Economia & Mercado

Ex-presidente da Petrobras classifica política atual da empresa como "desastrosa" e diz que “finalidade é fazer caixa a curto prazo”

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Sérgio Gabrielli avaliou a crise da estatal e a venda da Refinaria baiana Landulfo Alves   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza /Bnews

Publicado em 31/05/2018, às 14h13   Tamirys Machado


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O ex-presidente da Petrobras (2005-2012) José Sérgio Gabrielli, avaliou a política atual de preços adotada pela estatal e classificou como “desastrosa e equivocada”. Ao BNews, na noite desta quarta-feira (30) durante a mesa-redonda "Crise, Petróleo e Perplexidade", realizado na UFBA, em Salvador, Gabrielle explicou que a variação de preços constante na empresa prejudica a economia e os acionistas, porém, segundo ele, permite “fazer caixa a curto prazo”. 


“A Petrobras não é uma barraca de feira que ajusta o seu preço se tem mais gente comprando ou mais vendendo. A Petrobras é uma empresa grande que controla mais de 90% do refino brasileiro, numa situação dessa não há necessidade, não é bom para o acionista, que fique variando todo dia o preço do mercado. A variação diária provoca uma série de desequilíbrio no conjunto de setores que depende do petróleo. O petróleo é chave e estratégico para qualquer economia. Você não precisa variar todo dia, isso não quer dizer que os acionistas vão ter prejuízo. Ao não fazer isso você pode ter uma estabilidade de longo prazo, que ganha quando o preço cai e perde quando o preço sobe. Foi o que nós fizemos durante o tempo que estávamos na diretoria da Petrobras”, avaliou. 

Nos últimos dias, a Petrobras voltou a aumentar o preço da gasolina, depois de cinco quedas consecutivas do valor do combustível. A partir desta quinta –feira (31), o preço nas refinarias subirá 0,74% e passará a ser de R$ 1,9671 por litro. Somente no mês de maio, já foram anunciadas 13 altas e 6 quedas no preço da gasolina.


Questionado porque a estatal varia tanto o preço baseando-se no dólar, Gabrielle respondeu que há duas razões. “A meu ver, por duas razões: por um lado para dar uma sinalização ao mercado que os preços vão variar livremente e ao variar pode atrair investidores para o refino e um segundo elemento que me parece ainda mais grave, é de que a empresa está diminuindo a produção do refino brasileiro. As refinarias estão funcionando com capacidade ociosa muito grande. A refinaria baiana [Landulfo Alves] 52% de capacidade utilizada”. 


Sobre a venda de 60% da Refinaria Landulfo Alves, prevista para junho, o ex-presidente disse que a política adotada pelo atual governo é justamente para atrair compradores. “Exatamente para viabilizar e atrair compradores. O que está sendo feito é uma política que tem como objetivo atrair compradores para as refinarias, o que é um desastre porque você cria um desequilíbrio completo da economia com o fim de vender ativos para fazer caixa em curto prazo. E diminuir sua capacidade de longo prazo. 


Conforme ele, a diferença fundamental entre o governo Temer, para os governos Lula e Dilma, é que o governo atual  amplia o volume de importações e reduz a capacidade de produção local. “Não só essa, mais além disso, tínhamos na nossa época uma economia crescendo uma refinaria funcionando a 93% de capacidade. Nós estamos exportando petróleo cru, esse petróleo está sendo refinado lá fora e nós estamos importando o derivado, o que sai mais caro. São erros desse tipo. A Petrobras fez uma escolha de vender ativo para fazer caixa no curto prazo. É uma escolha equivocada”, avaliou. 

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