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Facebook chega aos 15 anos com receita em alta e sob escrutínio

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Próxima polêmica promete vir de integração com WhatsApp e Instagram   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 03/02/2019, às 23h22   Folhapress



Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, começou e terminou 2018 com pedidos de desculpas. A quebra de confiança com parte da rede social não impediu a companhia de chegar aos 15 anos reafirmando seu potencial financeiro, com crescimento de 30% na receita trimestral, lucro recorde e aumento da base de usuários, que chegou a 2,53 bilhões por mês.

Na quarta-feira (30), a empresa informou que, no ano em que enfrentou o maior escrutínio em razão de casos de violação de dados, a receita cresceu 37%, e o lucro, 39%.

Apesar de amargurar queda nas ações ao longo de 2018, a gigante reanimou investidores ao mostrar resultados firmes e delinear a ambição dos anos seguintes: integrar a família de produtos —Facebook, WhatsApp e Instagram.

A empresa planeja redesenhar os aplicativos e reunir o serviço de troca de mensagens das três plataformas. A mudança deve ocorrer em 2020.

Para analistas, a estratégia tende a garantir mais lucro e firmar a empresa em mercados emergentes onde o WhatsApp não encontra rival à altura, como Índia e Brasil.

“Já é difícil ter competidor em países em desenvolvimento, imagine com a fusão dos três”, diz Yasodara Córdova, pesquisadora na Digital Harvard Kennedy School.

A forma como o Facebook conduzirá essa transformação ainda é incerta, mas a justificativa para o plano é simples. O Facebook terá mais condições de entender o fluxo de mensagens e, assim, direcionar melhor os anúncios. 

Para ter WhatsApp, a pessoa fornece o número de celular, que pertence à infraestrutura das operadoras. Num futuro próximo, talvez possa acessar pelo login do Facebook.

“Ao integrar os produtos, o grupo fecha o ciclo e se posiciona em todos os cantos da internet. Há o app Instagram, o ponto web do Facebook e o espaço para mensagens. Amplia os pontos de venda para incluir publicidade”, acrescenta a pesquisadora.

Nessa etapa de vida, a base de usuários do Facebook nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa parece ter estagnado, apesar de a precificação por usuário (o quando cada um gera de receita) ainda ser maior em relação a outras regiões.

Os dois países juntos adicionaram apenas 1 milhão de novos usuários em 2018. A Europa registrou mais 4 milhões. Já a Ásia-Pacífico e o resto do mundo, 74 milhões e 45 milhões, respectivamente.

Brasil e Índia são dois países percebidos como mercados de experimentação na curva de maturidade do segmento móvel. 

Segundo a empresa de análise de dados App Anie, a dupla é fraca em receita vinda de celulares, mas fundamental para formar hábitos e gerar as fases de adoção e ubiquidade, quando consumidores começam a gastar em aplicativos, em países como Japão, EUA e China.

“Apesar de crescer pouco em países mais ricos, as pessoas que já estão nos produtos do Facebook acessam e gastam. O importante será fazer com que fiquem mais tempo conectadas”, diz William Castro Alves, da Avenue Securities, que acompanha empresas listadas na Bolsa americana.

Além da futura integração, “que será o debate do ano”, Alves destaca o papel dos stories do Instagram no próximo ano da empresa. “Vai virar um canal cada vez maior de anúncios.” 

Os stories contam com 500 milhões de usuários ativos. Brasil e Índia são, novamente, os que passam mais horas  ligados a aplicativos do tipo.

Os números otimistas do debute do Facebook, no entanto, não inibem os problemas. Apesar do investimento em segurança da informação (são 30 mil funcionários, ante 10 mil de poucos anos atrás), Zuckerberg ou Sheryl Sandberg, chefe de operações executivas, têm de dar uma nova explicação a cada semana. 

O caso mais recente envolve o pagamento de US$ 20 para que adolescentes testassem aplicativos para investigar seus hábitos de consumo.

Em 2018, foram três casos graves de violação de privacidade, uso massivo da rede para desinformação em democracias e falhas de segurança envolvendo dados de dezenas de milhões. Zuckerberg, que havia prometido “consertar o Facebook”, ponderou no último discurso que “ainda vamos cometer erros ao longo do caminho”.

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