Esporte

O gol que o meu time não fez!

Publicado em 09/07/2013, às 16h53   Ricardo Chaves*


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Aprendi a gostar de futebol desde muito pequeno. Quando fui assistir a um jogo na antiga Fonte Nova, em companhia de meu irmão e meu tio, não foi o desempenho dos times que despertou a minha atenção. O que me marcou foi a força da torcida do time que eles gritavam. A partir daquele dia, eu me tornei mais um membro da Nação Tricolor. Mais um dos milhões de apaixonados pelo Esporte Clube Bahia, time que carinhosamente chamamos de "Baêeeeea"!
Passei a ter orgulho de fazer parte dessa Nação. Uma Nação que tem um Hino digno da força que nós temos. Na maioria das vezes, somos muito maiores do que o time pelo qual torcemos, mas até agora, a nossa paixão nunca havia sido abalada. Juntos, TORCIDA e time enfrentaram juntos momentos difíceis e souberam sair deles mais unidos. Da mesma maneira, TORCIDA e TIME estiveram juntos em conquistas de títulos que torcedores de outras equipes nunca sentirão a emoção de ganhar.
Como torcedor, é muito triste ver o nome do meu time envolvido em disputas judiciais, assim como foi muito triste ver uma grande parte da sua torcida, eu inclusive, aderir a uma campanha chamada "público zero" com a única intenção de fazer a direção enxergar que o caminho trilhado estava cada vez mais distante dos nossos anseios. Em vez de tentar se reaproximar da torcida, a opção escolhida foi insistir nos erros e esperar que em campo, o grupo montado por eles para vestir a camisa de um time com a história do Bahia, consiga ao menos manter o time na primeira divisão do campeonato brasileiro.
Não vou me referir aos jogadores nem aos membros da comissão técnica do atual grupo tricolor. Tenho a opinião de que eles não são culpados pelo péssimo futebol que o time tem apresentado em campo. Alguns deles estão fazendo o melhor que eles sabem, mesmo que esse melhor seja "aquilo" que vemos nos jogos. Outros não encontram estímulos para jogar na situação de descrédito em que e direção se encontra atualmente. A responsabilidade é toda de quem os trouxe, de quem os manteve, mesmo diante de um desempenho ridículo nos últimos campeonatos disputados. 
Todo torcedor sabe que a situação financeira do clube não é boa, mas fica muito difícil aceitar que, mesmo com essa situação, tantas contratações caras e equivocadas tenham sido feitas sem nenhuma satisfação dada. Muito pelo contrário. Nenhum reconhecimento de erro existiu. Na visão de quem as fez, todas foram corretas. A insatisfação do torcedor deixou de ser só com o time em campo, passou a ser também com a forma fechada e arrogante com que os rumos do time são decididos. Mesmo os melhores, e não é esse o caso, quando se acham donos da verdade e se fiam na arrogância, um dia caem. Que o diga  Anderson Silva.
Assim como o ex campeão do UFC encarava os oponentes, a direção do Bahia vem há tempos se esquivando dos anseios do torcedor. A Justiça hoje decidiu pelo afastamento do presidente. A decisão está sendo muito comemorada pela torcida. Como ainda cabe recurso, nos resta esperar para ver se dessa vez o presidente encontrou pela frente o seu Chris Weidman ou vai conseguir se safar de mais essa.
Independente do resultado final, espero que os que estejam no comando do Bahia, consigam reatar novamente a relação bonita entre a torcida e o seu clube. Se isso não acontecer, acho que o futuro não reserva boas coisas. Alguns bons resultados podem ajudar a mascarar, foi nisso que até hoje se fiou quem esteve comandando. Mas pensar assim é não querer enxergar a realidade. A luta da torcida não é só pelos R$ 0,20. 
Bora Baeeea Minha Porra!

*Ricardo Chaves é cantor e compositor baiano

Classificação Indicativa: Livre

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