Justiça

Defensorias da BA e do RS protocolam notícia-crime e pedem cassação de vereador por fala xenofóbica contra baianos

Bianca Prezzi/ Câmara Caxias
O vereador "Sandro Fantinel não conhece a nossa cultura, mas vai conhecer agora a nossa cultura jurídica”, afirma a defensora pública  |   Bnews - Divulgação Bianca Prezzi/ Câmara Caxias

Publicado em 01/03/2023, às 19h13   Cadastrada por Letícia Rastelly


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Depois de ser expulso do Patriota, partido ao qual fazia parte, o vereador Sandro Fantinel deve sofrer mais uma consequência relativa as falas xenofóbicas ditas na terça-feira (28), na Câmara Municipal de Caxias do Sul, ao fazer referência aos baianos: As Defensorias dos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul elaboraram e protocolaram uma representação pedindo a cassação de seu mandato.

O documento, elaborado nesta quarta-feira (1º), já foi entregue a Comissão de Ética da Câmara de Caxias de Sul, e nele os defensores pedem que “seja determinada a notificação do vereador para que apresente sua defesa e que, ao final, após análise do mérito, seja determinada a cassação do mandato, ante a conduta configuradora de violação do decoro parlamentar e tipificada como crime de racismo na Lei federal nº 7.716/89, bem como, nos termos da legislação vigente pertinente”.

Além do pedido de cassação, os defensores também protocolaram uma notícia-crime solicitando que sejam adotadas providências por parte do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) em relação ao político. A medida ocorre por ter conexão aos fatos que estão sendo apurados pelo MPF e PF, em que trabalhadores vindos da Bahia foram encontrados em situação análoga à escravidão em vinícolas localizadas na Serra Gaúcha.

Ainda no documento, os defensores indicam que o vereador  “expressamente incita a prática de crime (art. 286 do CP) e faz apologia (art. 287 do CP) ao delito de negar emprego a pessoas por motivos de discriminação relacionadas a cor e raça”. A defensora Vanessa Nunes afirma que é de extrema importância a construção de um posicionamento e de ações que responsabilizem o vereador e que estabeleça e um posicionamento antirracista.

“O vereador faz referência ao toque do tambor, ao carnaval… Ele discrimina um grupo de trabalhadores associando ao fato de serem baianos, ele faz referência expressa a elementos da cultura negra. E mais do que isso, ele sendo um agente público incita outras pessoas a praticarem a discriminação em uma transmissão de TV pública aberta. Então, além da discriminação de procedência nacional, ela tem um fundo de cor, e tem a sua voz potencializada pelo lugar que ocupa. É uma manifestação antinegros e, assim, ele incide na prática do crime de racismo e xenofobia. O senhor Sandro Fantinel não conhece a nossa cultura, mas vai conhecer agora a nossa cultura jurídica e terá que responder pelo discurso realizado”, afirma a defensora.

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