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'Toplessaço' com musa gera debate sobre padrões de beleza

Publicado em 18/01/2015, às 21h19   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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voltará a chamar atenção para a causa do topless – prática ainda tabu nas areias brasileiras, embora considerada corriqueira em muitas praias europeias.
Escolhidas no fim do ano passado, as duas musas do chamado 'Toplessaço 2', que busca promover a prática na cidade, receberão suas faixas na terça-feira (20), dia de São Sebastião, padroeiro do Rio. A festa é para apresentar as vencedoras "em carne e osso", como informa o site Topless in Rio.
Esvaziamento 
Mas o formato de concurso de beleza para defender a liberação do topless desperta críticas. Para muitos, é uma distorção da ideia de que a prática deve ser vista como natural, e não associada à beleza ou sensualidade.
O evento é um desdobramento do primeiro Toplessaço, uma manifestação convocada em dezembro de 2013. Oito mil mulheres haviam aderido à ideia de ir à praia topless em Ipanema para defender a naturalização da prática.
Mas o resultado foi um fiasco, com a presença maciça da imprensa e uma multidão de homens querendo 'ver peitinho' – inibindo qualquer pretensão à naturalidade.
De lá para cá, nada mudou nas areias cariocas. Mas no exterior, o debate sobre o topless, a liberdade do corpo feminino e o peso de padrões estéticos vem aumentando, provocado por movimentos como o 'Free the nipple' (Liberte o mamilo) – que defende o direito de mulheres manterem o torso nu em lugares públicos – e páginas nas redes sociais onde essa liberdade é exercitada.
Há, por exemplo, um perfil no Instagram em que usuárias compartilham suas fotos com os seios de fora em paisagens do mundo todo, de costas para a câmera.
'Corpo mais livre' 
O Toplessaço 2 traz a causa à tona novamente, mas não é bem uma segunda edição da primeira manifestação. Organizadoras e filosofias são diferentes.
A atriz e ativista Ana Rios, organizadora do movimento original, não tem vínculo com o novo Toplessaço, mas acha que o concurso para eleger uma musa "desconfigura completamente" a ideia original. "Acho uma pena, porque tudo que a gente queria era ajudar a construir uma sociedade em que o corpo pudesse ser mais livre. Um movimento coletivo, em que todas as mulheres pudessem se sentir bem", explica. "Um concurso é o oposto disso. É uma forma de voltar a determinar padrões, determinar que alguém é melhor, mais bonito, mais interessante, e alimentar essa eterna disputa em que vivemos."
A antropóloga Mirian Goldenberg enxerga no modelo atual uma contradição típica da cultura do corpo feminino carioca. Ela evoca o conceito do "equilíbrio de antagonismos" usado pelo sociólogo Gilberto Freyre. "Ter uma musa do topless é um equilíbrio de contradições. É querer juntar duas coisas opostas: ter liberdade com o próprio corpo e ao mesmo tempo ser a mulher mais sexy do planeta", diz Mirian, professora do Núcleo de Estudos de Sexualidade e Gênero da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora dos livros O corpo como capital  e Nu e vestido – dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca .

Classificação Indicativa: 18 anos

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