Economia & Mercado

Sérgio Vilalva: Logística de varejo, Salvador pode e deve

Publicado em 21/05/2013, às 13h21   Redação Bocão News (@bocaonews)


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Nós, militantes no disputado, e importante, segmento de logística, temos muitos motivos para acreditar no futuro. Investimentos são feitos, muitos anunciados e outros tantos em fase avançada de projetos vêm norteando o setor. Poderíamos citar vários deles, mas chamo atenção para o fato de estarmos investindo, ou buscando novos recursos, sempre para suprir uma demanda, muitas vezes contratada temporariamente.

Em vários modelos, a exemplo do que ocorre na mineração, é até natural que seja assim. Mas, se tratando da complicada equação de distribuição do varejo nas grandes capitais, a história muda completamente. Ora, os estudos apontavam, o tempo passou, o desenvolvimento das metrópoles chegou, a mídia não para de cobrar as intervenções necessárias, e o varejo sofre as consequências.

Defendo que a prefeitura de Salvador deva criar, em conjunto com o setor, opções para modernizar a roteirização de distribuição e armazenagem dos varejistas. Fóruns específicos devem analisar o porquê de questões pontualmente debatidas, como a famigerada lei de carga e descarga, não possam funcionar a contento em nossa cidade.

Pode e deve.

Assim como Camaçari, Simões Filho e Candeias, algumas áreas da capital baiana podem e devem receber pequenas centrais de distribuição. Em alguns setores, mais de 80% do fluxo de entregas se concentra na Região Metropolitana. Empresários reclamam dos custos, mas bancam lojas maiores em caríssimos centros comerciais, usando - vejam só! - amplos salões para estoque, em detrimento de um galpão no Subúrbio.

Por que não levar uma central para um bairro popular, com farta mão de obra na porta, preço de locação competitivo e fugindo da retenção do trânsito? Claro que sim, mas precisamos abrir o leque de opções para o empresariado, a fim de facilitar e dar condições aos investidores, não conhecedores dos meandros próprios da Bahia, a entender melhor a complexidade da nossa metrópole.

Assim como propalam que o turista fugiu do centro de Salvador, pois, quando desembarca no Aeroporto, viram a direita em direção à bela Linha Verde, também os altos escalões de grandes grupos buscam o mesmo caminho, atraídos pelas vantagens oferecidas por outras cidades. Um exemplo é Alagoinhas, novo polo de investimentos por parte de multinacionais e com largo futuro de desenvolvimento à frente.

Repito: Salvador pode e deve.

Num simples mapeamento podemos constatar que a força trabalhadora, que presta serviços de qualidade nesses centros, reside em Salvador, transformando-a em uma infernal cidade-dormitório. Lanço uma provocação aos secretários Guilherme Bellitani e José Carlos Aleluia para voltar seus olhares para a nossa querida rodovia BR-324, a conhecida Salvador-Feira.

Nos últimos anos, poucos investimentos foram realizados no entorno que compreende Salvador. Costumo dizer que a especulação imobiliária pegou a estrada, jogou os preços pra cima e afugentou investimentos em ativos, deslocando empregos para alguns quilômetros à frente.

Basta rodar até o Km 10-11, que vemos muita terra, onde deveríamos encontrar modernas Centrais Logísticas além daquelas já instaladas, como em outras capitais. O setor imobiliário precisa, mais que nunca, mudar o seu foco para novas operações, sob pena de essa área nobre ficar relegada a projetos sem nenhuma atratividade.

Podemos exercitar o dever de cidadão em ajudar no trabalho de atrair empresas. A renda advinda é consequência lógica da atividade comercial. Pequenos e médios empresários estão realizando negócios imobiliários de porte, com rendimentos longos e riscos bem menores na compra de terrenos em regiões muito pouco exploradas.

Seria o caso de criar, com urgência, um pacote de incentivos da prefeitura para alavancar os investimentos dedicados a esses locais ainda desprezados e pouco aproveitados? Quantos empregos diretos e indiretos serão aportados e quantos milhões de reais aplicados? No meu entendimento, Salvador pode e deve mudar. E há tempo para isso.

Sergio Vilalva  é empresário e consultor em logística


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