Denúncia

Mulher diz ter sido vítima de racismo em farmácia Drogasil no Salvador Shopping: "tragédia racista e caluniosa"

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Maria Angélica Calmon, 54 anos, usou as redes sociais para fazer um desabafo sobre o caso; neta de 7 anos presenciou o ocorrido   |   Bnews - Divulgação Reprodução/Facebook

Publicado em 07/05/2019, às 09h00   Redação BNews


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"Seu racista, mentiroso, preconceituoso, vou processar vocês, isto é crime de injúria e calúnia". A frase foi dita pela assessora de eventos Maria Angélica Calmon, 54 anos, a um funcionário da farmácia Drogasil após ele a acusar de ter furtado um cosmético no estabelecimento, localizado no Salvador Shopping.

O caso aconteceu na noite do dia 19 de abril, no entanto foi relatado pela vítima no último domingo (5) nas redes sociais. "Esperei passar o susto, melhorar o meu estado emocional, recuperar a minha autoestima, que estava em frangalhos, para compartilhar esta tragédia racista e caluniosa", escreveu a assessora de evento no Facebook.

Na publicação. Maria Angélica contou que no momento do ocorrido estava na companhia da mãe, filha e a neta de 7 anos. Segundo ela, após sair da farmácia, foi abordada por um funcionário afirmando que uma câmera de segurança havia flagrado ela saindo do estabelecimento sem pagar por um produto.

"Enquanto elas compravam, fiquei olhando alguns hidratantes, depois fui ao encontro delas, que já estavam se dirigindo ao caixa para efetuar o pagamento. Saímos da Drogasil, fomos fazer um lanche, depois fui à loja Renner, voltei à praça de alimentação, por volta das 21h, nos dirigimos ao parque infantil, localizado na praça central do Salvador Shopping, onde iria levar a minha neta para brincar, enquanto a minha mãe e minha filha aguardavam sentadas próximas ao parque. Do nada, fui abordada por um rapaz alto, de pele clara, que se apresentou como Willam, funcionário da Drogasil, dizendo que furtei um Bepantol da farmácia".

Na postagem, ela diz que no início achou que se tratava de uma brincadeira ou que estava sendo confundida, no entanto, o funcionário da farmácia frisou mais uma vez que ela tinha furtado um produto da loja. "Nesta altura, minha neta estava apertando a minha mão com os olhos esbugalhados de medo. Perguntei para o sujeito se ele tinha ciência que estava me constrangendo por algo que tinha certeza absoluta de não ter feito, e ele tornou a repetir: ‘nós vimos nas câmeras'", contou.

Após isso, ela precisou abrir a bolsa na praça central do shopping para provar a sua inocência. "Já estava abrindo a bolsa, quando vi uma funcionária do parque, expliquei para ela a situação e pedi que ela fosse testemunha para abrir a minha bolsa. Abri a bolsa, coloquei tudo no chão, de forma que ele pudesse ver todo o conteúdo da minha bolsa. Quando ele viu que não tinha nada, disse para mim: 'não precisava disso', e saiu em disparada", contou Maria Angélica que entrou em desespero após o episódio. "Só quando gritei, perturbando a paz e a ordem, apareceram dois seguranças, mas enquanto eu estava sendo exposta, junto com a minha neta, ninguém apareceu, nem prestou qualquer tipo de auxilio ou ajuda", disse.

Ainda de acordo com a assessora de eventos, a neta ficou espantada com a cena que havia acabado de presenciar. "Quando tudo acabou, Alice, minha neta, estava apavorada, sem dar uma palavra, de repente ela falou: 'Vovó, fiquei morrendo de medo, achei que o homem ia prender a gente e fazer mal'”, disse Maria Angélica que registrou o caso no Serviço de Atendimento ao Cliente do Salvador Shopping e na 16ª Delegacia Territorial.

Por meio de nota, a rede de farmácias Drogasil afirmou que "discorda veementemente da atitude do funcionário que abordou a Sra. Maria Angélica Calmon, como foi relatado" e que "a empresa está concluindo as averiguações e tomará as providências para que o fato não se repita". Confira a nota na íntegra:

"A Drogasil discorda veementemente da atitude do funcionário que abordou a Sra. Maria Angelica Calmon, como foi relatado. Este comportamento não reflete de forma alguma os valores da Drogasil. Pedimos desculpas à Sra. Angélica e informamos que a empresa está concluindo as averiguações e tomará as providências para que o fato não se repita. A empresa tem o propósito de cuidar de perto da saúde e do bem-estar das pessoas em todos os momentos da vida e faz parte de um grupo com 36 mil funcionários e mais de 1.870 lojas em todo o Brasil. Atendemos diariamente mais de 600 mil pessoas. Somos uma empresa com 84 anos e com valores que prezam pela ética e as relações de confiança e respeito, e valorizam o ser humano dentro e fora da empresa".

Já o Salvador Shopping disse que "lamenta o fato relatado e que a administração reforça que prestou assistência imediata e está acompanhando a situação junto à loja desde que a ocorrência foi registrada no Centro de Atendimento ao Cliente". Confira a nota na íntegra:

"Em atenção ao post publicado nas redes sociais pela cliente Maria Angélica Calmon, o Salvador Shopping lamenta o fato relatado. A administração reforça que prestou assistência imediata e está acompanhando a situação junto à loja desde que a ocorrência foi registrada no Centro de Atendimento ao Cliente, seguindo à disposição das autoridades para esclarecimentos. A administração afirma que repudia qualquer atitude discriminatória por parte de lojistas e colaboradores. O empreendimento é, inclusive, uma referência por desenvolver ações de combate ao racismo, tendo recebido por quatro anos consecutivos o Selo da Diversidade Étnico-Racial, concedido pela Secretaria da Reparação da Prefeitura de Salvador como um reconhecimento público de ações de promoção da equidade racial nas políticas de gestão de pessoas e marketing".

Classificação Indicativa: Livre

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