Candidatas à Deusa do Ébano 2019 do Ilê Aiyê são apresentadas na Senzala do Barro Preto

Foi diante das batidas percussivas que embasam os cantos de resistência do Ilê Aiyê que as 15 finalistas ao título de Deusa do Ébano 2019 foram apresentadas nesta sexta-feira (15). Na Senzala do Barro Preto, sede do bloco no bairro da Liberdade, em Salvador, jovens negras mostraram todo seu charme, dança e gingado afro que fará uma delas a rainha do grupo.

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Diante da imprensa, as finalistas Juciara do Espírito Santo, Jucineide Ferreira, Gleiciele Teixeira, Ivana Paixão, Larissa Ferreira, Larissa Valéria, Rafaela Rosa, Carla Dandara, Caroline Xavier, Daniele Nobre, Elza Silva, Nana Sarah, Amanda Conceição, Bianca Costa e Lumena Aleluia destacaram seus méritos para se tornar a Deusa 2019. A escolha será feita neste sábado (16), na 40ª Noite da Beleza Negra, que terá no júri nomes como a coordenadora do Instituto Avon, Mafoane Odara, e a professora de dança Amélia Conrado.

1. Jucineide Ferreira, 33 anos, desempregada. Concorrendo pela 6ª vez.
2. Juciara Silva, 37, Nordeste de Amaralina. Técnica em Segurança do Trabalho. Concorrendo pela 7ª vez.
3. Rafaela Rosa, 23, Barra. Professora de capoeira. Participando pela primeira vez
4. Lari Martins, 30, Barreiras. Artista. Participando pela primeira vez.
5. Nana Sarah, 31, professora de dança. Rio Vermelho. COncorrendo pela 1ª vez.
6. Amanda Ribeiro, 18, auxiliar administrativo. Santa Mônica. Primeira vez concorrendo
7. Elza Bastos, 24, professora de dança. Pituba. Primeira vez concorrendo.
8. Caroline Xavier, 20, monitora de faculdade. Sussuarana. Primeira vez concorrendo
9. Valéria Soares, 24, bolsista. Curuzu. Primeira vez concorrendo.
10. Dandara Nascimento, 25, auxiliar de classe. Engenho Velho de Brotas. Concorrendo pela segunda vez
11. Bianca Souza, 23, atendente. Lobato. Primeira vez participando
12. Ivana Paixão, 26, guia turístico. Lençóis. Segunda vez participando
13. Gleiciele Oliveira, 21, dançarina. Curuzu. Primeira vez participando
14. Daniele Nobre, 33, secretária executiva. Bonocô. 8ª vez que concorre
15. Lumena Aleluia, 27, psicóloga e roteirista. Brotas. 2ª vez concorrendo

E para o fundador do bloco, Antônio Carlos dos Santos, conhecido como Vovô do Ilê, o ano de 2019 tem motivos de sobra para comemorar. "É um ano muito especial. São três datas marcantes, 10 anos sem a presença de mainha, mas estamos aí na resistência de sempre. É um ano para comemorar e que não deixaremos passar em branco. Não se faz 45 anos todo dia, ainda mais de um bloco que não deixou de desfilar nenhum ano desde a sua fundação", ressaltou. Além da 40ª Noite da Beleza Negra e dos 45 anos do bloco, 2019 marca também dez anos sem Mãe Hilda, iyalorixá que deu o nome de batismo e definiu a linha filosófica do trabalho do Ilê, mãe biológica de Vovô, Vivaldo Benvindo, Dete Lima e Hildelice Santos, fundadores e diretores do bloco.

Responsável por estilizar as deusas, Dete Lima não esconde o orgulho em fazer parte da história do bloco que se tornou o maior nome afro da Bahia. "É um sentimento de muito amor, de orgulho, de empoderamento. Orgulho por ser uma mulher negra e ter contribuído para toda essa mudança na estética afro baiana e brasileira. São coisas que você não espera que consiga chegar e nessa brincadeira já estamos com 45 anos de Carnaval e 40 de Beleza Negra", destaca.

E quem também acompanhou a apresentação das finalistas foi a primeira Deusa do Ébano, eleita rainha do bloco em 1979. Carinhosamente chamada de Mirinha, Maria de Lourdes Santos Cruz afirma que o "concurso" reforça a resistência afro no cenário baiano e brasileiro. "Eu fico muito feliz e muito realizada em presenciar a cada ano novas mulheres negras sendo nomeadas. Isso só fortalece a família Ilê Aiyê. O Ilê é uma religião, o Ilê Aiyê é presença para tudo. O coração enche de orgulho. Que venham muitos e muitos carnavais".

Além dela estiveram presentes também Sueli Conce (Deusa de 1999), Gerusa Menezes (1998) e Jéssica Nascimento, a atual Deusa. Em conversa com o BNews, a baiana de apenas 20 anos, falou da importância em ter sido eleita. "Eu tive um ano muito próspero, graças a Deus e aos orixás. Foi um ano que tive muitas coisas boas e vai deixar muita saudade, mas a gente sabe que uma rainha de bloco afro nunca deixa de ser rainha. Então, vai ser uma satisfação enorme para mim está passando o manto, compartilhar essa responsabilidade para próxima Deusa do Ébano".

Ela aproveitou para falar da representatividade do título, que a cada ano passa a ser mais cobiçados pelas jovens negras. "É muita satisfação saber que esse legado vai continuar, saber que vai vim mais uma mulher preta para fazer a força. Nós mulheres pretas lutamos diariamente contra o racismo, o machismo, outros preconceitos. Então, são muitas barreiras e quanto mais estiveram juntas a nós para quebrar essas barreiras, melhor ainda. Uma mulher preta nunca chega no topo sozinho, ela chega trazendo todo um coletivo de mulheres pretas, isso é bom demais", declarou a jovem que este ano concorre ao título de Rainha do Carnaval.

40ª Noite da Beleza Negra
Com o tema Afrofuturismo, a Noite da Beleza Negra 2019 tem direção artística de Ridson Reis. No palco,  Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury se juntam à banda anfitriã, a Band’Aiyê. Uma saudação a Exu, com Russo Passapusso e o ator Fábio Santana (Bando de Teatro Olodum), abre a noite.

Para celebrar os 45 do bloco afro mais antigo do Brasil, foi escolhida uma das vozes mais representativas da força do canto negro na Bahia. É Lazzo Matumbi que canta “Ilê Aiyê”, canção de Gilberto Gil (álbum Refavela, 1977) cujo refrão, Que Bloco é Esse?, constitui o tema do Carnaval 2019 da entidade.

A filha de Jimmy Cliff, a cantora e atriz Nabiyah Be – presente no elenco do filme Pantera Negra - participa com a canção “Ser Mulher”, escolhida também para fazer uma homenagem ao seu compositor, o jovem cantor Roy (ex-vocalista da banda O Círculo), falecido no último mês de janeiro.

Ao fim da noite, terão sido eleitas uma Rainha e duas Princesas do Ilê Aiyê. Além do Troféu Perfil Azeviche (2º e 3º lugares) e do Troféu Deusa do Ébano (1º lugar), as vencedoras serão premiadas com fantasias do bloco Ilê Aiyê. Para o júri estão confirmados nomes como a coordenadora do Instituto Avon, Mafoane Odara, e a professora de dança Amélia Conrado.