Eleições

Para especialista, candidatos agem com oportunismo ao se apresentarem como o 'novo' na política

Agência Brasil
Para o historiador político Carlos Zacarias, no entanto, tal discurso é uma tentativa de confundir o eleitor mal informado  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 11/09/2018, às 13h42   Guilherme Reis


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Um dos efeitos dos casos de corrupção descortinados pela Operação Lava Jato foi o desencanto de parte do eleitorado brasileiro com os políticos tradicionais, levando a uma proliferação de candidatos colocando-se como alternativas à “velha política”. Para o historiador político Carlos Zacarias, no entanto, tal discurso é uma tentativa de confundir o eleitor mal informado. 

“Tradicionalmente, os políticos brasileiros sempre se apresentam como o novo, porque a política é alheia aos interesses da população. [...] E os políticos passaram por maus bocados, principalmente a partir de 2013. As pessoas querem se apegar a qualquer coisa. E como muitas pessoas são mal informadas, acreditam em qualquer um que se mostre como o novo mesmo não sendo. Um exemplo disso é Jair Bolsonaro, que tem 27 anos de Congresso e todos os filhos na política. Ele se orgulha de dizer que é do baixo-clero, como se isso fosse sinônimo de não ser corrupto”, avaliou, em entrevista ao BNews

“E idem para outros candidatos. O que parece ser necessário é as pessoas não escolherem o novo pelo novo. Tem muita gente que passou pela Câmara que fez um bom trabalho”, acrescentou.

Uma das principais frentes a levantarem a bandeira de uma suposta nova política é o Partido Novo, que lançou João Amôedo na disputa pela presidência da República. Ex-vice-presidente do Unibanco, ele se diz liberal na economia e conservador nos costumes. 

“Primeiro que o partido de Amoêdo foi fundado pelo banco Itaú. Ninguém pode dizer que é novo e ser patrocinado por um banco como esse. É de um profundo oportunismo. Ele é membro de uma tradição que há anos comanda a política no Brasil, financiando campanha, fazendo lobby no Congresso... É lamentável que alguém acredite nisso”, disse Zacarias. 

A estratégia discursiva é adotada até mesmo por postulantes que fizeram carreira na política. No último dia 04, por exemplo, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia e candidato ao Senado, Angelo Coronel (PSD), disse que é o “mais novo” nas eleições, mesmo após seis mandatos

“Eu sou o candidato novo, muita gente há três meses atrás não me conhecia, não tinha ouvido falar em Angelo Coronel. Eu sou o novo”, afirmou, durante sabatina rádio Itapoan FM. “Dos candidatos que estão aí, eu sou o mais novo, nunca fui ministro, nunca fui cantor”, completou. 

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