Economia & Mercado

Braskem e Petrobras devem assinar novo contrato de nafta

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A estatal, segunda maior acionista da Braskem, é também sua principal fornecedora e a nafta ainda é a matéria-prima mais utilizada nas operações no Brasil  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Braskem

Publicado em 19/05/2020, às 12h45   Redação BNews


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As negociações entre Braskem e Petrobras para celebração de novo contrato de nafta estão avançando, de acordo com informações do Valor Econômico.  Os termons devem ser anunciados breve. A estatal, segunda maior acionista da Braskem, é também sua principal fornecedora e a nafta ainda é a matéria-prima mais utilizada nas operações no Brasil.

O início das conversas em torno do novo contrato, que cobre mais de 10% de toda matéria-prima consumida pela Braskem, foi iniciado em 2019, mas não foi amistoso, segundo apurou o Valor. As negociações voltaram a fluir depois da troca de comando na Braskem, que ocorreu em novembro, após a Petrobras gazer pressão sobre a sócia Odebrecht pela mudança.

A estatal pretende vender parte de suas refinarias neste ano, apesar da crise desencadeada pela Covid-19. A garantia de contratação de derivados tende a valorizar esses ativos, o que também teria incentivado a busca por um entendimento sobre a nafta neste momento. O contrato de nafta com a Braskem deve ser assinado ainda no primeiro semestre.

Segundo informações do Valor Econômico, com a queda no consumo de combustíveis no mercado doméstico, na esteira das medidas de isolamento para conter o avanço da covid-19, a Petrobras se viu com excedente de nafta e a Braskem aceitou sentar-se à mesa para negociar volumes adicionais - a empresa é a única compradora de nafta no mercado brasileiro. No início de maio, a petroquímica informou a assinatura de um aditivo ao contrato firmado em 2015, acertando a compra de nafta adicional em abril, substituindo os volumes que seriam importados.

O aditivo abrangeu 220 mil toneladas, das quais 190 mil toneladas com um desconto de US$ 35 por tonelada para as centrais petroquímicas na Bahia e no Rio Grande do Sul e 30 mil toneladas para o complexo petroquímico paulista, com desconto de US$ 35 por tonelada, tomando-se como referência a cotação ARA (índice de preço formado nos portos de Amsterdã, Roterdã e Antuérpia).

O contrato a que se referiu a Braskem no comunicado tem prazo de cinco anos e foi fechado às vésperas do Natal de 2015, após alguns aditivos ao acordo anterior - encerrado em 2014 em meio às investigações da Operação Lava-Jato. A Braskem admitiu o pagamento de propina para ser favorecida nesse acordo anterior, que havia sido firmado em 2009 e previa um intervalo de preço variável de 92,5% a 105% da cotação ARA.

Há cinco anos, a Petrobras entregava cerca de 70% da matéria-prima utilizada pela Braskem nas operações brasileiras, ou cerca de 7 milhões de toneladas por ano. Hoje, a nafta ainda é relevante, mas vem perdendo participação na matriz de insumos da petroquímica. Em 2019, correspondeu a 38% do consumo total, contra 90% dez anos antes. Da nafta total usada no ano passado, 36% veio da Petrobras e o restante foi importado.

A forte desvalorização do petróleo e a pandemia de covid-19, que teve efeito pontual no consumo de nafta nacional em abril, não influenciaram os termos do novo contrato de longo prazo, segundo uma fonte ouvida pelo Valor. 

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