Esporte

Papai Joel

Publicado em 08/05/2013, às 15h28   Edson Almeida*


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Perguntam-me o que acho do “Papai Joel” como técnico de futebol. Carismático, filósofo de cordel, um tanto perdido no tempo. Em lugar das ferramentas novas da informática, ainda se debruça sobre fitas e cassetes, pranchetas e campos de botões para anotar posicionamentos e ensinar aos seus “filhotes”.
Sou até três anos mais velho (nasci em 45 e ele em 48), mas tive que apelar para a Internet, porque conta tudo em tempo real, tenho que mandar dois comentários diários para jornais e blogs via eletrônica (e-mails). 
Uma coisa, porém, ninguém pode lhe tirar que é o carisma de meter esquema na cabeça de jogadores. Incansavelmente repetitivo, três ou quatro volantes de marcação, defensivo, sem brilho tático e rara inovação. Mas vencedor. Ninguém lhe tira a coroa de rei de títulos no Rio (Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco), e quando esteve por aqui levantou a taça tanto no Bahia quanto no Vitória.
Mas suas frases de efeito são do anedotário popular, por isso o considero um autêntico filósofo de cordel. E para justificar meus conceitos, vou  lembrar as primeiras palavras mais marcantes do “papai” na sua volta ao Bahia, que parece expressar muito de seu perfil:
“Em 94, ninguém me conhecia, eu era apenas um na multidão, mas deixei o nome na história deste clube com aquela conquista quase impossível que o Raudinei meteu a bola pra dentro no último minuto de um Ba-Vi. Hoje estou aqui com 30 anos de rodagem. Quando uma companhia de avião quer tirar um concorde do chão, ela chama o melhor piloto. Pois é, estou aqui”. 
O avião supersônico francês Concorde, que começou a voar em 1976  encerrou suas atividades em 2003, tal a impraticabilidade de oferta e procura, diante dos preços elevados e da falta de operacionalidade em diversas grandes cidades do mundo. Mesmo histórico e opulento, defasado. 

Edson Almeida* é radialista esportivo na Itapoan FM

Classificação Indicativa: Livre

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