Justiça

Letícia Maia, jovem 'recrutada' pela suposta guru Kat Torres, retorna ao Brasil

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Jovem, de 21 anos, foi deportada e chegou ao Brasil depois de ser recrutada pela autodeclarada guru espiritual Kat Torres e ficar 8 meses desaparecida  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes Sociais

Publicado em 20/12/2022, às 21h24   Cadastrado por Lorena Abreu


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A mineira Letícia Maia, de 21 anos, retornou ao Brasil nesta semana após passar oito meses nos Estados Unidos. A jovem foi recrutada pela autodeclarada guru espiritual e bruxa Katiuscia Torres, suspeita de submeter pessoas em condições análogas à escravidão, sequestro e exploração sexual.

 A jovem retornou à família, após 8 meses sendo considerada desaparecida pelos pais. A garota foi deportada dos Estados Unidos depois de ter sido flagrada com documentação irregular no estado americano de Maine. Ela, Torres e outra brasileira, a paulista Desirrê Freitas, de 26 anos, foram detidas quando tentavam atravessar a fronteira em direção ao Canadá. Kat Torres, ou Kat Luz, como ficou conhecida entre os seguidores, estaria tentando escapar, após suspeitas de tráfico de pessoas, promoção à prostituição e extorsão terem caído sobre os seus ombros.

A mãe de Letícia, Elenize Maia Alvarenga, de 50 anos, confirmou que a filha já voltou para casa. A jovem foi levada a uma viagem de fim de ano pelos pais e irmãos, que tentam se reconectar com ela. Como o processo corre em sigilo, Elenize optou por não dar entrevista no momento. O advogado da família, Luiz Henrique Fernandes, afirma que a jovem é uma das vítimas de Kat Torres, fato que ainda é apurado.

"O processo corre em segredo de justiça e infelizmente não posso passar maiores detalhes. Mas posso adiantar que ela foi vítima, igual a várias outras mulheres", disse Luiz Henrique. "Posso dizer também que ela já está bem mais centrada", afirmou o advogado.

Desde que parentes e amigos se mobilizaram para encontrar Letícia e expor as condições suspeitas às quais ela vinha sendo mantida há meses nos Estados Unidos, a jovem apareceu por diversas vezes em vídeos polêmicos nas redes sociais em que, eles acreditam, era manipulada por Kat Torres. A guru referia-se a ela como uma espécie de funcionária ou secretária da seita. Surgia ali a dúvida se ela e Desirrê seriam vítimas ou cúmplices de Katiuscia.

Na ocasião, Letícia, a falsa guru e Desirrê fizeram ataques até à top model brasileira Yasmin Brunet, que ao saber sobre o caso, tentou intervir e ajudar as garotas. As insinuações foram graves: chegaram a afirmar que Brunet promovia tráfico de pessoas e encenaram numa rede social que ela as mantinha em cativeiro – justamente crimes pelos quais Katiuscia Torres hoje responde e é investigada pela Polícia Federal (PF). A modelo foi à delegacia em São Paulo, que abriu inquérito. As três já respondem na Justiça paulista por calúnia, difamação e ameaças. Torres admitiu que mentiu para se vingar.

Letícia agiu de forma parecida, também, em vídeo direcionado à família que, preocupada, se mobilizava para encontrá-la e repatriá-la. Em declaração forte e que mais chamou atenção de seguidores que acompanhavam o caso, a jovem afirmou categoricamente que saiu de casa porque sofria abusos sexuais por parte do pai desde a infância. Ele, o bancário Cleider Alvarenga Lopes, de 55 anos, negou imediatamente, assim como a esposa e as outras filhas, e mais uma vez afirmaram que ela estaria sendo forçada a dar essas declarações. Após a volta ao Brasil, há indícios de que ela já tenha voltado atrás da acusação.

Letícia Maia já prestou depoimento no âmbito do inquérito que investiga Kat Torres por submeter pessoas a condições análogas à escravidão. Uma fonte ouvida, que teve acesso ao processo sigiloso, confirma que as suspeitas são, sobretudo, de tráfico de pessoas para fim de exploração sexual – prostituição.

Kat Torres assumidamente consumia chá de Ayahuasca, semelhante ao usado nos rituais de Santo Daime, e compartilhava com os seguidores de sua seita. A droga fermentada é altamente alucinógena e causa efeitos que podem durar até 10 horas. Os parentes acreditam que a bruxa utilizava dessa substância para manter as vítimas confusas e sob seu poder. Há cerca de duas semanas, a outra jovem, Desirrê Freitas, presa na penitenciária para imigrantes dos EUA, na Georgia, a mesma onde estava Letícia, firmou um acordo de deportação voluntária com a imigração americana. Ela ainda não retornou ao Brasil.

Classificação Indicativa: Livre

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