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Sindicato dos delegados de polícia divulga nota de repúdio ao desfile da Vai-Vai: 'demonizaram a Polícia'

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O grupo do rapper Mano Brown -que acompanhou os puxadores do samba-- foi homenageado em uma das alas  |   Bnews - Divulgação Marcello Fim/Zimel Press/Folhapress

Publicado em 13/02/2024, às 06h40   Folhapress


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O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), representado pela presidente, Jacqueline Valadares, divulgou nesta segunda-feira (12) um manifesto de repúdio ao desfile da Vai-Vai no sambódromo do Anhembi, na capital paulista, na noite do último sábado (10).

Segundo o comunicado divulgado à imprensa, a escola teria tratado "com escárnio a figura de agentes da lei".

"Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala 'Sobrevivendo no Inferno', demonizaram a Polícia -algo que causa extrema indignação", destacou a nota.

"Ao adotar tal enredo, a escola de samba, em nome do que chama de 'arte' e de liberdade de expressão, afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias", seguiu o comunicado.

A Vai-Vai foi a primeira a desfilar no Carnaval paulistano deste ano com um samba-enredo em homenagem aos 40 anos do movimento hip-hop.

A escola apresentou um passeio pelos anos 1970 e 1980, enchendo a avenida de empoderamento negro -com peruca black power em diversas fantasias- e referências ao hip-hop na cidade de São Paulo. Expoentes do movimento, como Nelson Triunfo, a cantora Negra Li e integrantes dos Racionais MC's participaram do desfile.

O grupo do rapper Mano Brown -que acompanhou os puxadores do samba-- foi homenageado em uma das alas, batizada com nome do álbum "Sobrevivendo no Inferno", justamente a criticada pelo Sindpesp.

"O Sindpesp aguarda que a Vai-Vai, num momento de lucidez e de reflexão, reconheça que exagerou e incorreu em erro na ala em questão, e se retrate, publicamente. Não estamos falando, afinal, apenas dos policiais, sejam civis ou militares, mas, sobretudo, de uma instituição de Estado que representa e está a serviço de toda a sociedade bandeirante", finalizou o sindicato.

Em nota à Folha de S.Paulo, a escola enfatizou o nome do enredo deste ano: "Capitulo 4, Versículo 3 - Da rua e do povo, o Hip Hop - Um manifesto paulistano", destacando que, "como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip-hop e seus quatro elementos -breaking, graffiti, MCs e DJs. Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos".

Depois de exaltar o álbum "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MC's, inclusive citando elogios da revista Rolling Stone Brasil, a Vai-Vai defendeu a "liberdade e ludicidade" da escola sob as luzes do Carnaval.

Segundo a escola, a ala jaz "uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento".

Ainda segundo a agremiação, no recorte histórico da década de 1990, "a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica".

"O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile", afirmou a Vai-Vai na nota.

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