Política

Nota de R$ 200 contraria medidas de combate à lavagem de dinheiro, defendem especialistas

Antonio Cruz/ Agência Brasil
Investigadores valiam que nova cédula aumenta a capacidade de ocultação de dinheiro ilícito em voos, por exemplo. Banco Central nega hipótese  |   Bnews - Divulgação Antonio Cruz/ Agência Brasil

Publicado em 02/08/2020, às 08h46   Redação BNews


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A criação da cédula de R$ 200, anunciada pelo Banco Central (BC) na última semana, vai na contramão do combate à lavagem de dinheiro. Ao menos é o que defendem especialistas ouvidos pela coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo. A instituição financeira não consultou nenhum dos órgãos de controle e investigação, como Coaf e o Ministério da Justiça. 

A Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla), criada em 2003 por iniciativa do Ministério da Justiça, por exemplo, elaborou um anteprojeto com base na proposição de medidas para aprimorar controles ao uso de dinheiro em espécie em durante a realização de crimes. 

Investigadores citam o exemplo de doleiros que foram descobertos pela Operação Lava Jato, e que costumavam transportar dinheiro em voos pelo País. A capacidade de ocultação no corpo é limitada: R$ 300 mil se as notas fossem de R$ 100, e de R$ 150 mil se fossem de R$ 50, segundo inquéritos. Com a nova cédula, estima-se que eles poderiam levar até R$ 600 mil nessas ocasiões.

Em nota, o BC afirmou que o país tem normas de combate à lavagem alinhadas às “melhores práticas internacionais” que e as ações da Enccla não contemplaram sugestão de exclusão de cédulas com valores maiores. "A denominação das cédulas não influencia nas medidas propostas naquele anteprojeto de lei", defende. 

Nos últimos anos, o BC e outros órgãos do governo vêm buscando estratégias para reduzir a circulação de dinheiro em espécie com o objetivo de diminuir crimes financeiros. 

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