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Família luta por regulação de filho autista mantido sozinho em UPA: não temos paz de tanta preocupação

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Por conta da Covid-19, o paciente não pode receber visitas  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Google Maps

Publicado em 14/12/2022, às 12h05 - Atualizado às 13h09   YB



O que era para ser apenas um dia acompanhando a última participação do Brasil na Copa 2022, tornou-se momentos de tensão após Kassymiro César dos Santos Guedes, 40 anos, ter sido encontrado desacordado no chão do quarto por sua família. Ao BNews, a mãe do paciente, Márcia Guedes, 63 anos, disse que ali foi só o início dos problemas, já que desde o dia 5 de dezembro, o filho autista encontra-se na UPA dos Barris, em Salvador, à espera da regulação para ser avaliado por um neurologista e, segundo ela, amarrado por sua inquietação proveniente do transtorno.  

"Ele tá na sala vermelha com suspeita de que tenha tido um AVC, a pressão só faz subir e tá sem o tratamento certo, porque lá não tem neurologista. A gente não tem mais paz de tanta preocupação com meu filho", disse. 

Ainda conforme os relatos da mãe, o paciente também não está recebendo visitas em razão da Covid-19, o que tem potencializado ainda mais o desespero da mulher e dos outros familiares. 

"Cada dia é um médico, cada dia um fala o que vê, teve uma que ligou que nem sabia que ele era autista. Eu tô desesperada, porque eu sei que a cada dia lá é uma piora, ele precisa fazer o exame pra que a gente saiba qual o AVC que ele teve. Ele pode tá sentindo abandonado, e ele nunca foi abandonado", desabafou a mãe do paciente. 

Por isso também que Márcia Guedes suplica às autoridades de saúde para que o filho seja transferido logo para um hospital que tenha a especialidade e realize a tomografia.  

Questionada sobre a regulação, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que a Central Estadual de Regulação segue buscando uma vaga para o perfil de Kassymiro. "É importante que nos auxiliem a explicar para a população que a disponibilidade de vagas nos hospitais ocorre apenas em duas situações: alta médica ou óbito. Neste cenário, não é possível sinalizar o dia que ocorrerá a transferência de um paciente. A gravidade do mesmo em relação ao total de solicitações é mais um fator de análise da equipe médica da Central Estadual de Regulação", completou a nota. 


Em nota enviado ao BNews, a Secretaria Municipal da Saúde informou que o paciente está "sob contensão mecânica protetiva, em decorrência de agitação psicomotora, procedimento médico padrão que visa primordialmente a segurança do próprio paciente". 

"A Secretaria Municipal da Saúde informa que o paciente em questão demanda cuidados especiais, em decorrência de autismo, bem como o quadro clínico que é considerado grave. O mesmo encontra-se sob contensão mecânica protetiva, em decorrência de agitação psicomotora, procedimento médico padrão que visa primordialmente a segurança do próprio paciente. 
Vale destacar que a UPA Barris já solicitou a transferência hospitalar do paciente por meio da Central Estadual de Regulação para continuidade do tratamento em uma unidade especializada. Enquanto permanece na UPA, o paciente segue sendo assistido com todos os cuidados assistenciais disponíveis na unidade de emergência".

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