhia, em 2008.

Ao reconhecer o envolvimento de Grubisich, parte dos argumentos utilizados para a condenação do empresário e também embasar questionamentos sobre a permanência de seu caso sob o escopo da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba podem ser colocados em dúvida.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), apenas denúncias ligadas à Petrobras poderiam ficar com a Lava Jato de Curitiba. A informação de que a Braskem tinha o seu próprio departamento para tratar de propinas aparece em um dos anexos do acordo de leniência.

A empresa afirma que, ainda em 2006, Pedro Novis, então presidente do conselho de administração da petroquímica, foi procurado por Grubisich, na época presidente da Braskem. Grubisich, segundo o relato, expôs a necessidade de criação de um mecanismo de caixa dois.

O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Grubisich, afirmou que o executivo foi surpreendido com a prisão, uma vez que as autoridades no Brasil nunca levantaram as suspeitas apresentadas pelos investigadores nos EUA.

“Há acusações absolutamente inéditas, novas. Os fatos em princípio têm a ver com práticas ocorridas no Brasil, investigadas pela Lava Jato, em relação às quais ele [Grubisich] nunca foi denunciado”, declarou.

“Ele já constituiu advogado para acompanhar o processo nos Estados Unidos e sua prisão, similar à nossa preventiva, decorre do fato de ser estrangeiro, o que causa estranheza, já que ele não responde no Brasil pelos fatos que lhe são imputados pela corte americana”, disse em nota o advogado.

Quando a ausência de denúncia de caixa dois contra Grubisich no Brasil, a força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal do Paraná disse que o volume de informações conseguido com os acordos de leniência é elevado, e cada investigação tem um ritmo próprio de apuração.

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