Eleições

V. da Conquista: Com pesquisas suspensas, reta final da eleição é protagonizada por advogados de campanha

Arquivo BNews
Os advogados das campanhas do MDB, Ademir Ismerim, e do PT, Pedro Scavuzzi, se destacaram ao agirem rápido para garantirem a melhor tática para os seus candidatos  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 26/11/2020, às 14h45   Luiz Felipe Fernandez


FacebookTwitterWhatsApp

A reta final da eleição municipal em Vitória da Conquista não tem como únicos protagonistas os dois candidatos que prometem fazer uma disputa acirrada neste domingo (29). 

Em meio às recentes suspensões de pesquisas de opinião, os advogados das campanhas do MDB, Ademir Ismerim, e do PT, Pedro Scavuzzi, se destacaram ao agirem rápido para garantirem a melhor tática para os seus candidatos.

Nesta quarta-feira (25), as defesas dos dois postulantes conseguiram suspender dois levantamentos. O petista José Raimundo conseguiu por meio da Tribunal Regional Eleitoral (TRE) impedir a divulgação da pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, enquanto o emedebista garantiu que não fosse divulgado o levantamento feito pelo Indata.

Em conversa com o BNews, o advogado Pedro Scavuzzi comentou a particularidade das eleições municipais este ano, que na sua percepção foram "muito mais judicializadas" do que em pleitos anteriores. Com experiência em campanhas políticas, o advogado explica que um dos motivos para as repetidas suspensões de pesquisas, não só em Vitória da Conquista mas outras tantas cidades, se deve principalmente à proliferação de novos institutos.

Ele explica que normalmente as pesquisas com maior credibilidade são aquelas propostas por veículos de comunicação, que tendem a ser mais isentos. No entanto, o que tem visto é a contratação por empresas privadas que podem ter interesses próprios em divulgar determinado resultado.

"Antes você tinha dois, três institutos, agora todo dia aparece um. Isso dificulta. As pesquisas dos veículos de comunicação normalmente tem mais confiança, mas o que temos visto são empresas privadas contratando os institutos, muitas vezes criados recentemente", completou.

Já o advogado Ademir Ismerim acredita que a pandemia de Covid-19 trouxe desafios não apenas para a realização das pesquisas, muitas vezes feitas por telefone, como também para o futuro das campanhas eleitorais. Experiente na área, ele diz que em pleitos passados "era a maior dificuldade do mundo" impedir um levantamento de ser divulgado. 

Em razão da necessidade de distanciamento social, muitos institutos passaram a utilizar o método de perguntas por telefone, o que de acordo com Ismerin não há ainda um entendimento da Justiça Eleitoral acerca do assunto, que não seja pela desconfiança do método - o que pode mudar nos próximos anos.

"Não tem comparação essa eleição com as outras. Antes, para suspender as pesquisas, era a maior dificuldade do mundo. A gente vai ter que ver após essa eleição como a Justiça se adapta no futuro, vai precisar de novas regras, pois hoje o modelo já é antigo. Acho que o Congresso e a própria Justiça Eleitoral, além do próprio MP, possam tomar uma série de exemplos para mudar alguma coisa, porque foi muito confusa essa eleição", reconhece.

Segundo Ismerim, o ambiente das campanhas já são permeados por proibições, mas que com a crise sanitária do novo coronavírus essa questão foi acentuada. 

No saldo, ele avalia que esta confusão é prejudicial não apenas para os candidatos, mas também para os eleitores, que em particular em Vitória da Conquista, que embarcaram nesta eleição em um "voo cego", sem poder ter o parâmetro das pesquisas.

No primeiro turno, Zé Raimundo teve 47,3% dos votos válidos, ficando na frente do atual prefeito Herzem Gusmão (MDB) por 3 mil votos e dois pontos percentuais.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp