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Especialistas explicam por quê internautas passam a seguir artistas depois da morte

Montagem BNews
É o caso da cantora Marília Mendonça e da jornalista Cristiana Lôbo  |   Bnews - Divulgação Montagem BNews

Publicado em 16/11/2021, às 06h31   Brenda Viana


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Ser fã atualmente vai muito além do que colecionar pôsteres, CDs, capas de revista e ter um simples autógrafo, como era comum antigamente. Na era digital, ser fã é ‘stalkear’ nas redes sociais, seguir nas principais plataformas e saber cada passo do ídolo ferozmente.

No dicionário Michaelis, ser fã é admirar fanaticamente um artista. Esse ‘amor’ todo, no entanto, chega a ultrapassar o limite da admiração e passa a ser caso de estudo. A cantora Marília Mendonça (1995-2021), que faleceu no dia 5 de novembro, após um acidente de avião na cidade de Caratinga, em Minas Gerais, é um desses casos.

Antes do ocorrido, a artista tinha cerca de 36,4 milhões de seguidores no Instagram. Depois do falecimento, a rainha da sofrência alcançou, até o fechamento desta matéria, a marca de 41,5 milhões. No Spotify, ela alcançou um feito quase impossível: se tornou a cantora mais executada do mundo no sábado (06), desbancando Adele, Taylor Swift, Beyoncé, entre outras artistas internacionais. 

Esse mesmo fenômeno ocorreu com a jornalista Cristiana Lôbo, que morreu no dia 11 de novembro, vítima de um mieloma múltiplo e se agravou com uma pneumonia. A apresentadora, de 63 anos, tinha, antes dos telespectadores receberem a notícia do falecimento, 14 mil seguidores. Sua conta no Instagram, atualmente, ganhou mais de 7 mil pessoas novas, alcançando o total de 21,1 mil seguidores. O ator Paulo Gustavo, que faleceu no dia 4 de maio deste ano, vítima da Covid-19, também teve o aumento de mais de um milhão de internautas em seu perfil oficial.

Para a psicóloga Julia Joana, que realiza terapia cognitiva comportamental, essa atitude pode ser caracterizada como uma forma de reação pós luto, pois “deparar-se com a perda de um artista de forma repentina faz com que o sujeito vivencie a morte de forma genuína”, comenta ao BNews.

A profissional ainda reitera falando que o luto por pessoas famosas é bastante difícil, principalmente porque o seguidor / fã sente que há um vínculo forte entre ele e o artista, mesmo que não haja contato físico. “[É] como se o mesmo fosse uma pessoa íntima por estar compartilhando parte da sua vida. Diariamente essa conexão é alimentada, as mídias sociais modificaram o espaço de comunicação entre as pessoas, são mecanismos de manifestação de emoções, opiniões e etc.”, explica.

A psicóloga Lavigne Rosa também reforça essa questão. “A memória retrata sua perda como uma forma de querer se aproximar, de estar mais perto, de consumir o artista e ver suas postagens, [Essa] seria sua forma de demonstrar saudades”.

E, com o fenômeno das redes sociais, o especialista em comunicação e marketing digital, Antônio Netto, explica que esse ‘exército’ de novos seguidores, no entanto, é normal, principalmente porque há uma admiração do trabalho daquele artista, mesmo que tenha morrido recentemente. 

“Quando essa pessoa ganha uma ‘midiatiatização’ maior, como acontece em casos de morte, como da Marília Mendonça ou até mesmo da Cristiana Lôbo, as pessoas se recordam do trabalho daquela personalidade e vão querer buscar mais informações sobre sua carreira, sua história ou simplesmente para demonstrar sua admiração”, explica ao BNews.

Outra informação importante Antônio Netto esclarece é que, “figuras públicas podem ter suas mídias geridas por equipes, o que não significa que o conteúdo vai parar de ser produzido de imediato após a morte da pessoa. Então vemos esse aumento no número de seguidores nos perfis digitais dessas personalidades no seu “pós-morte”.

Classificação Indicativa: Livre

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