Educação

“Apertem os cintos porque o piloto sumiu”

Imagem “Apertem os cintos porque o piloto sumiu”
Olívia Santana critica a falta de planejamento nas reformas das escolas da rede municipal  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 07/03/2012, às 07h24   Marivaldo Filho


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Os problemas relacionados à rede municipal de ensino, com destaque para a estrutura física das escolas, e o consequente atraso no início do ano letivo em diversas unidades foram discutidos na audiência pública, na manhã desta terça-feira (6), no Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal de Salvador. Para a ouvidora-geral da Casa e responsável pela audiência, a vereadora Olívia Santana (PCdoB), a falta de gerência e de planejamento por parte do Executivo Municipal fez com que a situação chegasse a esse nível. “Apertem os cintos porque o piloto sumiu”, disparou Olívia.

Mesmo com a volta às aulas da rede municipal de ensino no dia 23 de fevereiro, mais de 250 escolas – cerca de 60% das unidades - ainda não concluíram ou nem começaram as reformas, impossibilitando o início do ano letivo. O atraso coloca em risco o cumprimento do calendário mínimo de atividades exigido por lei que prevê 200 dias letivos e 800 horas/aulas.

“Não é possível que sempre colecionemos dissabores na educação, sem abertura para o debate democrático. A falta de qualquer tipo de planejamento para fazer as reformas das escolas gera um impacto na vida de cerca de 16 mil alunos da rede municipal. A não aplicação em 2009 e 2010 de 25% dos recursos na educação, obrigatórios por lei, ajuda a explicar essa situação”, afirmou Olívia Santana.

Os problemas de estrutura vivenciados no dia-a-dia por Jacilene Silva, diretora da APLB-Sindicato, são considerados “absurdos” pela educadora. “Eles apresentam uma data de entrega das escolas, mas, na realidade, é outra. Falta planejamento organizacional. É como Olívia disse: ‘apertem os cintos porque estamos sem piloto’”, declarou pró Jaci.

Já a vereadora Vânia Galvão (PT), além de destacar a falta de planejamento, criticou a postura da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer, após o governo federal anunciar que disponibilizaria verba para construir 138 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) em Salvador. “Sei que muitas coisas foram exigidas pelo governo, mas encontrar apenas 12 áreas para a construção das CMEIs é muito pouco. Perdemos uma excelente oportunidade de ter outras 126 unidades de ensino infantil”, opinou Vânia.

"Garantia"

O cumprimento dos 200 dias letivos nas escolas municipais de Salvador foi garantido pelo assessor da Secretaria Municipal da Educação, Elieser Cruz, apesar de não explicar qual o planejamento que será feito para assegurar o que está previsto na lei. “O plano para o cumprimento está sendo projetado. Assim que estiver concluído, me comprometo a disponibilizá-lo, com todos os detalhes”, prometeu o assessor que foi acuado pela quantidade de críticas.

De acordo com os dados fornecidos por Elieser Cruz, atualmente, a rede municipal de ensino de Salvador possui 425 unidades educativas. Deste total, 60 estão em processo de reforma e mais dez escolas estão sendo construídas na cidade. “Reestruturar as escolas municipais e oferecer as mínimas condições necessárias de funcionamento é o legado que o secretário Municipal João Carlos Bacelar quer deixar”, concluiu.

Fotos: Rodrigo Soares

Nota originalmente publicada às 13h11 do dia 6

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