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Ícone do forró, Adelmario Coelho diz que declaração de Fausto foi "desastrosa" e que não deu alternativas à classe artística

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Fausto Franco disse que não acredita que haverá São João e Carnaval este ano  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 12/01/2021, às 20h02   Rafael Albuquerque


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A polêmica declaração do secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, de que não acredita que haverá São João e Carnaval esse ano pegou muita gente de surpresa. Nesta segunda-feira (11), empresários e artistas teceram duras críticas ao gestor. O empresário Marcelo Britto, da Salvador Produções, disse ter ficado "chocado" com a fala de Fausto. Já Mário Paim, um dos maiores empresários do entretenimento baiano, foi além: "o secretário de Turismo mais inoperante que eu já conheci! Nem parece que ele já trabalhou no segmento".

Um dos nomes que melhor representa a cultura junina na Bahia e no Brasil, Adelmario Coelho concedeu entrevista ao BNews e comentou o recente episódio que causou um desconforto entre o governo e os empresários e artistas. "Era a notícia que não queríamos ouvir, principalmente de uma autoridade do estado, com essa certa antecedência. Uma quase afirmação de que não teremos o segundo São João seguido. Isso é um desmonte nas esperanças, nas perspectivas, mesmo entendendo toda a dramaticidade, todo o cenário destruidor que o Coronavírus está causando ao mundo", afirmou. 

Forrozeiro tradicional e com 26 anos de carreira, Adelmario ponderou: "se a ciência disser que é impossível fazer, vou pela ciência. Agora, entendemos que existe um lado muito realista que é o cotidiano das pessoas. Como as pessoas vão viver nesse cenário? E aí as pessoas públicas devem ter muito cuidado e se preparar para esse enfrentamento". 

Questionado sobre de que forma a cadeia produtiva iria reagir a mais um ano sem o São João, o forrozeiro demonstrou preocupação. "Se não acontecer o segundo São João, pra essa cadeia produtiva, eu confesso que não sei nem imaginar quais consequências poderiam acontecer. Hoje, quem ainda não tomou dinheiro emprestado, não pediu ao vizinho, não foi atrás da solidariedade, é porque conseguiu fazer alguma poupança. No meu segmento, não tem ninguém que tenha conseguido o mínimo da rentabilidade regular que todo mundo tinha. Eu tenho 26 anos de carreira. Antes disso tive passagem pelo polo petroquímico e graças a Deus criei uma base na minha vida". 

Questionado sobre a declaração do secretário Fausto Franco, Adelmario foi enfático: "ele se precipitou muito em lançar uma ducha tão fria. Tem pessoas que não conseguiram fazer uma reserva e precisam fazer no dia a dia, trabalhar aos finais de semana pra comer durante a semana. E aí vai fazer um ano que estamos parados. A cadeia produtiva toda que depende da efetividade e dessa produtividade. Espero que essa vacina consiga manter essa esperança. Estamos há cinco meses de uma festa que é basicamente a sobrevivência das pessoas, e aí a gente recebe de uma autoridade um diagnóstico desse é um desalento. Vamos pela ciência, mas vamos torcer que a vacina chegue o mais rápido possível".

Adelmario confirmou ao BNews que em nenhum momento foi chamado para dialogar sobre a situação dos festejos juninos, nem ano passado e muito menos esse ano: "nunca chegou esse convite pra dialogar. Não sei se outros colegas da Bahia foram convidados. Esse é o ponto principal: o gestor não pode pensar em evitar gastar. Ele tem que pensar como ele pode salvar essas pessoas, quem não tem emprego, quem não é assalariado. Eu, por exemplo, tive que fazer ajustes. Eu trabalhava com mais de 40 pessoa. Agora eu mantenho a base, mas desarticulei muita coisa no escritório porque não tenho capacidade nem capital de giro para segurar mais de um ano sem produzir", lamentou. 

Adelmario Coelho também teceu críticas ao governo federal e elogiou o posicionamento do governador Rui Costa e do prefeito ACM Neto. "Se não fosse a politicagem tão baixa e tão negacionista a nível nacional estaríamos em outro patamar. Na Bahia houve altivez e deixaram a política pra depois". O artista propôs um "diálogo, um chamamento para se buscar alternativas com produtores, empresários, artistas. A cadeia produtiva pode pensar numa alternativa". 

Ainda durante a entrevista, Adelmario falou sobre a importância do São João para a economia da Bahia e seus 417 municípios e voltou a falar em nome dos menos favorecidos: "tem muita gente vivendo de cesta básica, com R$ 30, R$ 40". Ao final, o cantor afirma que Fausto Franco não deu alternativas à classe artística: "eu diria que é uma declaração desastrosa, não traz contribuição nenhuma. Se ele diz isso para sociedade baiana, ele quer que eu faça o quê? Qual oportunidade ele tá dando? Não é essa a atitude de um gestor".

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