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Credores aprovam plano de recuperação da Abril que prevê venda da revista Exame e imóveis

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O plano vai agora para homologação judicial, o que deve acontecer em poucos dias   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 27/08/2019, às 20h10   Folhapress



O plano de recuperação judicial do Grupo Abril foi aprovado na tarde desta terça-feira (27) por 98% dos credores, reunidos em assembleia em São Paulo. Eles representam 92% da dívida total.

O plano vai agora para homologação judicial, o que deve acontecer em poucos dias. A partir daí, serão programados leilões para a venda de três ativos: a revista Exame; o prédio do grupo na Marginal Tietê, em São Paulo; e imóveis na região de Campos do Jordão, no interior paulista.

A primeira alienação, pelo cronograma do plano, será da Exame, em até quatro meses. A expectativa é de que a unidade seja adquirida pelo Banco BTG Pactual. A ideia do banco seria estabelecer, sobretudo com o site e o aplicativo, um negócio semelhante a outros no setor de mídia e finanças, vinculando noticiário a ferramentas de investimento. É o modelo de operações como Infomoney, da XP Investimentos.

As vendas visam cobrir parte da dívida acumulada pelo grupo, que soma R$ 1,6 bilhão. Desse total, R$ 1,1 bilhão já foram adquiridos com desconto pelo BTG, junto aos três grandes bancos credores, Itaú, Bradesco e Santander.

Os ativos à venda foram separados em Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), dispositivo previsto em recuperações judiciais no país, compondo um "conjunto de bens organizados para fins de alienação", como descreve o plano.

São apresentadas como UPIs "obrigatórias" a Exame, o imóvel histórico do grupo na Marginal Tietê, em São Paulo, e outros imóveis, somando 750 mil metros quadrados, na região de Campos do Jordão, no interior paulista. Os bens serão leiloados em diferentes prazos.

Depois da revista, a UPI Marginal Tietê seria vendida também com "processo competitivo" em até 20 meses após a homologação do plano, e a Campos do Jordão, em até 36.

Outros dois conjuntos de bens podem ser incluídos na alienação, segundo o plano. As UPIs "facultativas" seriam a Casacor, que nasceu como revista e hoje, além de site de serviços, é uma operação que envolve sobretudo eventos, inclusive nos EUA, e a Tex Courier, uma das empresas de distribuição do grupo.

O plano trata dos funcionários demitidos pela Abril desde dezembro de 2017, calculados em perto de 1.300, e prevê pagamento das dívidas na íntegra até o valor de R$ 250 mil. Acima disso, os pagamentos passariam por um deságio escalonado.

Uma assembleia conjunta de quatro sindicatos, de jornalistas, gráficos, administrativos e distribuidores, que negociam com o grupo desde o ano passado, homologou os termos acertados para o plano, com a garantia de que todos os pagamentos, até R$ 350 mil, sejam feitos até fevereiro de 2019.

"Desde o início da recuperação judicial, o sindicato batalhou para receber integralmente o mais rápido possível, e a gente conseguiu agora chegar a esse acordo", diz Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que estará presente na assembleia.  

Uma questão abordada no plano abrange a situação do jornalista André Rizek, hoje no canal SporTV, que vem gerando controvérsia.

A Abril foi condenada, num processo de indenização envolvendo a revista Placar, a pagar cerca de R$ 800 mil. Como o grupo entrou em recuperação, o autor da ação decidiu executar Rizek, que foi repórter da publicação e condenado como co-réu.

O plano apresentado prevê que o grupo pague menos da metade desse valor, mas o sindicato vai defender a mudança para o ressarcimento na íntegra, enfatizando que o caso não se restringe a um jornalista.

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