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Jorge Bispo / DivulgaçãoPublicado em 08/03/2020, às 05h55 Yasmin Garrido
Nomes de mulheres já foram temas de inúmeras letras de música. São muitas as musas inspiradoras, cheias de histórias e lutas. Neste domingo, dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, o BNews recomenda aos leitores que escutem o álbum “Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz”, das compositoras Zélia Duncan e Ana Costa, que tem a participação de vozes femininas da música brasileira.
Como a própria Zélia definiu, o disco “é como um antídoto para todo gesto de agressão contra a mulher”. São 16 temas inéditos gravados por Elba Ramalho, Simone, Leila Pinheiro, Isabella Taviani, Joyce Moreno, Daniela Mercury, Lan Lan, Áurea Martins, Fabiana Cozza, Cida Moreira, Lucina, Júlia Vargas, Mart’nália, Maíra Freitas, Fernanda Takai, Nath Rodrigues, Teresa Cristina, Alcione e Mônica Salmaso.
A dupla de compositoras afirmou que o trabalho veio como forma de celebrar a condição de ser mulher, com todas as implicações, perigos e prazeres envolvidos. Ana Costa explicou que a primeira música composta foi “Uma Mulher”, gravada ao lado de Alcione. “Zélia já estava, naquele momento, muito envolvida nas questões do mundo feminino e nessa levada fomos fazendo, uma a uma, cada qual com o seu enfoque sobre a questão social e o comportamental do mundo”, contou.
Zélia revelou que a vida dela mudou quando começou a se conscientizar a respeito da condição de mulher, do que é ser mulher nos tempos atuais. “A ideia de sororidade me encanta. Saber que temos umas às outras me alivia”, disse. Para ela, “o projeto representa uma vontade de ser antídoto para todo machismo tóxico, toda violência misógina cotidiana, todo gesto absurdo e naturalizado de agressão contra a mulher”.
“Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz” pelo BNews
O álbum é assumidamente monotemático e é isso que faz dele diferente e necessário, ainda mais quando temos no país 1.314 mulheres mortas pelo fato de serem mulheres, uma a cada 7 horas, em média. Em 2019, foi registrada uma alta de 12% nos feminicídios, apesar de os homicídios dolosos contra mulheres terem caído 6,7%.
Todo o cenário dá a “Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz” um tom de manifesto. Outras obras brasileiras já nasceram com esse estigma, como “Opinião”, de Zé Kéti, e “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, eterno sucesso de Geraldo Vandré. Mas, naquele tempo, a repressão era institucionalizada. Hoje, parece ser endossada pelos representantes do povo.
As compositoras, ao escolherem as convidadas, deram a elas músicas com as quais se identificam. É o caso de “Uma Mulher”, samba cantado por Alcione, e “Sou a Lua do Sertão”, na voz de Elba Ramalho. Já a canção que dá nome ao álbum, gravada por Simone, é uma espécie de espelho das dores e alegrias. “Toda mulher é potência, possibilidade de vida e transformação”, diz um trecho.
São suspiros, forças e histórias que se encontram neste grupo de cantoras brasileiras que tem demonstrado preocupação e engajamento político-social. Elas não têm medo, apesar de terem o que temer. O disco é um respiro diante de uma realidade sufocante e ainda precária que se reflete nos constantes casos de violência contra a mulher. O álbum surge como um riso desaforado e cheio de esperança.
Repertório
1 - Abertura – coro: Bia, Ana Costa, Zélia Duncan e SLAM: Gênesis e Letícia Brito
2 - Uma Mulher: Alcione
3 - Sou a Lua do Sertão: Elba Ramalho
4 - Eu sou Mulher, Eu Sou Feliz: Simone
5 - Lida do Amor: Leila Pinheiro
6 - Saias e Cor: Isabella Taviani
7 - Deixa Comigo: Joyce Moreno
8 - Sou Nascente: Daniela Mercury (Participação especial: Lan Lan)
9 - Brilham ao Escurecer: Áurea Martins
10 - O Milagre: Fabiana Cozza
11 - Sabemos Ver: Cida Moreira
12 - Entre Olhos: Lucina e Júlia Vargas
13 - Antes Só: Mart’nália e Maíra Freitas
14 - Voltei pra Mim: Fernanda Takai e Nath Rodrigues
15 - Não É Não: Teresa Cristina
16 - Nascer Mulher: Mônica Salmaso
Classificação Indicativa: Livre
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