Doze dias após a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, assinar o decreto que transformou a Comissão do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) em um departamento dentro da própria estrutura da pasta, o deputado federal Valmir Assunção (PT) diz ter ficado insustentável a permanência da peemedebista no ministério.
“Primeiro, quando ela rebaixa a importância da Ceplac não tem condições de ela ficar em um governo que defende a agricultura como algo fundamental. Nós, da Bahia, sabemos do papel do cacau para a economia, para agricultura familiar e assentamentos da reforma agrária”, pontua o petista.
De acordo com Valmir, outros dois pontos fundamentais colocam a saída de Kátia Abreu como uma decisão a ser tomada. “Segunda, quando o Ministério da Agricultura absorve o da Pesca, ela cria uma secretaria que inviabilizou a Pesca. Perdeu a importância a Pesca brasileira porque ela não teve capacidade de trabalhar essa política. A terceira, é que ela defende uma política do agronegócio onde a própria bancada ruralista não defende ela. Quem tem que estar nos ministérios são pessoas que dentro da sua categoria e base têm a maioria e ela não tem”.
O entrave está ligado à relação entre a ministra e a presidente Dilma Rousseff. Kátia Abreu, embora contestada pela bancada ruralista, foi a porta-voz dos dissidentes do PMDB no Planalto. Subiu de degraus no núcleo de influência presidencial pelas declarações e representa uma ponte entre Dilma e os peemedebistas que não aderiram à tese do impeachment.
Neste sentido, o discurso de Valmir Assunção está descasado com a necessidade do governo que precisa juntar aliados com influência política. Outros deputados da base pensam que é preciso concentrar esforços para barrar o impedimento. No segundo momento será preciso governar, se conseguirem derrotar o relatório aprovado na comissão especial, esta etapa ainda está sendo elaborada e Kátia Abreu, embora contestada por baianos, participará da construção.
