Educação

Exoneração de dirigentes do Colégio Raphael Serravalle gera protestos e causa polêmica; Câmara de Salvador investiga

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Entidades estudantis manifestam repúdio contra saída de Evandro Livramento; SEC diz que unidade passará por mudanças  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 28/09/2020, às 15h26   Henrique Brinco


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A mudança na direção do Colégio Estadual Raphael Serravalle (CERS), uma das instituições de ensino mais tradicionais de Salvador, está gerando protestos entre estudantes e professores. A Ouvidoria da Câmara de Salvador recebeu um ofício repudiando a exoneração do diretor Evandro Livramento, do vice e da secretária escolar, que foram eleitos democraticamente pela comunidade. Uma nova gestora foi nomeada no final de agosto, sem mais explicações.

"Exoneraram a gestão toda sem nenhuma explicação e colocaram uma pessoa de fora da comunidade. Provavelmente uma indicação política. Agora a comunidade está mobilizada querendo escolher a gestão de forma democrática, como tem que ser", relata uma professora, em anonimato, ao BNews. A servidora também relata que a comunidade estudantil tenta uma audiência com o secretário de Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT), para discutir o caso.

"Sem consulta à comunidade escolar, o comunicado da exoneração foi feito através do Diário Oficial, decisão partida do Governo do Estado da Bahia. O ato de exonerar os diretores da unidade é uma escalada do autoritarismo e representa o total descompromisso com a transparência", destacou o estudante Isac Santos, vice-presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) na Bahia

A vereadora e ouvidora-geral da Câmara, Aladilce Souza (PCdoB), reuniu-se com representantes da unidade da rede estadual de ensino para escutar as demandas sobre a situação. "Este ofício merece um olhar cuidadoso e atencioso. O Colégio Serravalle e toda a comunidade escolar, que elegeu uma chapa democraticamente, precisam de um posicionamento do Estado. Já estamos cobrando uma audiência com o secretário de Educação", enfatizou Aladilce, em nota.

Procurada pelo BNews, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) declarou que "a exoneração e a nomeação da equipe gestora foram feitas em conformidade com as prerrogativas legais da Secretaria". "A SEC informa que a unidade escolar passará por requalificação na infraestrutura física e terá novas ofertas de ensino", relata a pasta.

Mais protestos
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb) também protestou contra a mudança na direção do colégio. "Em defesa dos processos democráticos, do respeito à comunidade escolar e da eleição que havia escolhido os gestores exonerados do Colégio Raphael Serravalle, a ADUNEB repudia as atitudes adotadas pelo governador Rui Costa e pelo secretário Jerônimo Rodrigues. Estamos inseridas/os em uma conjuntura nacional de retrocessos no âmbito educacional, social e democrático, causadas pela política do governo federal de extrema direita de Jair Bolsonaro. Diante desse cenário, o mínimo que se espera de um governo estadual, eleito pelo povo e por um partido alicerçado nas bases da classe trabalhadora, é o respeito à democracia e ao diálogo com a comunidade", declarou, em nota.

A APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação foi outra entidade que repudiou as exonerações, classificadas como "desumanas e antidemocráticas". "Além de exonerar o diretor, vice-diretor e secretária do Colégio Estadual Raphael Serravalle (CERS), nomeou para a substituição no cargo de diretora do colégio uma pessoa estranha à comunidade escolar", ressaltou o sindicato. "A Secretaria de Educação do Estado foi também insensível aos pedidos feitos pelo Colegiado Escolar de ao menos escolher o próximo gestor da escola". 

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