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Colbert Martins: "A gente vai julgar novamente o PT"

Imagem Colbert Martins: "A gente vai julgar novamente o PT"
Em entrevista exclusiva ao BNews, prefeito de Feira de Santana revela propostas e critica grupo adversário  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 20/11/2020, às 20h46   Victor Pinto* e Henrique Brinco


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O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), afirmou em entrevista ao BNews que o segundo turno no município servirá como um novo julgamento para o Partido dos Trabalhadores. O emedebista disputa o pleito de 2020 com o deputado federal Zé Neto (PT).

"Nós vimos o resultado do PT no encolhimento imenso em várias regiões, inclusive na Bahia. Vimos em Salvador também. Essa polarização agora leva a população a optar: ou fica com o PT - nós vimos o resultado do PT no Brasil nos últimos anos - ou então fica com o nosso time que eu acho que é o melhor para Feira de Santana", declarou.

O gestor também não teme que o índice de abstenção na próxima votação do dia 29 de novembro seja ainda maior do que foi no primeiro turno - mesmo sem a eleição de vereadores, que acabam impulsionando a participação do eleitorado. Para Colbert, o município vive um momento de polarização política assim como o Brasil e isso pode motivar os cidadãos a irem às urnas.

Ainda na entrevista, ele revela propostas e comenta sobre os apoios que vem recebendo.

Leia na íntegra:

BNews - O que veio de resultado no primeiro turno era algo esperado? Foi uma surpresa ter ido ao segundo turno?

Colbert Martins - Eu busquei a vitória. Eu acho que a gente luta buscando a vitória. E, nestas circunstâncias, com uma campanha completamente atípica, uma campanha diferente das formas como a campanha aconteceu. Com o ataque hacker no TSE, com a demora de divulgação. Eu acho que uma série de coisas aconteceram. De qualquer forma, luto buscando a vitória. O segundo turno é algo previsto do ponto de vista eleitoral. Então, não é nada demais que numa disputa com tanta pulverização de candidaturas, se pudesse ter chegado a disputa no segundo turno. Busquei a vitória, estou buscando a vitória e acredito na vitória no dia 29 de novembro.

BNews - Esse BaxVi que acabou se tornando aqui em Feira de Santana é meio que Zé Neto com Rui Costa e o senhor com ACM Neto. É uma prévia de 2022. Acredita que isso é sadio para conseguir o seu objetivo de continuar na prefeitura? Essa rivalidade vai te ajudar?

Colbert Martins - A polarização no Brasil voltou. Está todo mundo falando na nova política e na velha política. A velha polarização é o que está acontecendo em Feira de Santana e em boa parte do país. É a questão do PT ou agora do MDB. Então, a gente vai julgar novamente o PT. Nós vimos o resultado do PT no encolhimento imenso em várias regiões, inclusive na Bahia. Vimos em Salvador também. Essa polarização agora leva a população a optar: ou fica com o PT - nós vimos o resultado do PT no Brasil nos últimos anos - ou então fica com o nosso time que eu acho que é o melhor para Feira de Santana. Nós temos a melhor capacidade para fazer o melhor para a nossa terra.

BNews - Sobre os apoios que vocês receberam nos últimos tempos, foi uma surpresa o de Carlos Geilson? E também Targino Machado, que foi inimigo ferrenho de Zé Neto, anunciou apoio a ele.

Colbert Martins - Você veja que, nesta eleição, está acontecendo tudo. Inclusive o que a gente não pode nem sequer imaginar o que vai acontecer. Acho que esse período agora, com a primeira eleição do Brasil em epidemia, está produzindo situações que a gente não consegue entender. Neste momento existe uma polarização. Não é um lado ou outro. As pessoas que você citou, entendo como aqueles que de uma forma estiveram conosco, não estão por questões meramente locais de cada um. Com relação a Geilson, ele está retornando ao time. Saiu e acho que não devia ter saído. Não vejo nada de diferente. Somente que a gente reincorpora Geilson e seu grupo que estava na prefeitura. Arimateia é um reforço muito importante. Acredito que estamos neste momento com um divisor de águas, mas quem vai definir é o povo. 

BNews - A abstenção no primeiro turno foi alta. O senhor acredita que é um fator que pode pesar no segundo turno? A tendência é que, como não vai ter o voto para vereador, pode fazer as pessoas não irem às urnas. Isso vai pesar em Feira de Santana?

Colbert Martins - Penso ao contrário. Como vai ser uma eleição rápida, pode ser mais motivada, inclusive. E essas eleições bem polarizadas, entre o 15 e o 13, pode motivar mais. Penso que nós vamos ter uma redução da abstenção e vamos ter também uma redução muito grande dos votos que foram anulados. É uma decisão. O Brasil gosta de decidir. Decide no futebol e decide na eleição.

BNews - A pandemia do coronavírus foi algo que ninguém previu, no sentido da proporção que foi, e que de fato atrapalhou a eleição. Tanto que ela foi empurrada. Mas quem estava na cadeira de prefeito também sofreu com medidas impopulares para a preservação da vida. O senhor acha que a pandemia o atrapalhou não só no contexto eleitoral, também no contexto adminstrativo?

