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Dupla listagem do Nubank é momento histórico para o mercado, diz diretor de bolsa dos EUA

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A dupla listagem pode representar uma nova tendência para as próximas empresas brasileiras  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 09/12/2021, às 19h01   Lucas Bombana/Folhapress


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A abertura de capital do Nubank (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Nova York (Nyse), nos Estados Unidos, com uma listagem simultânea por meio de certificados das ações na B3 via BDRs, pode representar uma nova tendência para as próximas empresas brasileiras interessadas em buscar recursos no mercado global.

Brasileiro radicado nos EUA, Alex Ibrahim, chefe de mercados internacionais da Nyse, classifica o formato escolhido pelo banco digital para a oferta inicial de ações como um "momento histórico" para os investidores.

"Estamos trabalhando com várias empresas do Brasil e da América Latina neste momento. O pipeline [operações no radar] é forte. E, se tudo correr bem, acredito que no primeiro e no segundo trimestre de 2022 vamos ter outras empresas brasileiras se listando aqui na Nyse", afirma Ibrahim.

Além do setor de tecnologia, ele cita consumo e saúde entre os segmentos de atuação mais comuns das empresas interessadas em se listarem na bolsa americana.

PERGUNTA - Qual sua avaliação sobre a estreia dos papéis do Nubank na Nyse, com o banco sendo avaliado como o mais valioso da América Latina?

ALEX IBRAHIM - A Bolsa de Nova York está supercontente pela listagem do Nubank na nossa plataforma. O banco está se juntando a uma comunidade de 31 empresas brasileiras que já estão listadas aqui, com um valor de mercado de quase US$ 500 bilhões.

A precificação e a listagem do Nubank foi um momento histórico para a Bolsa de Nova York e para o Brasil também. A transação foi muito diferente do que temos visto no mercado recentemente. O Nubank fez a listagem das ações nos EUA e listou os BDRs no Brasil. Isso é uma forma inovadora de acessar capital no mercado americano e no brasileiro.

A nossa visão é a que, às empresas brasileiras, faz sentido estarem listadas no seu mercado local. Por isso que a inovação do Nubank cria uma possível referência para outras empresas utilizarem esse formato no futuro. Quando as empresas estiverem pensando em fazer captação global, elas poderão considerar fazer a listagem na Nyse, mas também optar por fazer a listagem no mercado doméstico de origem.

O mercado brasileiro é muito forte e tem um potencial enorme, mas a listagem em Nova York traz um novo componente que não existe no Brasil, que são os diversos investidores dedicados ao setor de tecnologia, de saúde. Isso é algo que tem muito valor.

P. - Qual sua expectativa em relação à procura de empresas brasileiras por fazer o IPO na Nyse em 2022?

AI - Estamos trabalhando com várias empresas do Brasil e da América Latina neste momento. O pipeline é forte. E, se tudo correr bem, acredito que no primeiro e no segundo trimestre de 2022 vamos ter outras empresas brasileiras se listando aqui na Nyse.

A maioria delas é do setor de tecnologia, mas não deixaria de lado os setores de consumo e de saúde, que são setores que têm despertado um interesse muito grande dos investidores globais.

P. - Quais as principais razões que contribuem para as empresas brasileiras se interessarem em fazer a listagem das ações nos EUA?

AI - A razão principal é a forma como negociam os papéis. As empresas listadas na Bolsa de Nova York negociam com menos volatilidade, mais liquidez, e é um mercado que atrai investidores globais do mundo todo, é algo muito atrativo para as empresas do Brasil.

A segunda razão é pelo fato de poderem fazer parte de uma comunidade internacional de 2,5 mil empresas, sendo que 520 delas não são americanas, representadas por 46 países. Cerca de 78% das empresas do S&P 500 estão listadas na Nyse. E quase 72% dos IPOs do setor de tecnologia nos últimos cinco anos foram na Nyse. As empresas querem fazer parte desta comunidade.

Um terceiro ponto muito importante é a visibilidade que as empresas recebem no momento do IPO. A abertura do Nubank foi vista no mundo inteiro.

P. - A alta dos juros pelo Fed tende a gerar algum desaquecimento na procura de empresas brasileiras em fazer o IPO na Nyse?

AI - Acredito que o ano que vem vai ser um ano forte para IPOs. Estamos em conversas com várias empresas neste momento. E se o mercado continuar aquecido como tem sido até agora, acredito que o ano que vem pode ser bom para empresas brasileiras [fazerem o IPO na Nyse], principalmente no primeiro semestre de 2022. Há um pouco de volatilidade no mercado agora, mas isso eventualmente pode se ajustar nos próximos meses.

Classificação Indicativa: Livre

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