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Bairros inteiros de Maceió são evacuados após mineração da Braskem afundar solo

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Assunto ganhou as redes sociais nos últimos dias, com campanhas em massa envolvendo digitais influencers pedindo apoio para dar visibilidade ao caso  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 05/05/2021, às 19h08   Henrique Brinco


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A capital do estado do Alagoas, Maceió, vem enfrentando um processo grave de afundamento do solo provocado pela atividade de extração de sal-gema da Braskem. O mineral é utilizado na produção de soda cáustica e PVC. Bairros inteiros estão sendo evacuados e o assunto ganhou as redes sociais nos últimos dias, com campanhas em massa envolvendo digitais influencers pedindo apoio para dar visibilidade ao caso. As milhares de postagens que tomaram a rede foram puxadas pelo influenciador Alvaro Xaro, morador da capital alagoana.

Reportagem do jornal Valor Econômico aponta que os problemas decorrentes da extração em Maceió pela Braskem surgiram em março de 2018, quando foram registrados abalos sísmicos em um conjunto de bairros da cidade, provocando largas fissuras nas paredes dos imóveis e pânico na população. Em maio do ano passado, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) concluiu que os tremores estavam ligados aos poços de sal da empresa.

Segundo o jornal, após sucessivas atualizações, o mapa da região atingida pelo afundamento já representa 5,6% de toda área urbana de Maceió. "Nas últimas semanas, houve um aumento nos registros de rachaduras em imóveis fora da região demarcada, enquanto viralizaram nas redes sociais vídeos com depoimentos de moradores chamando atenção para o 'afundamento de Maceió'", ressalta a publicação.

A empresa vem fazendo acordos e pagando indenizações. Os bairros de Pinheiros, Bom Parto, Mutange e Bebedouro, por exemplo, foram desocupados nos últimos meses. Com a saída dos moradores, as áreas estão vazias e os imóveis estão destelhados. A empresa alega, contudo, que um acordo firmado com os moradores permite que eles retirem os objetos e materiais dos imóveis, justamente para evitar invasões, e também nega que haja abandono.

Em nota ao BNews, a Braskem declarou "que vem cumprindo rigorosamente as ações previstas no acordo assinado, em janeiro de 2020, entre a empresa, o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE)". "A prioridade da Braskem é a segurança das pessoas nos bairros atingidos pelo fenômeno geológico, propondo e realizando ações com essa finalidade", declarou.

(Davysson Mendes/Secom Maceió)

Segundo a empresa, "o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF) já identificou todos os 14.319 imóveis incluídos no mapa definido pela Defesa Civil de Maceió, dos quais 12.426 estão desocupados, somando cerca de 50 mil pessoas fora das áreas de risco". "A desocupação está sendo feita antes mesmo que todos os estudos sobre o fenômeno geológico na região sejam finalizados, para priorizar a segurança dos moradores. Até o momento, a Braskem apresentou 6.122 propostas às famílias, com índice de aceitação de 99,8%, e já pagou cerca de R$ 827 milhões em indenizações, auxílios-financeiros e honorários de advogados. Os dados são apresentados regularmente às autoridades que fazem parte do acordo. A empresa tem provisionados R$ 10,1 bilhões para cumprir os acordos firmados com as autoridades, tanto de indenização das famílias quanto de compensações socioambientais e urbanísticas", ressalta.

Além disso, a empresa diz que "está instalando uma rede de sismógrafos para acompanhar a estabilidade do terreno, que será doada para a Defesa Civil, bem como está promovendo o fechamento e preenchimentos dos poços de sal, desativados desde maio de 2019, de acordo com técnicas e estudos encomendados junto a empresas técnicas de renome, e todos estão sendo monitorados permanentemente, para aumentar a segurança nos bairros". "Um termo de acordo socioambiental foi assinado em dezembro último, e em breve começarão a ser feitas ações como a recuperação da vegetação da encosta do Mutange e outras, sempre definidas em conjunto com o poder público e com participação popular".

A empresa finaliza declarando que "é importante falar também do compromisso da Braskem com Alagoas, onde temos duas fábricas que geram mais de 500 empregos diretos e 2.000 indiretos e movimentam R$ 1,5 bilhão na economia, com pagamento de R$ 150 milhões em ICMS".

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