Ao BNews, Dado Villa-Lobos relembra show histórico em Salvador e faz crítica ao "novo rock"

No ano passado, a Legião Urbana se apresentou no palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves e se deparou com uma plateia lotada. Como diz no bom "baianês": "não deu pra quem quis". O show teve ingressos esgotados e deixou o gostinho de quero mais para os soteropolitanos que marcaram presença naquela noite, e a expectativa de uma nova oportunidade para quem não teve como comparecer.

A nova chance já tem data acontecer. Cerca de um ano depois, desde a última apresentação, o lendário grupo de rock brasileiro, volta ao mesmo palco, no dia 27 de outubro, às 19h, com a mesma formação, composta por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, remanescentes da constituição origianl, que se juntam a André Frateschi, responsável pelo vocal que foi comandado por anos por Renato Russo. Além deles, no palco terá a guitarra e violão de Lucas Vasconcellos, os teclados e programações de Roberto Pollo e o baixo de Mauro Berman.

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A apresentação marcará a última apresentação desta turnê em comemoração aos 30 anos de dois álbuns icônicos da Legião Urbana: “Dois” e “ Que País  é Este” em solo baiano. Antes da tal "despedida", a reportagem do BNews conversou com Dado, que não escondeu a expectativa de corresponder positivamente os soteropolitanos mais uma vez.

Na entrevista, o músico fez questão de lembrar de um show histórico na capital baiana, em 1987, também no palco da Concha Acústica, comemorou o entendimento das canções da Legião mesmo em diferentes gerações e criticou o "novo rock".

BNews - Os sucessos da Legião Urbana atravessam gerações e, apesar de terem sido compostos há muitos anos, narra um contexto atual. Vocês enxergam que as canções podem impactar hoje em dia, para os mais jovens, tanto quanto impactou lá no início?

Dado Villa-Lobos - Acho que esse é o grande mistério das artes! Fazer sentido ao longo dos tempos é um sinal de que atingimos a universalidade atemporal da consciência humana. Esse deve ser o sonho de todo artista. Acho que continuamos nesse sonho.

BNews - Há um ano, foi marcante o que vocês fizeram no palco da Concha. Agora, vocês retornam com uma certa responsabilidade de fazer um show equilibradamente memorável. Isso pesa de alguma forma depois de anos de carreira e mesmo com o sucesso inquestionável da banda?

Dado - A concha é e sempre foi esse grande palco, me lembro até hoje nossa apresentação em 1987 debaixo de um dilúvio bíblico, frente a uma plateia insana…a responsabilidade de uma grande apresentação é o que move todos nós. O jogo nunca está ganho, vamos pro jogo sempre em frente!

BNews - A Legião marcou época, se consagrou e sua mensagem está presente também nos dias de hoje. Outros grupos de rock fizeram algo parecido também e até tão grandioso quanto há alguns anos. Mas, vocês sentem, de alguma forma, que o rock brasileiro parou de evoluir diante do modismo da música brasileira atual?

Dado - O modelo “Rock” não funciona mais como antigamente, é muito difícil aprender a tocar um instrumento…hoje apertamos botões nos telefones espertos, mudou se a relação das pessoas com a música, pelo menos como eu enxergo música. Nossa música, reflexo de nossa cultura, nosso país, vamos aproveitar o que há de bom, as ondas vem e vão, estou sempre a procura de uma pra surfar, às vezes a paciência é tudo.

BNews - Quem vai ao show da Legião Urbana espera muito. Espera ouvir os grandes sucessos, espera as mensagens sendo passadas tão firmes como antes, espera um espetáculo. Tem como ir além de toda essa expectativa e surpreender ainda mais o público?

Dado - Continuamos no acerto dessas canções, agora mais do que nunca com mais compreensão e entendimento do que é isto tudo. Grandes canções com certeza que se fazem valer cada vez mais nesse ato político que é subir num palco e lançar o desafio. Como é bom isso tudo.