Justiça

José Dirceu não participou do mensalão, conclui Lewandowski

Imagem José Dirceu não participou do mensalão, conclui Lewandowski
Ministro STF alega que não há provas da participação de Dirceu na distribuição de dinheiro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 04/10/2012, às 18h07   Redacão Bocao News


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O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu foi inocentado nesta quinta-feira (4) da acusação de corrupção ativa pelo revisor da Ação Penal 470, Ricardo Lewandowski. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que não há provas da participação de Dirceu na distribuição de dinheiro a políticos da base aliada ao governo entre 2003 e 2004, esquema conhecido como mensalão.  

“Não afasto a possibilidade de que José Dirceu tenha de fato participado desses eventos, não descarto que foi até mentor da trama criminosa, mas o fato é que isso não encontra ressonância na prova dos autos”, disse Lewandowski, que criticou o trabalho do Ministério Público Federal (MPF), classificando as imputações como “políticas muito mais que jurídicas”.

O revisor desqualificou o depoimento do presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, o primeiro a envolver Dirceu no mensalão, afirmando que ambos são “inimigos figadais”. Por outro lado, destacou depoimentos de petistas, que, segundo ele, deram prova “torrencial e avassaladora” que Dirceu se afastou da administração do PT quando assumiu cargo de ministro da Casa Civil. “Supor que, nos bastidores, [Dirceu] estivesse manejando os cordéis deste teatro de fantoches é uma possibilidade, mas não é uma realidade processual”.

De acordo com Lewandowski, os depoimentos colhidos comprovam ainda que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares agia com “total autonomia” e que Dirceu não sabia dos empréstimos fraudulentos e da distribuição de dinheiro a parlamentares. O ministro também entendeu que sequer ficou comprovado o papel de articulador político de Dirceu. Como exemplo, citou a reforma da Previdência, que, segundo Lewandowski, foi negociada no Congresso Nacional pelo então ministro da Previdência Ricardo Berzoini.

O revisor ainda argumentou que não há prova cabal da relação íntima entre Dirceu e Marcos Valério e nem de que Dirceu influenciou a indicação de pessoas no governo em troca de vantagens financeiras a parlamentares. Para o ministro, as conclusões para incriminar o réu são embasadas em ilações e em depoimentos de “ouvir dizer” e há vários outros depoimentos que dizem justamente o contrário.

O revisor argumentou que o fato de Jefferson ser "inimigo declarado" de José Dirceu "reforça a imprestabilidade do seu depoimento" e citou a frase de Jefferson, repetida pela imprensa, na qual ele diz: "Eu salvei o Brasil de José Dirceu". Para o ministro, o depoimento de Jefferson não deve ser considerado para condenação Dirceu, já que, na situação de réu, ele pode mentir em sua defesa.

Durante praticamente todo o voto de Lewandowski, o ministro-relator, Joaquim Barbosa, esteve fora do plenário.

Confira placar parcial da segunda metade do Capítulo 6, que trata do crime de corrupção ativa entre políticos do PT e PL e no núcleo publicitário:

1) José Dirceu: 1 voto a 1 (Condena: Joaquim Barbosa / Absolve: Ricardo Lewandowski)

2) José Genoíno: 1 voto a 1 (Condena: Joaquim Barbosa / Absolve: Ricardo Lewandowski)

3) Delúbio Soares: 2 votos pela condenação

4) Anderson Adauto: 2 votos pela absolvição

5) Marcos Valério: 2 voto pela condenação

6) Ramon Hollerbach: 2 votos pela condenação

7) Cristiano Paz: 2 votos pela condenação

8) Rogério Tolentino: 1 voto a 1 (Condena: Joaquim Barbosa / Absolve: Ricardo Lewandowski)

9) Simone Vasconcelos: 2 votos pela condenação

10) Geiza Dias: 2 votos pela absolvição

Classificação Indicativa: Livre

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