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Derivada do latim, língua portuguesa é a sétima mais falada no mundo

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Após Roma ocupar a Península Ibérica, idioma se desenvolveu incorporando fala de povos locais  |   Bnews - Divulgação Folhapress

Publicado em 23/04/2018, às 07h14   Folhapress


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O português é a língua oficial de nove países e tem mais de 260 milhões de falantes. De acordo com o instituto americano SIL International, há mais de 7.000 idiomas no mundo, e o português é o sétimo mais falado.

A história da língua começou em uma fatia da Península Ibérica, como se pode ver no projeto da Folha  “O Tamanho da Língua”, que explora a história, a diversidade e as curiosidades do idioma português. 

Parte do grupo das línguas românicas, que inclui o espanhol e o italiano, entre outras, o português é derivado do latim —idioma que teve origem na Itália, na pequena região do Lácio, onde está Roma. 

O latim se disseminou pela Europa juntamente com a expansão do domínio do Império Romano.

Foi com as tropas romanas que o latim chegou à face sul do continente europeu (onde hoje estão os territórios de Portugal e Espanha), entre os séculos 3º e 2º a.C.

Devido a ocupações anteriores, a Península Ibérica já tinha a presença de outros povos (e suas línguas, por consequência), como os celtas. Ao longo do tempo, o latim falado foi incorporando elementos linguísticos dessas e de outras populações. 

Quando o Império Romano ruiu, no século 5º d.C., a Península Ibérica já estava totalmente latinizada, e o idioma manteve-se em uso por seus habitantes. 

Com as invasões dos povos bárbaros, como visigodos, e dos árabes posteriormente, a língua dessa região ganhou mais influências e acabou se diferenciando das demais derivadas do latim. Nascia assim o galego-português. ​

“O galego e o português representam duas faces do mesmo rosto, que é o idioma chamado também, por estudiosos portugueses, de galaico-português”, afirma o gramático Evanildo Bechara, filólogo e membro da Academia Brasileira de Letras. 

“Do ponto de vista gramatical, o português tem características que eram do latim arcaico e que não sobreviveram no latim mais moderno que se implantou na Itália e na Gália [região na França e na Espanha]”, diz Bechara. 

DIVERGÊNCIAS
Entre os linguistas e historiadores, sobretudo em Portugal e na Espanha, a separação entre galego e português ainda é alvo de controvérsia. Há discordâncias como a data da diferenciação e a determinação de que se trata realmente dois idiomas distintos.

No meio acadêmico brasileiro, no entanto, a questão suscita menos polêmica.

Segundo o livro “História da Língua Portuguesa”, da professora Maria Cristina de Assis, a criação do reino de Portugal, proclamada por dom Afonso Henriques, primeiro rei português, no século 12, foi decisiva para a consolidação da língua portuguesa separadamente. 

“A separação entre galego e português, que começou com a independência de Portugal (1185), vem se efetivar com a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar o país. O galego foi absorvido pela unidade castelhana e o português tornando-se língua oficial nacional de Portugal”, relata. 

Para o diretor do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade do Minho, em Braga, Álvaro Iriarte Sanromán, mais importante do que estabelecer um marco temporal de separação dos dois idiomas é reconhecer a língua como um instrumento em permanente mutação. 

“Temos de ter cuidado com discursos sacralizadores da língua, do discurso que tem a língua como símbolo de identidade. Ela está viva porque funciona como veículo de comunicação”, afirma. 

No século 15, com a expansão marítima de Portugal, a língua foi espalhada por suas colônias. O uso de outros idiomas ou dialetos locais era, muitas vezes, proibido. 

Hoje há muito mais falantes de português fora de Portugal, que tem apenas 10 milhões de habitantes. 

Classificação Indicativa: Livre

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