Entrevista

Luiz Galvão confirma que Bolsa Família passará por reformulação na gestão de João Roma

Imagem Luiz Galvão confirma que Bolsa Família passará por reformulação na gestão de João Roma
Gestor recebeu a reportagem em seu gabinete em Brasília, nesta segunda-feira (3), para uma rápida entrevista sobre diversos assuntos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/05/2021, às 17h27   Victor Pinto* e Henrique Brinco


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O secretário-executivo do Ministério da Cidadania, Luiz Galvão, confirmou ao BNews que a pasta comandada pelo ministro João Roma (Republicanos) deverá promover uma reformulação no programa Bolsa Família  para que ele se torne "ainda mais efetivo como política pública e possa alcançar ainda mais famílias". O gestor recebeu a reportagem em seu gabinete em Brasília, nesta segunda-feira (3), para uma rápida entrevista sobre diversos assuntos. 

O baiano, que até bem pouco tempo comandava as prefeituras-bairro em Salvador, se diz motivado com a ascensão profissional. "Cada dia que passa me sinto mais à vontade de trabalhar aqui no Governo Federal, principalmente por estar trabalhando na pasta da Cidadania, que é o braço social do Governo Bolsonaro, poder realmente ajudar aquelas famílias carentes e vulneráveis das cidades", relata.

No papo, comenta ainda sobre a saída controversa da Prefeitura da capital e o rompimento político de Roma com o presidente nacional do DEM e padrinho político, ACM Neto (DEM). Ele diz que torce por uma reconciliação dos dois e avalia os rumores de que o republicano será candidato ao Governo da Bahia em 2022.

Leia a entrevista:

BNews - Qual é o balanço que faz desses dois meses sendo o braço direito de Roma aqui no ministério. Como avalia essa mudança de nível? Sair de Salvador, fazendo um trabalho nas prefeituras-bairro, e vim para cá atuar numa área estratégica do Governo Federal?

Luiz Galvão - Estou bastante motivado, satisfeito em fazer parte do Governo Federal. Cada dia que passa me sinto mais à vontade de trabalhar aqui no Governo Federal, principalmente por estar trabalhando na pasta da Cidadania, que é o braço social do Governo Bolsonaro, poder realmente ajudar aquelas famílias carentes e vulneráveis das cidades. E a autonomia que o ministro João Roma chegou para trabalhar aqui no ministério me deixa cada dia mais à vontade de poder exercer o meu papel. O secretário-executivo é a figura do ministro substituto e é quem é o ordenador das despesas do ministérios. É como se fosse a prefeitura do ministério, onde tudo acontece. É onde estão alocados a parte financeira, orçamentos e estratégias. Nesses poucos mais de dois meses de Roma no ministério, a gente tem ficado esperançoso com todas as propostas que a gente está desenvolvendo aqui. Claro que já tinha uma série de ações em curso, mas acho que a nossa capacidade de gestão vai servir para aprimorar mais essa entregas para que de fato a política pública chegue na ponta e beneficie a população mais vulnerável do país. 

BNews - O carro-chefe é o Bolsa Família?

Luiz Galvão - Na verdade, o Bolsa Família é o grande programa do Ministério da Cidadania que atinge o maior número de famílias. No mês de abril, o Bolsa Família atingiu o número recorde de famílias - foram mais de 14,5 milhões atingidas. Esse patamar tem se mantido. E a nossa proposta com a atuação do ministro Roma é fazer uma reformulação do Bolsa Família para que ele se torne ainda mais efetivo como política pública e possa alcançar ainda mais famílias.

BNews - Como é que foi para você deixar a Prefeitura de Salvador? Daquela forma como aconteceu? Ser exonerado no Diário Oficial logo no dia seguinte que Roma foi anunciado como ministro da Cidadania? Como está a relação?

Luiz Galvão - Não briguei com ninguém. Acho que a relação pessoal permanece com todo mundo. Continuo gostando das pessoas da mesma forma. Confesso que essa forma de saída me deixou um pouco chateado. Não por ter sido exonerado, mas pelo fato de você ter passado mais de oito anos à frente de um cargo e você sair sem ao menos um muito obrigado, um reconhecimento pela sua participação na trajetória. Só realmente isso que ficou faltando. Mas acho que dei a minha contribuição. As pessoas que trabalham não precisam dizer que trabalham. O reconhecimento do trabalho vem através das pessoas. Acho que dei o meu melhor. De certa forma, acabei sendo reconhecido e estou em uma posição estratégica podendo ajudar agora muito mais gente do Brasil todo.

BNews - E sobre uma eventual candidatura de João Roma ao Governo da Bahia em 2022? Ele tem sido o principal articulador do Governo Federal em território local, levando as ações em nome do presidente. Isso tem causado especulações de que ele será candidato, sendo o nome do bolsonarismo na Bahia. Você acha que é algo que está nos planos de Roma?

Luiz Galvão - Não dá para falar que João Roma é o candidato a governador do Bolsonaro, até porque eles nunca falaram sobre isso. Mas também não dá para imaginar um cenário de 2022, sendo que a Bahia é o terceiro maior colégio eleitoral do país, com Bolsonaro disputando eleição para presidente, sem ter nenhum cabo eleitoral seu lá. Então, é um cenário ainda de indefinição. Mas acredito que no momento certo ele deve ter o seu desenrolar. 

BNews - Você acha que até 2022 há chances de ter uma reconciliação desse grupo político? O grupo político de Roma com o grupo de ACM Neto?

Luiz Galvão - Confesso para você que torço para isso. Para mim não existe divisão, ao menos da minha parte. Eles têm uma ligação pessoal muito forte, muito íntima. Espero que ocorra da melhor forma possível para 2022.

BNews - Assumir um cargo no Ministério da Cidadania, na gestão de Jair Bolsonaro, de alguma forma trouxe algum prejuízo nas relações políticas da Bahia?

Luiz Galvão - Não. Não senti, nem nas minhas redes sociais, nem no meu convívio com meus amigos. Acho que é muito pela forma como sempre me posicionei. As pessoas sabem que eu sou uma pessoa muito técnica e para eu ter aceitado esse desafio, só poderia aceitar desafios em um governo realmente sério. Não sinto nenhum tipo de animosidade e acredito que não vou sentir pelo perfil técnico com o qual sempre desempenhei na área pública.

*O editor de política do BNews viajou para Brasília para a cobertura especial da CPI da Covid.

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