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Cancelamento do São João deve fazer comércio baiano perder R$ 375 milhões na segunda quinzena de junho

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Os faturamentos que serão mais afetados são os de vestuário, calçados, adereços, decoração, comida típica e supermercados  |   Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 23/06/2020, às 18h00   Márcia Guimarães


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O comércio baiano deve amargar, somente na segunda quinzena de junho deste ano, um prejuízo de R$ 375 milhões por causa da pandemia do novo coronavírus e do cancelamento do São João. Os faturamentos que serão mais afetados são os de vestuário, calçados, adereços, decoração, comida típica e supermercados. Em 2019, esses setores ganharam R$ 1,18 bilhão no estado. No entanto, em 2020, a previsão é de R$ 808 milhões, o que representa uma queda de 32%. 

De acordo com o economista e consultor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze, o baque na economia como um todo tende a ser muito maior porque será preciso contabilizar os resultados do setor de serviços (hotelaria, eventos, turismo, transporte), que é extremamente importante para o São João. 

“Tudo isso vai ser prejudicado. Desde o início da pandemia, o desemprego continua crescendo em todos os setores na Bahia. Muitos empregos são adaptados ao período junino. Como não vai ter nenhum evento, não há possibilidade de contratação. Infelizmente, está tendo demissão, o que é um grande problema para a economia e para a renda das famílias. As festas juninas são o Natal do primeiro semestre. Ter um prejuízo tão grande como esse impacta toda uma cadeia produtiva de comércio, serviços e turismo. Toda a conjuntura está dificultando o cenário de consumo”, lamentou Dietze.

Ele destaca que, somente entre março e abril deste ano, o comércio baiano fechou 13,4 mil empregos formais. Para se ter uma ideia da magnitude da crise gerada pelo coronavírus, em todo o ano de 2019, o varejo no estado gerou 5,3 mil empregos formais. 

Canjica e panetone?

O economista e presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia, Gustavo Pessoti, afirma que, se o governo do estado decidisse postergar o São João para o final do ano, proposta que chegou a ser ventilada com a crescente da pandemia, não haveria como reverter as quedas estimadas. Isso porque boa parte da população não se sente segura para ir a festas ou locais de aglomeração e há o temor de uma nova onda de contaminação pelo coronavírus.  

“Acho difícil ou pouco provável que adie. Se ocorresse, não teria efeito positivo para salvar o comércio e ainda poderia provocar uma piora no quadro de infectados e mortes. As expectativas de 2020 estão absolutamente negativas e dificilmente haveria uma reversão nesse quadro”, alertou Pessoti.

Ele aponta que, comparando com 2019, a taxa de consumo das famílias baianas deve ser de menos 13%, em um cenário otimista, e de menos 20,7% em uma estimativa pessimista. Estes números explicam por que a maior parte dos serviços consumidos pela população deve apresentar uma alta retração, inclusive nos setores de entretenimento, cultura e lazer, os quais envolvem os festejos juninos.

“O comércio baiano movimentou R$ 50 bilhões em 2019. Em função da pandemia, a estimativa de perda é de aproximadamente R$ 6 bilhões, uma quantia muito considerável. Se estivéssemos em um cenário normal, o crescimento econômico no estado seria de 2,5% em 2020, o que dá R$ 1,125 bilhão. Agora, a estimativa é de uma queda aproximada de 15%. É uma situação drástica. De janeiro a abril deste ano, já há uma retração acumulada de 8,3%, o que é bastante elevado para um período de apenas quatro meses”, lembrou Pessoti.

Números do coronavírus

A Bahia registrou, até esta terça-feira (23), 49.084 pessoas infectadas pelo coronavírus. São considerados curados 25.255 pacientes, 22.338 encontram-se ativos e 1.491 morreram por causa da doença.

As infecções foram registradas em 362 municípios do estado, com maior proporção em Salvador (50,57%). Os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes estão em em Ipiaú (1.262,18), Itajuípe (1.088,28), Uruçuca (1.081,92), Gandu (1.058,54) e São José da Vitória (1.007,60).

Ainda estão em investigação 105.784 casos. Além disso, 6.554 profissionais de saúde foram confirmados com o coronavírus.

Classificação Indicativa: Livre

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