Cultura
Publicado em 13/04/2020, às 12h25 Yasmin Garrido
O pombo correio trouxe, nesta segunda-feira (13), uma notícia triste. Antônio Carlos Moraes Pires, ou melhor Moraes Moreira, fez parte do Carnaval de gerações, que hoje choram a partida precoce do cantor, compositor e violonista, aos 72 anos, no Rio de Janeiro.
Natural de Ituaçu, na Chapada Diamantina, ele nunca perdeu o sotaque e fazia questão de deixar registrado até em música que gostava de ser baiano. Afinal, “quem é que não gostaria?”.
Do começo de tudo até aqui, foram 45 discos e mais de 500 músicas gravadas, além de livros, como “Poeta não tem idade” (2012) e “A História dos Novos Baianos e Outros versos” (2008), que deram a ele a cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Foram tantas obras, tantas letras e uma herança enorme para a música brasileira, que Moraes Moreira chegara ao ponto de fazer um espetáculos com canções de outros artista, que ele confessou sentir vontade de ter escrito. Ao show ele deu o nome de “Elogio à inveja”.
Influenciado por Tom Zé (para a nossa felicidade), já em Salvador, Moraes desistiu de prestar vestibular para Medicina e se dedicou exaustivamente à música, que já era paixão antiga. Ele contava que, desde criança, era fissurado pelo auto-falante da praça de Ituaçu, de onde ecoavam as vozes de Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Cauby Peixoto e outros nomes da música brasileira.
Mas, foi “de butuca” nos acordes de João Gilberto que ele e Pepeu Gomes tiveram muitas inspirações que, mais tarde, foram aplicadas às canções dos Novos Baianos, grupo do qual fez parte entre 1969 e 1975, ao lado também de Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão e Baby Consuelo.
Já em 75, Moraes Moreira decidiu sair em carreira solo, se tornando destaque nos Carnavais de “cada esquina” e no coração dos foliões. Dentro do que ele chamava de “frevo trieletrizado”, o artista lançou sucessos como “Pombo Correio”, "Vassourinha Elétrica" e "Bloco do Prazer".
Apesar de ter decidido se distanciar um pouco do Carnaval, tendo lançado canções de baião, eruditas e até com uma pegada hip hop - ou, como ele dizia, a “música falada” - Moraes não deixava de levar os sucessos pelos palcos por onde passava.
Entre 2016 e 2017, os Novos Baianos se reencontraram para uma turnê pelo país, inclusive com shows na reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Ele também trouxe o show comemorativo dos 50 anso de carreira, em 2019, ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), abrindo o espetáculo d'A Cor do Som.
E, justamente no momento em que o Brasil parece descer mesmo a ladeira, ou como o próprio Moraes classificava - “momento pior do que a ditadura - que ele nos deixou. Partiu dormindo. Mas, os acordes, que tanto mostraram o valor dessa gente bronzeada, ficam e serão eternos. Obrigado, Moraes!
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