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Veja os sete pecados que resultaram no rebaixamento do Bahia

Publicado em 09/12/2014, às 09h14   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Em um ano que começou com esperança de um novo tempo, o que se viu foi uma sucessão de falhas que custaram caro ao Bahia, rebaixado no último domingo (7). 
Embates internos, contratações equivocadas, atrasos de salários e uma pífia campanha em casa. A lista de equívocos do clube em 2014 poderia ir longe.
O GloboEsporte.com listou os sete maiores erros que culminaram no quarto rebaixamento da história Tricolor, o terceiro para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.  
INEXPERIÊNCIA DA DIRETORIA 
Em setembro de 2013, a diretoria encabeçada por Fernando Schmidt tomou posse e passou a tocar o Bahia durante o Campeonato Brasileiro. Apesar de já ter passado pela presidência do clube na década de 1970, os mais de 30 anos longe do futebol pesaram para Schmidt. Soma-se a isso o fato de ter como principais conselheiros o vice Valton Pessoa e o assessor especial da presidência Sidônio Palmeira, figuras sem experiência no futebol. Mais de 25 jogadores foram contratados, além de quatro diretores de futebol, três treinadores e constantes trocas na gerência. 
A falta de experiência permitiu que o primeiro diretor de futebol da temporada, William Machado, abrisse as portas do clube para apostas que pouco tempo depois se mostraram equivocadas. Uma delas, o atacante Rhayner e o então diretor de futebol Rodrigo Pastana quase chegaram às vias de fato. O fim da gestão com o antigo diretor de negócios, Pablo Ramos, à frente do principal departamento do clube evidencia os erros da administração. 
TROCAS DE COMANDO NO FUTEBOL 
Sai William Machado entra Ocimar Bolicenho, que sai para a entrada de Rodrigo Pastana, que deixa o clube para a entrada de Pablo Ramos. A diretoria de futebol do Bahia passou por quatro mãos em 2014. William Machado alegou razões pessoais para deixar o clube ainda no começo da temporada, mas já com vários contratados. Pouco mais de um mês depois, Ocimar Bolicenho assumiu o departamento de futebol. O dirigente ficou entre abril e julho, quando mais uma vez a diretoria de futebol passou por mudanças. Pego de surpresa com a demissão, Bolicenho deu lugar a Rodrigo Pastana.
Paralela à saída de Bolicenho, o Bahia trocou pela primeira vez de treinador na temporada. Marquinhos Santos deixou o clube de forma melancólica. No fim de julho, o técnico sentou no banco de reservas da Arena Fonte Nova para comandar o Bahia na partida contra o Internacional já demitido. Um treinador interino de si mesmo demonstrou o despreparo da equipe para a possibilidade de uma troca de comando. 
Além disso, o Bahia ainda teve que esperar por Gilson Kleina, que por conta de acordos financeiros com o Palmeiras demorou a chegar. Enquanto isso, Charles virou comandante interino. Após quase um mês, Kleina assumiu o Bahia, mas caiu cerca de 90 dias depois para dar lugar a Charles Fabian. Pouco antes, Rodrigo Pastana havia deixado o clube, abrindo espaço para o quarto diretor de futebol do ano: Pablo Ramos, antigo diretor de negócios. Sob essa gestão no futebol, o Bahia retorna à Segunda Divisão, após quatro anos seguidos na elite nacional. 
CONFLITOS INTERNOS 
A primeira gestão eleita de forma direta no Bahia chegou ao poder carregada de esperança. No entanto, a união de diversas correntes também trouxe conflitos internos. Na imprensa, em alguns momentos o ex-diretor financeiro do clube, Reub Celestino, revelou desentendimentos na diretoria. 
As divergências entre o financeiro comandado por Reub, e os departamentos de futebol e negócios, representados por Sidônio Palmeira, Valton Pessoa e Pablo Ramos, travaram embates que de um modo ou outro refletiram dentro de campo. Em agosto, Diego Macedo reclamou publicamente após um treinamento. 
O jogador chegou a ser dispensado, mas o clube voltou atrás. Outro conflito aconteceu entre o atacante Rhayner e o então diretor Rodrigo Pastana. Os dois quase chegaram a trocar agressões. O atleta foi afastado, mas diferente de Diego Macedo não teve perdão, e terminou com contrato rescindido. 
Com Charles efetivado como técnico, uma nova confusão se instalou no Fazendão. Os volantes Uelliton e Leo Gago, além do meia Branquinho, passaram a treinar em separado do grupo profissional. Uelliton não gostou da medida e criticou a diretoria tricolor. 
CONTRATAÇÕES EQUIVOCADAS 
