A caixa preta do Mercado Modelo está se revelando na manhã desta terça-feira (19). Desde que houve o anúncio por parte da prefeitura
de que a administração será da secretaria de Ordem Pública (Semop), a situação financeira do maior shopping de artesanato do país veio à tona e trouxe uma realidade nada satisfatória. O vice-presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Modelo, em conversa exclusiva com o Bocão News, afirmou que a crise se instalou após o descumprimento por parte da Saltur de um convênio firmado em 1997. "Havia um convênio com a Saltur, antiga Entursa, que deixou de ser cumprido. Foi foi renovado em 2003 e não houve distrato. A partir daí a associação passou apenas a cumprir o que foi autorizado. Não tínhamos como cobrar dos permisionários", explicou o vice-presidente da associação, Nelson de Barros.
Segundo ele, a associação recebia um repasse por parte de um gestor da Saltur que demandava a arrecadação. "Este repasse era para pagamentos como água, luz, telefone, etc. A associação não tinha acesso ao recebimento total e foram vários gestores, de oito a dez neste tempo", ressaltou, sem saber o valor exato da arrecadação total e sem detalhar quanto era repassado por mês para a associação. "Ultrapassava os R$ 100 mil por mês", revelou.
Ainda de acordo com Barros, existe inadiplência por parte de alguns permisisonários. Em contrapartida, a arrecadação dos últimos meses foi considerada a maior da história. "Não sei o valor toral das dívidas, mas muitos deixaram de pagar por não saberem onde era aplicado o dinheiro. Houve negligência e incompetência da Saltur. Falta mais transparência", denunciou o permissionário. Nelson tem um boxe no Mercado desde 1968 e afirma não receber dinheiro para exercer a função na associação. "É um trabalho espontâneo e de colaboração", frisou.
O site procurou a Saltur para obter informações sobre o caso. A Saltur afirmou que as solitações serão passadas através da secretaria de Cultura (Secult). Até o fechamento desta matéria nenhum posicionamento foi enviado.
Na manhã de hoje, a secretária da Semop, Rosemma Maluf, comentou o assunto. "O Mercado é admnistrado pela Associação de Permissionários há quase 10 anos, o que acarretou alguns problemas porque a associação não tem o poder de política administrativa", afirmou Rosemma Maluf.
Com um milhão em passivos, a administração passará a ser da Semop. "Hoje o Ministério Público está fazendo a mediação para que o processo seja transparente. Iremos ouvir os permisisonários e queremos preservá-los. Não há interesse em se fazer nova licitação", afirmou. De acordo com Rosemma, há dívidas trabalhistas e rescisões contratuais a serem pagas. "Temos interesse em resolver. Precisamos disciplinar os permissionários no que diz respeito ao uso do espaço e ao horário de funcionamento. Tem funcionários que não estão em condições de exercer suas atividades e estão de forma irregular. Além disso, precisamos verificar as condições de cada estabelecimento junto à Vigilância Sanitária", ressaltou.
O Mercado
O Mercado possui 263 lojas, distribuídas por 8.410 m2, com uma enorme variedade de artesanato e artigos típicos da Bahia: instrumentos musicais típicos, Berimbaus, confecções, redes, entalhes em madeira, rendas e cestaria da Ilha de Maré, bordados e trançados, bijuterias e adereços, peças de decoração e utilitários, feitas de couro, ferro, palha, madeira e cerâmica, as famosas bonecas de pano vestidas de "baianas’’, figas, patuás, pencas de balangandãs, fitinhas do Senhor do Bonfim e objetos religiosos, católicos e do candomblé.
Há dois restaurantes e diversos mini-bares e mini-restaurantes, dispostos em dois pisos que ocupam o prédio de estilo neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. O Mercado Modelo é visitado por 80% dos turistas que visitam a cidade. O funcionamento é de segunda a sábado de 09h às 19h; Domingos e feriados de 09h às 14h com os restaurantes até as 16h.
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