Economia & Mercado

Ex-sócio da 99 quer dar milhas em troca de crédito

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Gustavo Câmara aposta agora no setor de fintechs e cria a Virtus  |   Bnews - Divulgação Folhapress

Publicado em 13/05/2018, às 10h08   Folhapress


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Gustavo Câmara, 35, participou da criação do app de corridas 99 com os sócios Paulo Veras, Ariel Lambrecht e Renato Freitas.

Porém não teve a sorte dos demais: já não era sócio da empresa quando ela foi vendida à chinesa Didi em operação que avaliou a startup em US$ 1 bilhão, em janeiro. Um curso de MBA na Espanha em 2012 o afastara da companhia.

Apesar de pouco conhecidos, Câmara e seu pai, Gutemberg de Oliveira, de fato têm uma marca discreta no site oficial da empresa. Na área onde se conta a história da 99, o nome deles aparece em nota de rodapé marcada por asterisco como ex-sócios.

O divórcio aconteceu com alguma disputa. A relação entre ele e os demais fundadores da 99 começou em 2012, quando juntos rascunhavam a ideia e buscavam as primeiras parcerias para o negócio.

Com a viagem de estudos de Câmara, ele e os demais idealizadores da empresa tentaram seguir juntos remotamente. Porém, segundo um executivo que trabalhou na 99 por quatro anos, as coisas não fluíam bem com a distância.

Na hora de formalizar o negócio, em 2013, ficaram Paulo, Ariel e Renato. Os três preferiram não comentar o caso.

Em 2015, Câmara e seu pai entraram na Justiça pedindo que fosse reconhecida a participação dos dois na empresa.

Surpreendido ao ser questionado sobre o processo, o empreendedor demonstrou desconforto e disse que a situação está totalmente resolvida.

"Os sócios às vezes não concordam com algumas coisas. Mas não tenho nada contra eles. Muito pelo contrário, está tudo resolvido entre nós."

Em sua nova tentativa, agora Câmara aposta no setor de fintechs (empresas iniciantes de tecnologia financeira).

A ideia, a partir da Virtus, que criou no fim de 2016, é acelerar o acúmulo de milhas por quem tem limite sobrando no cartão de crédito.

A empresa quer unir duas pontas do mercado: de um lado, consumidores que gostam de acumular milhas para viajar e têm limites altos no cartão, e, de outro, quem não tem acesso a financiamento. A ideia é que os com cartão disponibilizem à Virtus parte de seu limite que não é usada para ser emprestada aos demais.

Câmara diz que, como a Virtus captará dinheiro a preço baixo, conseguirá levar empréstimos a quem não é atendido pelo sistema financeiro.

A startup fará um débito mensal dentro do limite estabelecido na fatura de quem quer ganhar milhas e depositará o dinheiro para esse cliente antes da data do pagamento dela. Com isso, ele acumulará pontos em seus programas de fidelidade sem ter gasto nenhum dinheiro.

Na outra ponta, o dinheiro que a Virtus pegar emprestado servirá para financiar quem não tem acesso a crédito. Isso será feito a partir do lançamento da modalidade de pagamento boleto parcelado com sites parceiros e em lojas físicas que fechem acordo com a Virtus. A fintech será responsável pela análise de crédito.

"Queremos ser como o carnê das Casas Bahia, em versão 2.0", diz.

Parece estar dando certo. Sua empresa foi escolhida em abril para participar de programa de aceleração de startups promovido pela Visa.

Classificação Indicativa: Livre

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