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Ford e Volks fecham maior aliança global automotiva

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Publicado em 16/01/2019, às 11h47   Redação BNews


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A nova parceria junta o grupo Volkswagen, que tem revezado com Toyota o primeiro lugar entre os maiores produtores de veículos, e Ford, na quinta colocação, segundo dados de 2017.  De acordo com matéria do Valor, isso representa uma produção em torno de 17 milhões de veículos por ano e 842 mil trabalhadores espalhados pelo mundo e com forte presença no Brasil. No ano passado, o faturamento da Ford somou US$ 156 bilhões e o da Volks, € 230,7 bilhões.A estratégia da parceria não pode, porém, ser analisada como uma simples soma de valores. Os dois lados deixaram claro, ontem, que não se trata do surgimento de uma nova empresa, por meio de joint venture, ou troca de participações acionárias. É uma aliança voltada ao compartilhamento de custos para desenvolvimento de novos veículos.

O plano começa com picapes e vans na Europa, América Latina e África do Sul, em 2022, e seguirá com sinergias em projetos de carros elétricos e autonômos, além de serviços de mobilidade. Se os planos derem certo, os primeiros resultados de melhoria de eficiência em ambos os lados vão aparecer em 2023.

Ainda segundo a publicação, a aliança será dirigida por um comitê conjunto, liderado pelos presidentes das duas montadoras. Trata-se de um modelo diferente de parcerias como Fiat e Chrysler, na qual a Fiat adquiriu a Chrysler, que estava à beira da falência. Ou mesmo Nissan e Mitsubishi, duas empresas que estavam em graves dificuldades financeiras quando se juntaram à Renault

Ter agido de maneira firme ao reconhecer um erro e tentar limpar a imagem, arranhada pelo escândalo da fraude nos testes de emissões de motores a diesel, foi um ponto positivo para a Volks no trabalho de aproximação com Ford. 

Em abril de 2018, o grupo Volkswagen anunciou a saída de Matthias Müller da presidência mundial da companhia e escolheu um executivo que não estava na empresa na época em que se descobriu que a montadora usou um software para manipular as emissões de gases poluentes nos seus veículos.  O substituto foi Herbert Diess, que na época trabalhava na BMW. Dois meses depois, começaram as negociações entre Volks e Ford.

Diess apareceu no salão do automóvel em Detroit na segunda-feira e anunciou planos de investimentos na fábrica do Tenessee. Ontem, no entanto, ele e seu par na Ford, Jim Hackett, recolheram-se, discretamente no escritório da montadora americana, em Dearborn, vizinha à detroit.

Dali, conduziram uma teleconferência com imprensa e investidores. Apesar da prudência para evitar ofuscar as demais novidades na exposição, o anúncio da parceria já havia se tornado o principal assunto do salão.

No "The Henry", hotel bem próximo ao escritório da Ford, Lyle Watters e Rogélio Golfarb, presidente e vice das operações da empresa americana na América do Sul, acompanharam atentamente ao anúncio junto com Gabriel Lopez, presidente da Ford Argentina.  O trio vibrou quando Diess comentou, na teleconferência, que a próxima geração da picape Amarock, da Volks, será feita na plataforma da Ranger, da Ford. Os dois veículos são feitos na Argentina, em fábricas vizinhas.

Com a parceria, a Volks ganha impulso no desenvolvimento de picapes, no qual a Ford é especialista. Já em relação aos automóveis, assunto pouco detalhado ontem, a Ford tende a se beneficiar da ampla linha de modelos da Volks e sua elevada participação nos mercados da Europa e América Latina.

No anúncio de ontem não se falou sobre fechamento de fábricas ou corte de pessoal por conta da parceria. A Ford havia anunciado, na semana passada, drástico plano de enxugamento na Europa. Watters aventou a possibilidade de as picapes sul-americanas serem produzidas na mesma fábrica, mas que nada disso foi ainda discutido.

No anúncio de ontem não se falou sobre fechamento de fábricas ou corte de pessoal por conta da parceria. A Ford havia anunciado, na semana passada, drástico plano de enxugamento na Europa. Watters aventou a possibilidade de as picapes sul-americanas serem produzidas na mesma fábrica, mas que nada disso foi ainda discutido.

Para Watters, a transição será tranquila, já que a Ford tem experiência de parcerias com outras empresas, como desenvolvimento de motores a diesel com PSA Peugeot Citröen, na Europa, e a produção de vans com a Koc, empresa local na Turquia, além de Mahindra, na Índia, e JMC na China.

Para ele, o compartilhamento de tecnologias com a Volks trará benefícios em escala e custos sem desrespeitar a identidade das marcas. Apesar do suspense que cercou o anúncio e de os executivos darem a entender que muito ainda está para ser discutido, a nova parceria começou a andar mais rápido do que muito imaginam. 

Na semana passada, a Ford mostrou, durante a Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia em Las Vegas, um sistema por meio do qual o carro se comunica com outros veículos e o faz parar quando um pedestre atravessa a rua. A tecnologia foi desenvolvida em conjunto com a fabricante de chips Qualcomm e com Audi e Ducati, duas marcas do grupo Volks.

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