Denúncia

Farra com dinheiro público na FAPESB põe deputado do PDT na mira do MP

Publicado em 16/12/2014, às 06h46 - Atualizado em 17/12/2014, às 07h00   Redação


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Criada com o objetivo de estimular e apoiar o desenvolvimento das atividades científicas e tecnológicas do Estado baiano, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), localizada no bairro da Federação, em Salvador, teria se tornado um “feudo familiar” do deputado estadual Euclides Nunes Fernandes (PDT).
Trabalhadores da própria fundação, ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), procuraram a reportagem do Bocão News para denunciar diversas nomeações de parentes do parlamentar para preenchimento dos cargos em comissão/Reda. Segundo documentos obtidos pela reportagem, pelo menos 25 pessoas foram beneficiadas com esquema.
Entre os parentes próximos do deputado que ocupam cargo na Fapesb aparecem o filho do parlamentar, Yann Andrade Fernandes, que atua como coordenador III; e o irmão do pedetista, Expedito Fernandes, coordenador II. As nomeações dos Fernandes foram divulgadas recentemente no Diário Oficial do Estado, no dia 31 de outubro.
Além disso, eles denunciaram também que o Programa de Bolsas de Estudos (Progbol) estaria sendo desvirtuado por meio de concessão, sem critério objetivo, de bolsas de estudo para parentes ou indicados políticos do pedetista. 
Deputado estadual, Euclides Nunes Fernandes (PDT) (à esquerda), e o diretor geral da Fapeb, Roberto Paulo Machado Lopes
Entre os beneficiados com a bolsa, está um sobrinho do deputado, Gustavo Fernandes Vieira, que já recebeu R$ 14 mil desde abril desse ano e deve receber mais R$ 10 mil para desenvolver e acompanhar atividades realizadas na assessoria de planejamento orçamentário na Fapesb. 
Uma bolsista apontada como esposa de um sobrinho do deputado, Marcia Cristina Nunes Fernandes, também integra a lista de beneficiados. Segundo as informações apuradas pela reportagem, desde o ano de 2010 ela acompanha as atividades do centro de documentação e informação da Fapesb. Durante este período, Marcia já embolsou mais de R$ 85 mil da instituição.
Outro sobrinho do deputado, identificado como João Matheus Souza Fernandes, é bolsista da Fapesb desde 2010. Desenvolvendo projetos jurídicos na Fundação, João contou com o investimento de mais de R$ 100 mil.
Procurado pela reportagem, o deputado Euclides Fernandes classificou a denúncia como “fofoca”. “Como é que faz um feudo sem ter a cabeça? O comando, a diretoria da Fapesb não tem nenhum parente meu. Todos as pessoas que trabalham lá são capazes. Eles exercem suas atividades pelas condições do seu currículo. Isso é nota plantada para trazer dificuldade de maneira leviana”, dispara Fernandes.
O deputado afirmou também que a indicação do diretor geral da Fundação, Roberto Paulo Machado Lopes, foi feita por ele. “Eu indiquei e foi aceito pela competência dele. Não é meu parente. O diretor Roberto Paulo não tem nada a ver comigo. Eu não tenho nenhum parente na cabeça da Fapesb. Todas as pessoas são distantes de mim, e não tem nenhuma relação de trabalho comigo”, garante.
Ele também justificou as bolsas destinadas para seus familiares. “Qual impedimento que tem o rapaz formado ter uma bolsa de estudo? Sabe quantas bolsas de estudo tem na Fapesb? Tem mais de 200. Todas são construídas através de um projeto acadêmico. Eu vou proibir o parente de trabalhar? Por eu ser deputado, meu filho não pode exercer um cargo? Isso é coisa plantada, desavergonhada e não representa a verdade”, disse.
A reportagem tentou desde a última sexta-feira (12) falar com o diretor Roberto Paulo, mas não teve nenhum retorno. O caso foi encaminhado para o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) na quinta-feira (11), e está sob a responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (GEPAM), que deverá designar um promotor para acompanhar o caso na próxima semana. 
Publicada no dia 15 de dezembro de 2014, às 06h34

Classificação Indicativa: Livre

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