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Zé Neto acusa Colbert de ser submisso a Zé Ronaldo: "O ex-prefeito é quem manda na cidade"

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Apesar de negar a influência de Bolsonaro no pleito municipal, Zé Neto reconhece que há uma "polarização" de forças em Feira, capitaneada pelo ex-prefeito José Ronaldo (DEM)  |   Bnews - Divulgação DIvulgação/Ascom

Publicado em 03/10/2020, às 14h37   Luiz Felipe Fernandez


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Pré-candidato do PT à Prefeitura de Feira de Santana, Zé Neto acusou o atual líder do Executivo do município, o emedebista Colbert Martins, de se submeter às vontades e decisões do ex-prefeito José Ronaldo (DEM), que tem quatro mandatos na cidade, o último encerrado precocemente em 2018 quando decidiu disputar o pleito estadual com o petista Rui Costa.

Apesar de negar a influência de Bolsonaro na segunda maior cidade da Bahia onde, como lembra o deputado federal, o candidato do PT Fernando Haddad teve 67% dos votos na eleição presidencial de 2018, Zé Neto reconhece que há uma "polarização" de forças em Feira. De um lado, o grupo que tem a benção do governador Rui Costa, que se divide ainda nas candidaturas de Beto Tourinho (PSB) e Carlos Geílson (Podemos), e do outro o liderado pelo ex-prefeito José Ronaldo (DEM).

Segundo Zé Neto, é evidente que quem "manda" em Feira é o cacique demista, o que enfraquece a figura do atual prefeito Colbert.

"Há uma tendência de polarização no time de lá. O ex-prefeito é quem manda na cidade, nas coisas da Prefeitura. Fica até acintoso, o prefeito atual diz uma coisa de manhã  eo prefeito de fato diz outra coisa de tarde,. ele é fragilizado sob esse ponto de vista, mas não tenho nada contra ele, inclusive. A cidade vive um problema grave de gestão, exatamente pelo fato do prefeito não ter essa autonomia administrativa para conduzir a cidade", alfinetou o petista, que recebeu o BNews em seu escritório de advocacia no Centro de Feira de Santana.

Apesar do alinhamento de Colbert a Zé Ronaldo, a ausência do democrata no último ano foi sentida. Nos bastidores, circula a informação de que o ex-prefeito não é tão simpático assim ao emedebista, que se declara como um "democrata".

Para Zé Neto, Colbert Filho é um "democrata do DEM", o que coloca ele como uma candidatura de perfil mais conservador, diferentemente do pai, prefeito de Feira em duas oportunidades, entre o fim dos anos 70 e início dos anos 90. Apesar de também ser do MDB, segundo o petista, o ex-prefeito falecido em 1994 era muito mais "progressista" que o filho.

Mesmo com uma avaliação negativa de Colbert e da sua gestão, Zé Neto garante que não pretende desfazer aquilo que foi construído pelo atual prefeito. De acordo com o candidato petista, é preciso romper a tradição de Feira de Santana, que nasce da falta de entendimento entre Estado e município, fruto de divergências políticas.

Caso seja eleito, o deputado promete ir à Brasília e se dispõe a buscar o presidente Jair Bolsonaro, de quem é crítico ferrenho, para buscar recursos para a cidade. Prática que, segundo ele, já faz há muitos anos como deputado. Neste ano, conseguiu com a ajuda de movimentos sociais e de empresários, liberar cerca de R$ 20 milhões em emendas para Feira.

Entre os projetos apontados por Zé Neto como fracassados, está o do BRT, com o custo avaliado de R$ 60 milhões. Segundo o candidato, a ideia de colocar o equipamento subterrâneo mais do que triplicou valor. "Se fizesse por cima, iria gastar uns R$ 16 milhões", diz. É o exemplo, nas palavras de Zé Neto, de como a falta de participação popular no mandato, prejudica a cidade, o que defende que fará diferente.

"Isso acontece muito em Feira, muita coisa que não aconteceu pois não havia bom relacionamento do município com Estado. Tudo que for bom, bem encaminhado e mesmo o que não foi feito bem, teremos que conversar com a população para não jogar dinheiro fora. A maior fraude do município é o BRT, que pegaram dos R$ 96 milhões, quase R$ 60 milhões com BDI e gastos laterias, para construir duas trincheiras na cidade [...] Se fizesse por cima, ia gastar R$ 16 milhões talvez, e essas intervenções nem estavam no projeto. Vamos jogar pra cima? Não, vamos sentar com a sociedade e buscar saídas", assegura.

Zé Neto ressalta que na construção do seu governo, caso venha a ser eleito em novembro, a população será "ouvida". Com duas grandes universidades públicas com campus na cidade, a UEFS e a UFRB, além de muitas outras particulares, é preciso cooptar "cabeças pensantes" deste ambiente, assim como de movimentos sociais e empresariais.

No seu plano de governo, destaca Zé Neto, haverá um atenção direcionada à área da saúde, na sua visão desvalorizada pela atual gestão. Segundo ele, Feira precisa de outro Hospital Municipal e, principalmente, estabelecer uma boa relação com o Estado, responsável pela regulação e pela administração da Policlínica. 

Apontada em 2019 como a 14ª cidade mais violenta do mundo, de acordo com a ONG Mexicana, Feira de Santana precisa de ações voltadas à segurança pública. Embora seja de responsabilidade do Governo do Estado, que comanda a Polícia Militar, o município pode elaborar medidas de prevenção, além de gerir a |Guarda Civil Municipal (GCM).

"Vou valorizar muito a Guarda Municipal, vejo como um corpo de funcionários muito importante no poder público. Peguei o salário de um guarda perto de se aposentar, que não chegava a R$ 2 mil. A gente tem que valorizar, aprimorar, linkar com diálogo mais direto com a Polícia Federal, Rodoviária, e buscar recursos a nível federal", afirma o parlamentar, que faz parte da Comissão de Segurança Pública no Congresso.

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