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TV Globo 'perde' principal nome do jornalismo após 22 anos; saiba detalhes

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Principal nome do jornalismo da emissora deixa o cargo após 22 anos  |   Bnews - Divulgação Divulgação / TV Globo
Tiago Di Araújo

por Tiago Di Araújo

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Publicado em 29/08/2023, às 11h34


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O jornalismo da TV Globo deve passar por mudanças significativas nos próximos meses. Isso porque o principal nome do setor acaba de deixar a emissora após 22 anos de trabalho. Trata-se de Ali Kamel, que ocupava o cargo de diretor-geral desde 2016 e era responsável pelo departamento há 16 anos.

Segundo informações divulgadas pelo site Notícias da TV, a Globo confirmou a saída através de um comunicado interno, onde revelou ter sido desejo do próprio Ali Kamel sair da empresa. De acordo com Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, ele assumirá a posição de Coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo, criada especialmente para ele, que gostaria de desacelerar o ritmo de trabalho.

Ali Kamel posa entre William Bonner e Renata Vasconcellos no cenário do Jornal Nacional
CICERO RODRIGUES/TV GLOBO

De acordo com a publicação, sem Kamel, a diretoria-geral de jornalismo passa a ser comandada por Ricardo Vilela, que antes era diretor-executivo, cargo agora ocupado por Miguel Athayde, atual diretor da GloboNews.

Outras mudanças também estão previstas, como a transferência de Vinícius Menezes, que sai da direção regional de jornalismo no Rio de Janeiro para assumir o canal de notícias pago do grupo. Enquanto isso, Marcio Sternick, chefe de Redação da rede desde 2015, fica com seu cargo.

Confira o comunicado na íntegra sobre a saída de Ali Kamel e as trocas no comando:

"Caras equipes,

Em julho do ano passado, Ali Kamel procurou a mim e ao João Roberto Marinho para falar de planos para o futuro. Após intensos 34 anos dedicados a funções executivas no Grupo Globo, 22 deles na Globo, disse que gostaria de desacelerar. Passada a surpresa inicial, já que Ali está no auge de sua capacidade de pensar jornalismo e gerir redações, procuramos entender suas motivações. Em primeiro lugar, o desejo de experimentar uma rotina diferente da exigida pelos desafios diários dos cargos de liderança em jornalismo.

Ao Ali, nunca faltou entusiasmo pela profissão. Seu grau de comprometimento e dedicação sempre foi extremo, sua lista de realizações, enorme. Era natural que chegasse o dia em que desejasse mais tempo para outras atividades. Em segundo lugar, a certeza de ter desenvolvido profissionais capazes de seguir praticando um jornalismo baseado na pluralidade, isenção e busca pela apuração precisa dos fatos. Ali é um construtor de equipes. Tem uma rara capacidade de explanar cada movimento, sempre amparado em análise minuciosa de fatos e opiniões. E essa qualidade facilitou muito a elaboração de sua sucessão, da qual falaremos mais adiante.

Esta é, afinal, uma parceria difícil de abrir mão. Ali sempre foi um companheiro sereno, íntegro, decisivo. Ao longo dos últimos 22 anos, coordenou a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco eleições municipais. Entre tantos projetos, como Caravana JN, JN no Ar, O Brasil que Eu Quero Para o Futuro e Brasil Em Constituição, foi dele também, em 2002, a ideia ousada de entrevistar os candidatos à presidência durante o Jornal Nacional, algo até então inédito e que hoje se tornou um evento central, aguardado e muito esclarecedor das campanhas eleitorais. Em todos os grandes eventos, nacionais e internacionais, pudemos sempre contar com a certeza de que, com ele à frente, nosso jornalismo cobriria os fatos com a qualidade que desejamos.

Mas, quem conhece bem o Ali sabe que, de todas as coberturas nesses anos todos, a que lhe demandou mais, profissional e emocionalmente, foi a da pandemia. Justamente quando o jornalismo seria mais necessário e nossas equipes mais exigidas, as condições de trabalho impostas pela realidade eram as mais duras. Sob sua liderança, os telejornais cresceram de tamanho, um programa diário dedicado à pandemia foi criado do zero em 24 horas, o espaço do noticiário disparou. Colegas adoeceram.

Em meio a tanto empenho de todas as equipes, Ali, além da minuciosa supervisão do trabalho jornalístico em si, passou a incluir duas novas tarefas em sua rotina. Diariamente, escrevia ou telefonava para os colegas doentes ou seus parentes em buscas de notícias de um a um. E, à noite, enviava a todos um relatório intitulado Nossos Colegas, com um balanço transparente dos doentes e recuperados. Muitos colegas nossos se lembram com emoção desse gesto.

Após deixar a direção-geral de Jornalismo da Globo, as atividades diárias e as funções executivas, Ali, a convite de João Roberto Marinho, assumirá a posição agora criada de Coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo. Numa conversa recente, João, que preside o Conselho com grande engajamento, resumiu assim sua decisão: 'Trabalho junto com o Ali desde o início da década de 1990, uma relação profissional de muita confiança e respeito. Ao convidá-lo para me ajudar no Conselho, minha ideia é continuar a contar com sua capacidade de reflexão e análise. Estou convencido que será muito positivo para todo o grupo'.

Para suceder ao Ali como diretor-geral de Jornalismo a partir de primeiro de janeiro de 2024, convidamos um companheiro que esteve ao lado dele nestes anos mais recentes. Ricardo Villela chegou à Globo em 2005, após dez anos de experiência no jornalismo impresso com passagens pelo Jornal do Brasil e pelas revistas Veja e Playboy. Foi editor de política, editor-executivo e editor-chefe do Jornal da Globo. Coordenou o Jornal Nacional e chefiou a Redação de São Paulo antes de assumir a direção de Jornalismo da Globo em Brasília.

Como o Ali, viveu em Brasília algumas das coberturas mais relevantes de sua vida. Ali dirigia a redação de O Globo na capital em 1992, no impeachment de Fernando Collor. Villela dirigiu a Redação da Globo em Brasília durante os turbulentos anos de 2013 a 2018. Em 2019, transferiu-se para o Rio --e, desde 2021, tem ajudado Ali de perto como diretor-executivo de Jornalismo.

Para o lugar de Villela, convidamos Miguel Athayde, diretor da GloboNews. Miguel é o que podemos chamar de prata da casa. É jornalista da Globo desde 1994. Foi produtor dos jornais locais do Rio, editor-executivo e editor-chefe do Bom Dia Brasil. Em 2012, foi convidado a assumir a direção regional de jornalismo do Rio, posição em que comandou coberturas importantes como a preparação da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Desde 2018, Miguel dirige a GloboNews, onde liderou a cobertura das eleições no ano passado e ampliou a cobertura ao vivo para 20 horas diárias.

Durante os próximos meses, Ali, Villela e Miguel trabalharão juntos na transição.

Em meu nome e da minha família, agradeço ao Ali pelos anos de dedicação e empenho que tanto nos ajudaram a escrever a história da Globo até aqui.

E desejo a ele, ao Villela e ao Miguel sucesso nas novas funções nos anos que estão por vir.

Paulo Marinho
Diretor-presidente da Globo"

Classificação Indicativa: Livre

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