Denúncia: estudantes de odontologia reclamam de transtornos causados por faculdade em Salvador

Na reta final do curso, perto de se formarem, alunos de odontologia do 9º e 10º semestre da faculdade Ruy Barbosa, em Salvador, denunciam a instituição por aumento de mensalidade de forma abusiva, principalmente para quem tem o programa FIES, além de serem proibidos de fazerem as provas pelo portal do aluno por conta da falta de pagamento da mensalidade.

De acordo com relatos enviados ao BNews, desde fevereiro que a faculdade aumentou a mensalidade dos alunos. “A faculdade trocou de gestão, mudou o portal [do aluno] e tudo começou a ficar desorganizado”, disse um estudante à reportagem. 

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Além disso, os formandos que têm o FIES, comentam que a Ruy Barbosa está enviando boletos de mais de 3 mil reais, sendo que o financiamento é justamente para diminuir o valor da mensalidade para, posteriormente, ser pago. “Tenho 92,5% de financiamento do FIES e a faculdade me envia boletos de R $3.800,00. Já abri vários requerimentos no portal, ouvidoria, enviei mensagem para a faculdade no WhatsApp, mas ninguém responde nada. Eu estou extremamente indignado e desapontado com a Ruy Barbosa”, explicou.

Outro estudante explica que houve solicitação do próprio FIES em relação ao aumento repentino da faculdade com a mensalidade dos formandos, mas que, supostamente, a instituição teria dado uma resposta não convincente aos alunos. “Todo semestre aluno com FIES deve realizar o aditamento, desde a troca de gestão no ano passado estão atrasando  a abertura do mesmo. Inclusive, no aditamento aumentaram o valor da semestralidade do curso e cobrando mais do que o dobro do valor que é pago com recursos próprios do aluno pelo Fies, valor absurdo. O próprio FIES solicitou a eles uma explicação sobre o aumento do valor da semestralidade por um valor superior bem diferente do praticado normalmente pela instituição. Eles deram uma justificativa inaceitável, de uma forma que em 4 anos de curso nunca passamos e nunca ouvimos falar. Como que uma faculdade aumenta por semestre mais de 100%?”, questiona.

Lucilene Almeida, uma das estudantes, comenta que ainda há boletos que estão zerados, sem valor algum para os alunos pagarem, enquanto outros estão com valores acima do que foi estabelecido desde o começo da faculdade. “Não tem funcionários capacitados para resolver nossos problemas, apenas call center ligando todos os dias e cobrando o que não devo, sem contar que tem boleto que está com mensalidade zerada, uma tremenda desorganização”, disse ao BNews. 

Por conta disso, alguns alunos que têm a matéria de “odontopediatria” não estão podendo fazer a prova da unidade por falta de pagamento da mensalidade. Em um áudio enviado pelos alunos, a coordenadora do curso afirma que não vão conseguir fazer a avaliação e terão que realizar a prova pela segunda chamada. “Outra comunicação. Os alunos que têm problemas financeiros que não vão conseguir fazer a prova, não se desesperem, porque a gente vai pedir aos professores para disponibilizar a segunda chamada assim que vocês regularizarem a parte financeira de vocês”.

Para o advogado Caio Leonardo, toda a situação dos alunos pode ser resolvida, caso queiram, com processo na Justiça para não saírem prejudicados no último ano de curso. “Eles não podem proibir de fazer a prova [a faculdade], nem se estivessem atrasados com a mensalidade propriamente dita. O que eles podem é impedir de realizar a rematrícula no fim do semestre, ainda mais com o erro da faculdade. Os alunos devem, se for o caso, pedir indenização na Justiça. Além da redução da mensalidade, eles terão que pedir uma indenização caso percam a prova e também pelos transtornos”, disse ao BNews.

Para completar, além do problema com a mensalidade, os alunos ainda denunciam que a instituição não está oferecendo disciplinas e que foram orientados a abrir um requerimento para pegar as matérias que deveriam estar na ficha assim que renova a matrícula. “A faculdade não está oferecendo as disciplinas para os formandos e os mesmos foram orientados a abrir um requerimento para pegar as matérias como estudo dirigido e até agora nenhuma resposta foi dada a nenhum aluno. Fora as matérias de TCC E ESTÁGIO que estão sendo cobradas de forma irregular”, disse uma formanda que preferiu não se identificar por medo de represália da faculdade .

Com as disciplinas incorretas, mais outras duas situações que ainda não conseguiram ser resolvidas dentre as muitas: a falta professores para orientar os estudantes no TCC e um vestiário para alunos da clínica que precisam realizar e colocar as roupas da faculdade. “Só tem três biombos na faculdade e não consegue ter privacidade em relação as meninas”, disse um rapaz. 

O BNews entrou em contato com a faculdade para obter uma resposta referente às denúncias dos alunos. Em nota, a assessoria da instituição, sobre o aditamento, pediu para que os estudantes procurassem os órgãos responsáveis para regularizar a situação. “O Centro Universitário informa que em caso de dificuldade no processo de renovação e aditamento do contrato com o Fies, programa responsável por financiar cursos de graduação em universidades privadas, os estudantes devem procurar os órgãos responsáveis, com o objetivo de regularizar a situação”, explicaram.

Já sobre a prova que não poderiam realizar por falta de pagamento, a faculdade nega a informação, principalmente sobre o áudio da coordenadora e afirma que os alunos poderão, sim, fazer a avaliação. “É importante destacar que todos os alunos com matrícula ativa neste semestre, independentemente da situação financeira, estão aptos para assistir aula e fazer prova. Para os alunos que ainda não estão com matrícula ativa no semestre, a instituição está à disposição para atendê-los e ajudá-los a darem continuidade aos seus estudos. Quanto às mensalidades, esclarecemos que elas são organizadas em regime de crédito, ou seja, o número de disciplinas é equivalente ao investimento realizado”, explicaram.

Apesar da reclamação dos alunos referente a falta de comunicação com a instituição, principalmente durante a pandemia, onde os canais estão sempre congestionados, a faculdade reforça que “a instituição segue com seus canais de comunicação ativos para o esclarecimento de quaisquer dúvidas dos estudantes”.

Em relação a troca de gestão e o aumento das mensalidades de quem não tem o FIES, a Ruy Barbosa não se manifestou.