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Impactadas pela pandemia, empreendedoras de ovos de chocolate se reinventam para não perder vendas na Páscoa

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Celebração ocorre em meio às restrições para conter covid-19   |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @docurasdacelle

Publicado em 04/04/2021, às 07h30   Samuel Barbosa


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Com a chegada da pandemia da Covid-19 em março do ano passado, estados e municípios não viram outras alternativas a não ser a imposição de medidas restritivas que pudessem limitar o funcionamento de estabelecimentos, e consequentemente, o número de pessoas circulando nas ruas. Naquele momento o principal objetivo das autoridades era conter a propagação do vírus e evitar óbitos. 

E como essas medidas começaram a serem anunciadas a menos de 20 dias da Páscoa, os empreendedores individuais se viram num mar de incertezas e tiveram que às pressas reorganizar sua maneira de trabalhar para não perder todo o investimento feito de olho nas vendas da época. Afinal de contas, a data, que na tradição católica celebra a Ressurreição de Jesus Cristo, tem um forte apelo comercial com relação à venda de chocolates. 

Mas pelo segundo ano consecutivo, a celebração vai acontecer em meio às restrições que afetam não só as cerimônias religiosas, como também as atividades comerciais. E para isso foi preciso se reinventar e pensar em um novo jeito de se relacionar com o consumidor. 

A cake designer Marcelle Canedo é proprietária da “Doçuras da Celle” e sabe bem do que estamos falando. Ela conta que no ano passado tomou a iniciativa de diminuir a quantidade de ovos de Páscoa produzidos porque ficou com medo da pandemia, mas que mesmo assim conseguiu comercializar seus produtos. 

Situação bem diferente ela está vivenciando este ano.  “As vendas dessa Páscoa foram muito maior, mais lucrativas do que qualquer outra, principalmente por causa do lockdown [fechamento do comércio]. As pessoas em casa preferem a comodidade de receber o ovo em casa”, disse. 

Segundo Marcelle, a maioria de seus clientes está dando preferência para os chamados ovos de colher produzidos com uma infinidade de sabores. “Além dos ovos de colher, tem os mini ovos que vieram com tudo, são kits com quatro mini ovos de 80 gramas com sabores diferentes, assim a pessoa pode comer um pouco de cada sabor”.

O segredo das vendas muitas vezes está relacionado ao que a empreendedora oferece de diferencial. “Eu pensei, tem muita gente vendendo os ovos trufados, então a minha ideia foi criar algo para aquelas pessoas que não querem o tradicional, que querem presentear alguém, então criei a tábua de doces, nela vão vários tipos de bombons caseiros, trufas, brigadeiro, brownie, vão dois fondue diferentes, frutas como morango, uva, um mini bolo, então a pessoa tem uma variedade de coisas, é um produto muito eclético, e entregamos na porta da casa da pessoa pra ela não ter o trabalho de vim buscar. Ah, tenho também ovos salgados pra quem não gosta de doce, esse com certeza foi um grande feito, tem atraído uma boa clientela”.

Cativando o cliente

Dona do “Divino Sabor – Bolos e Tortas”, a confeiteira Beatriz Oliveira tem uma vasta experiência com bolos, mas na época da Páscoa o foco está na produção de ovos de colher. Diferente de Marcelle, que registrou mais vendas este ano com relação ao ano passado, Beatriz tem observado que a saída de seus produtos diminuiu quando comparada com 2020. 

“Ano passado eu já trabalhava com ovos de colher e achei mais fácil vender, já esse ano está mais complicado e eu acho que tem relação com a questão financeira em decorrência da pandemia”. 

Além dos ovos de colher, Beatriz oferece aos seus clientes nesta época do ano bolos de pote e uma variedade de tortas. 

Como a Páscoa é um momento de carinho e afeto, a criatividade e empenho para cativar o cliente vale muito. “Eu prefiro sempre mostrar o diferencial dos nossos ovos de colher, mostro que o produto que a gente trabalha é de qualidade desde a embalagem até o sabor. Tem ovo, por exemplo, que a gente mistura três sabores, com beijinho, chocolate e morango, e tem também outro diferencial e que os clientes gostam muito, que é não só colocar o recheio puro, mas também bolo, e é o  que mais sai”.

E para quem deseja receber o produto em casa, Beatriz também tem oferecido o serviço de entrega. “A gente já entregou uma parte, mas ainda estamos abertos a pedidos neste domingo de Páscoa”.

Pior Páscoa desde 2008

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que neste segundo ano da pandemia, as vendas relacionadas à Páscoa devem registrar uma retração de 2,2%, representando a pior Páscoa desde 2008. 

Ainda de acordo com a CNC, a quantidade de chocolates importada este ano (2,9 mil toneladas), por exemplo, foi a menor desde 2013 (2,65 mil toneladas). Já a importação de bacalhau (2,26 mil toneladas) foi a mais baixa desde a Páscoa de 2009 (1,43 mil toneladas).

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