Cultura

‘É um espelho’, diz estudante ao assistir Lázaro Ramos viver Luther King no TCA

Publicado em 30/10/2016, às 12h42   Vinícius Ribeiro


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"Ver um ator como Lázaro Ramos, que nasceu em Salvador, nos traz esperança e acredito que o conteúdo desta peça abrirá as nossas mentes". O depoimento da adolescente Késsia Fabiana, de 16 anos, aluna do Colégio Estadual Plataforma, no Subúrbio Ferroviário, sintetiza o pensamento de quase 1.500 estudantes que assistiram ao espetáculo "O Topo da Montanha", na tarde deste sábado (29), no Teatro Castro Alves, no Centro de Salvador. 

A peça, que conta com o ator baiano Lázaro Ramos e a atriz Taís Araújo, recria o último dia de vida de um dos ícones da luta contra o racismo: Martin Luther King.

Presente no evento, o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, destacou a importância da iniciativa para a formação de cidadãos engajados. "Esses meninos estão em outra etapa na luta contra o racismo, na luta pela inclusão, são em sua maioria esmagadora afrodescendentes, negros, e eles vão ter o contato direto com o início da história dessa luta", disse Portugal ao Bocão News.

Ainda segundo o títular da pasta, o formato lúdico do teatro contribui para o aprendizado do tema. "Não é um contato com um professor em um quadro explicando para a galera dormir, não, é um contato com muita emoção, através da linguagem do teatro", frisou.

No palco do TCA, Lázaro vive Luther King e discute com a camareira Camae, interpretada por Taís Araújo, temas que passeiam pelo "sonho" de igualdade racial defendido pelo mártir norte-americano.

"A presença de um ator negro é um ótimo exemplo para nós. É um espelho", resumiu João Vitor Miranda, 17, aluno do Colégio Estadual Edvaldo Brandão, em Cajazeiras.

Já a estudante Júlia Oliveira, do Colégio Estadual Plataforma, fez questão de ressaltar a simplicidade do ator. "Já esteve lá no bairro, jogou futebol com os meninos e hoje deu show de simpatia aqui antes da peça. Abraçou e tirou fotos com todos", disse animada. 

Para Nadine Gasmão, representante da ONU Mulheres no Brasil, a oportunidade beneficia uma parcela carente da sociedade. "Abrir uma sessão de teatro como se está sendo feito, trazendo a juventude, é criar oportunidades e fazer política pública que vá para as pessoas que precisam e estão ávidas por ver arte", pontuou.

A ação promovida pelo governo estadual integra as atividades que serão desenvolvidas no Novembro Negro, quando comemora-se o Dia da Consciência Negra (20). 

Antes de entrar em cena, Lázaro Ramos contou sobre a semelhança deste momento com sua história e como esta atividade pode influenciar na vida dos jovens.  "Esses jovens sou eu. A primeira peça de teatro que assisti foi com ingresso gratuito fornecido para minha escola pública, o Colégio Anísio Teixeira. Era uma montagem de Canudos na Concha Acústica e isso transformou a minha vida, minha visão de mundo, meu interesse por teatro e eu acho que minha transformação começou naquele momento", contou.
Publicada originalmente em 29/10 às 18h42

Classificação Indicativa: Livre

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