Colbert Martins - Não, acredito que a Covid-19, que começou aqui em Feira de Santana e no interior do Nordeste inteiro em 6 de março, serviu muito mais para mostrar a capacidade que tenho, a vontade que eu tenho e o conhecimento que eu tenho em relação ao encaminhamento de uma cidade na qual o número de pessoas que vieram a falecer, em comparação com cidades do mesmo porte, foi muito reduzido. Eu acho que nós demos os passos corretos e necessários. Em 45 dias, colocamos o hospital de campanha para funcionar. Além de Salvador, só Feira de Santana teve hospital de campanha. Nós fizemos o nosso dever. Existiram discussões paralelas com relação a restrições de atividades. Quando a gente tinha o hospital e uma equipe para fazer um trabalho preventivo, passamos a agir na conscientização. Então, acho que essa epidemia que ainda persiste, serviu para testar muito mais ainda as pessoas sobre a forma como elas teriam a responsabilidade de agir nesta situação.

BNews - Sentado na cadeira de prefeito reeleito em 2021, qual será a primeira proposta que Colbert Martins irá colocar em prática na nova gestão?

Colbert Martins - A preocupação no ano que vem ainda será a Covid-19. Não há perspectiva de vacinação. Não vamos fechar o hospital de campanha. Tenho a imprensão que a Saúde será o tema dominante em qualquer das circunstâncias. Estamos vendo o que está acontecendo na Europa, com o aumento no número de casos. Nos Estados Unidos teve eleição com epidemia mais forte e mais violenta que o Brasil. O meu primeiro ato é estar ao lado das pessoas dentro do hospital de campanha. E depois que a Covid desaparecer, esse hospital pode ser um Hospital Municipal.

BNews - Qual vai ser o peso de Zé Ronaldo em sua eventual gestão? Ele é o seu principal fiador e articulação de campanha...

Colbert Martins - Ele continua sendo um grande amigo. Desde que se afastou, não pediu absolutamente nada. E, evidentemente, será um novo governo, com uma organização que não será a mesma. Até porque essa organização de governo, que funcionou, precisa ser atualizada. A participação dele será a que ele teve até hoje: nunca ficou interferindo de nenhuma forma.

"A velha polarização é o que está acontecendo em Feira de Santana e em boa parte do país"

BNews - Conjuntura de legislativo. Prefeito não governa sozinho e precisa de Câmara Municipal. Acha que vai ser tranquila essa interlocução? Circulam comentários que vereadores eleitos em sua base estariam aderindo a Zé Neto...

Colbert Martins - Continuará sendo tranquila. Fui deputado durante quase 16 anos. Quatro anos como deputado estadual e 12 como federal. A minha relação é muito tranquila porque sei respeitar os limites do poder legislativo e cumprir o que nós precisamos cumprir. Implantamos em Feira de Santana, por exemplo, emendas impositivas que não tenha. Então, não há dificuldade nesta relação. Se neste momento agora as circunstâncias não forem as mesmas, vou ter o mesmo tipo de diálogo e participação. E penso que esse aperfeiçoamento da democracia se dará cada vez mais na medida que a gente tenha absoluta transparência nesses atos.

BNews - A gente sabe que Saúde vai ser um dos principais temas a serem tratados, mas também Feira é a capital do interior, como o pessoal chama. A economia é muito forte. Como vai ser essa retomada e qual incentivo a prefeitura pode dar?

Colbert Martins - Nós estamos buscando atrair cada vez mais as startups. Acho que a indústria, a indústria tecnológica e a indústria 4G, tudo o que vem acompanhado de tecnologia, nós temos que estar prontos para oferecer o máximo de infraestrutura e o máximo de qualidade para trazer novas peessoas. Mudanças foram feitas em relação aos ambulantes no Shopping Popular, onde todo mundo tem internet lá dentro. O Feiraguai está assim hoje. O centro da cidade revitalizado vai propiciar as condições de retomada econômica. O candidato do PT votou para acabar com o Centro Industrial do Subaé. Nós não. Vamos abrir para trazer mais empresas. Agora, uma base importante para o crescimento da economia é a segurança. A pior segurança que nós temos é em Feira de Santana. Mais de 350 homicídios até hoje. É uma matança diária e o Governo do Estado não fez ainda o dever de casa.

BNews - Como vai funcionar a questão da mobilidade na sua gestão? Teve a questão do BRT e teve uma crítica pesada dos seus adversários contra esse modal... 

Colbert Martins - Estou com um projeto para poder fazer uma nova rodoviária. A nossa rodoviária fica no centro e tem mais de 46 anos de vida e impacta com quase 800 ônibus trafegando diariamente no centro da cidade. Então, entragarei o governador uma proposta para essa rodoviária ficar um pouco mais distante e deixar de impactar tanto. Quanto a questão do BRT, é uma questão ideológica do PT em Feira de Santana ver essa crítica. É uma parte da mobilidade urbana. Aqui tivemos ativistas do PT que se amarraram nas árvores de Getúlio Vargas dizendo que seriam arrancadas. São uns mentirosos. As árvores estão aí. O sistema está aí funcionando. Tem ônibus de BRT e é lógico que precisa ser ampliado. Mas o sistema já existe e é importante que ele seja aperfeiçoado.

*O Editor de política do BNews viajou para Feira de Santana para acompanhar o 2º turno das Eleições

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