Em 2014, os diretores tricolores não deixaram de repetir os antigos erros. Foram 26 contratações. Destes reforços, sete deixaram o clube - dois deles sem  estrear com a camisa do Bahia: Jonathan Reis e Sérgio Raphael. O atacante e o zagueiro fizeram parte do primeiro pacote de contratações feito pelo Tricolor – junto com eles, foram anunciados também o volante Diego Felipe e o atacante Hugo. Os dois, no entanto, não permaneceram muito tempo no Fazendão. Menos de uma semana depois de apresentado, o GloboEsporte.com apurou que Reis, que teve uma grave lesão em 2010, voltou a sentir dores no joelho e foi dispensado. Já o zagueiro deixou o clube por deficiência técnica, mesmo depois de tentar negociar sua permanência. 
O Tricolor ainda penou por boa parte do ano sem um centroavante, já que Kieza, contratado para resolver o problema de gols do time, só chegou em julho, com a competição em andamento. Antes dele, Marcão, sem sucesso, vestiu a 9. Já a sonhada camisa 10, guardada para quando o clube alcançasse a marca de 30 mil sócios, ou para quando o argentino Romagnoli pisasse no Fazendão, ficou órfã. Ou melhor: o número emblemático vestiu o corpo de Marcos Aurélio, atacante de origem, mas que também desempenha a função de meia. 
A principal delas envolve Leandro Romagnoli. A novela começou quando o jogador, ainda no início do ano, assinou um pré-contrato com o Bahia. O sinal de alerta foi ligado quando o meia, ídolo do San Lorenzo, começou a dar sinais de que estaria arrependido do acordo. Com a obrigação de se apresentar no Fazendão no dia primeiro de julho, El Pipi decidiu permanecer no clube argentino, onde faturou o título da Libertadores. Após a conquista, apresentou-se ao Tricolor, ratificou o desejo de continuar a defender as cores do time do Papa Francisco e se comprometeu a pagar uma multa de cerca de 300 mil dólares pela quebra do acordo - o Bahia cobrava U$ 500 mil, multa que constava no contrato assinado no início do ano.
Sebá Pinto foi outro um capítulo conturbado no enredo de contratações do Bahia. O atacante chileno do Bursaspor, da Turquia, chegou a ser anunciado pelo clube, os sócios foram informados do negócio por meio de mensagem de texto, mas o chileno jamais desembarcou no Fazendão. O problema é que, quando tudo já estava acertado, o clube turco decidiu pedir R$ 400 mil para liberar o atleta. O Tricolor baiano se negou a pagar a quantia e o negócio foi desfeito.
POUCA ENTRADA DE RECEITA
Das ações traçadas pelo diretor de negócios, Pablo Ramos, apenas o aumento no número de sócios deu certo. Já a captação de recursos por um patrocinador master deixou a desejar e o clube passou boa parte da competição variando as marcas que estamparam a camisa Tricolor, com valores pagos muito abaixo do mercado. Outra ação que deixou a desejar e mal foi praticada foi a valorização da marca do clube. O único fruto foi durante a Copa do Mundo, quando os alemães Neuer e Schweinsteiger cantaram o hino do Tricolor nas ruas de Santa Cruz Cabrália, devidamente trajados com o uniforme do clube. Poré, as camisas foram cedidas pelo zagueiro Dante e por um torcedor baiano, sem qualquer esforço do clube, que acabou pegando carona no episódio.
ATRASO DE SALÁRIOS
Mesmo sem patrocínio master e fonte de receita estável, os salários e gastos com o departamento de futebol de aumentar, o que ocasionou no atraso dos pagamentos, como por exemplo, nos meses de agosto e setembro, que a dívida ficou acumulada e trouxe insatisfação dos jogadores. Com a exposição dos atrasos, a única forma para solucionar foi o adiantamento  de receitas futuras das cotas de direito de transmissão dos jogos, prática comumente adotada no passado e que era execrada pela atual gestão tricolor.
CAMPANHA FRACA COMO MANDANTE
Entre os inúmeros erros do Bahia, no Campeonato Brasileiro de 2014, a pífia campanha em casa é certamente um dos determinantes para o rebaixamento do clube. O Tricolor confirma o rebaixamento na 38ª rodada com o pior rendimento entre os mandantes: apenas 38,60% de aproveitamento nos jogos disputados em casa.  Acostumado a fazer do seu mando de campo um caldeirão, o Bahia teve nos jogos disputados em seus domínios quatro empates, nove derrotas e apenas seis vitórias. Os triunfos foram contra Botafogo, Goiás, Sport, Flamengo, Grêmio e Figueirense, este diante dos catarinenses, em Feira de Santana, no estádio Joia da Princesa. Coincidência ou não, o único triunfo como mandante fora da Fonte Nova foi também o único onde o Bahia venceu por mais de um gol de diferença e único no campeonato onde marcou mais de dois gols. Além disso, na campanha dentro de casa, o Tricolor marcou 14 gols e sofreu 17.

Nota originalmente postada dia 8

Classificação Indicativa: Livre

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