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'Tropa tuiteira' do PL amplia vantagem de Bolsonaro nas redes sociais

Alan Santos/PR
Parlamentares do partido de Bolsonaro alcançam 16,2 milhões de seguidores em plataforma, número maior que a soma das bancadas dos adversários  |   Bnews - Divulgação Alan Santos/PR

Publicado em 11/04/2022, às 08h21 - Atualizado às 08h37   Redação


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A consolidação do cenário para a eleição, com o fim da janela partidária, mostra que o PL, além de se tornar a maior bancada da Câmara e ganhar espaço no Senado, reuniu um “exército de tuiteiros” capaz de turbinar a estratégia digital da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Levantamento do GLOBO aponta que os parlamentares da legenda alcançam mais de 16,2 milhões de seguidores, o triplo do número dos congressistas do segundo colocado, o PT, do ex-presidente Lula (5,3 milhões). O número também é maior do que a soma de todos os representantes das principais legendas que devem apresentar candidatos na eleição presidencial, além do PT, o PDT, do ex-ministro Ciro Gomes (842 mil); o PSDB, do ex-governador João Doria (3 milhões); e o MDB, da senadora Simone Tebet (1,5 milhão).

Com o reposicionamento da articulação política do Planalto ao longo do governo, Bolsonaro rompeu com o PSL, hoje União Brasil, e se aliou ao Centrão, diversos deputados expoentes da chamada “bancada da selfie”, em função do uso intenso das redes sociais, aproveitaram a janela partidária e ingressaram no PL. No Twitter, agem de maneira coordenada para divulgar ações do governo e ir contra adversários. Na ação mais recente, um vídeo em que Geraldo Alckmin (PSB), indicado para vice de Lula, faz críticas ao petista, então seu adversário, foi disseminado.

Campo de batalha

De acordo com especialistas, o Twitter é a plataforma mais propícia para vencer as “batalhas de narrativas”. O uso de hashtags para dominar a lista de assuntos mais comentados do momento, a favor de algum tema específico, é um exemplo do uso para o confronto de discursos. "A direita se organizou muito para vencer esses debates. Sem acesso aos meios de comunicação de massa, entendeu que a presença nas redes era necessária. E ajuda o fato de eles terem um discurso replicável, fácil de virar meme, bom para ganhar eleição. Eles construíram isso ao longo de anos", analisa o diretor adjunto da consultoria Bites, André Eler.

Entre os dez deputados federais com mais seguidores no Twitter, sete são do PL, incluindo o líder da lista, Eduardo Bolsonaro (2,2 milhões). Carla Zambelli (1,5 milhão), Bia Kicis (1,1 milhão) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (933 mil) ocupam o terceiro, o quarto e o quinto lugares, respectivamente.

A relação tem ainda o pastor Marco Feliciano (734 mil seguidores), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (654 mil) e Carlos Jordy (634 mil). Os números são bastante superiores à média de seguidores entre os parlamentares: 70.459. Isso implica que a bancada da legenda representa 14% do número de parlamentares, mas concentra 39% do alcance dos congressistas entre usuários da plataforma.

O top 10 em número de seguidores tem apenas dois deputados de esquerda: Marcelo Freixo (PSB, com 1,8 milhão), em segundo lugar, e Gleisi Hoffmann (PT, com 886 mil), na sexta posição. Kim Kataguiri (União) completa o ranking, com 659 mil seguidores. Ele é uma das lideranças do MBL, grupo conhecido por sua atuação digital e que apoiou Bolsonaro em 2018, o rompimento ocorreu já durante o governo.

Na lista dos senadores, partidariamente mais diversa, o PL ocupa o topo e a vice-liderança, com Romário (2,5 milhões) e Flávio Bolsonaro (1,7 milhão). O único petista é Humberto Costa (360 mil). Outros integrantes se dividem entre PSDB, Rede, Podemos, União Brasil e MDB.

Para políticos, há vantagens únicas em estar presente no Twitter. A rede social se diferencia das concorrentes por ter a visita mais duradoura de usuários, segundo a Bites: em média, 12 minutos e 50 segundos, o dobro da média do Facebook, por exemplo. "O Twitter é certamente a plataforma mais beligerante, mas a importância é evidente. Os conservadores têm muito mais força em seus encontros (presenciais). As redes só refletem essa realidade", pontua Zambelli, a quinta deputada com maior frequência de tuítes por dia. "É uma rede muito própria para disseminação de conteúdo, fazendo com que seja muito politizada. O Instagram é usado para mostrar imagens bonitas, e o Linkedin é muito voltado para questões profissionais. O TikTok ainda é muito para diversão, enquanto o Facebook tem aquela coisa de criação de comunidades, de ver as publicações da família. Já no Twitter, as pessoas estão mais dispostas a mostrar suas opiniões", acrescenta Eler.

Não à toa, políticos estão em peso na plataforma. Dos 594 deputados e senadores eleitos, 568, ou 95,6%, estão no Twitter. Apenas 26 não têm conta na rede, e há três suspensos: os deputados Daniel Silveira (PTB-RJ), Otoni de Paula (PSC-RJ) e Vinícius Farah (MDB-RJ). "O Twitter é fundamental para o debate com formadores de opinião e pessoas politizadas. Vai ser uma plataforma fundamental para esse tipo de conexão nas eleições", afirma o Daniel Braga, marqueteiro da pré-campanha de Doria.

A equipe de comunicação de Ciro, da mesma forma, trata o Twitter como “infantaria, capaz de propor e contrapor, com rapidez, temas e ideias”.

Selo de identificação

A plataforma não revela quantos usuários possui no Brasil, e estimativas de empresas de consultoria sobre esse número variam bastante, de 17 milhões a 41 milhões. A soma do número de seguidores de todos os parlamentares, curiosamente, dá um número similar ao do teto dessas projeções, 41 milhões. O valor não equivale, porém, ao tamanho real do universo da política brasileira no Twitter, porque cada usuário pode seguir mais de um político. Para estimar o número correto de usuários seguindo congressistas, seria necessário compilar os nomes de todos esses seguidores e fazer um cruzamento de dados, mas a empresa limita a extração de dados em massa.

Em função da eleição deste ano, o Twitter introduziu um novo recurso para evitar que políticos tenham suas identidades apropriadas ou falsificadas. Uma etiqueta, um ícone de um púlpito com microfone, será exibida nas contas de todos os candidatos a presidente, governador, senador e deputado federal.

“O Brasil é o segundo país no mundo em que essas etiquetas serão colocadas, sendo os Estados Unidos o primeiro. Trata-se de uma iniciativa do Twitter. Essas etiquetas não são opcionais e não poderão ser removidas”, afirmou a empresa em nota

A plataforma tem uma equipe para identificar contas de todos os que disputam cargos eletivos, de deputado estadual a presidente da República. Em 2018, foram mais de 27 mil candidatos.

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